Associação Brasileira de Brangus

View Original

6ª Jornada Latino-Americana de Brangus: A visão de quem veio de fora

Produtores da Argentina , Uruguai e Colômbia participaram da Al Brangus no Rio Grande do Sul

A 6ª Jornada Técnica Latino-Americana de Brangus contou com a participação de aproximadamente 130 pessoas, entre produtores, simpatizantes da raça Brangus e profissionais de empresas que prestam serviço ao setor agropecuário. Além dos criadores brasileiros, os dias de campo nas três cabanhas modelo foram prestigiados por integrantes das delegações vindas da Argentina, Uruguai e Colômbia. O presidente da Associação Argentina de Brangus (AAB), Victor Navajas, acompanhou a jornada técnica sem se separar em nenhum momento de sua máquina fotográfica, com qual registrou tudo ao seu redor.

Navajas destacou a importância da realização da 6ª Jornada Latino-Americana de Brangus, que, segundo ele, permite um estreitamento das relações entre as associações de classe e também possibilita um intercâmbio entre os produtores de Brangus. “A jornada tem uma importância fundamental. Com ela, conseguimos ver o trabalho de seleção que está sendo feito pelos criadores dos outros países que integram a Al Brangus”, salientou Navajas.

Ao final da gira técnica, o dirigente se mostrou impressionado com a qualidade dos animais exibidos pelas cabanhas Brangus Brasil, Brangus Juquiry, GAP Genética e JMT Agropecuária. “Os produtores brasileiros de Brangus estão fazendo um ótimo trabalho de seleção e estão no mesmo nível dos criadores argentinos”, elogiou. Navajas citou a preocupação dos pecuaristas brasileiros em produzirem animais equilibrados e de tamanho moderado. “E o principal, a seleção não é feita apenas no olho. Os criadores usam índices elaborados para realizar o manejo genético dos animais”, observou o presidente da AAB.

Na Argentina, os criadores de gado registrado da raça Brangus estão reunidos na AAB, que foi fundada em abril de 1978. Os principais objetivos da entidade são a seleção e o melhoramento genético da raça, contribuindo para melhorar tanto a excelente qualidade de suas carnes como as condições de rusticidade em sua criação. Seguindo estes objetivos, a AAB elaborou os padrões raciais realizando ensaios de engorda e medição da qualidade de reses e carnes, organizando testes de verificação de reprodutores a campo, organizando e promovendo exposições, concursos e provas de produção, jornadas de capacitação e difusão e publicando artigos técnicos e de divulgação.

A AAB é a entidade oficial encarregada do Registro Genealógico (de Serviços, de Nascimentos, de Mães e Pais) Seletivo (exigência de prévia aprovação fenotípica para a aprovação definitiva das crias), dos Registros Preparatórios e Controlado (Pure Breed) e por delegação na Sociedade Rural Argentina, os Registros Avançados e Definitivos (Full Blood). A associação conta com 600 sócios e 320 criadores ativos distribuídos em 15 províncias que anualmente inscrevem, em média, 25,2 mil reprodutores. “Nós fazemos inspeções fenópticas em 35 mil a 40 mil animais por ano para registro”, ressaltou Navajas.

A entidade apóia a realização de 46 remates e 21 exposições. Os criadores de Brangus estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste da Argentina, nas Províncias (Estados) de Córdoba, Santa Fé, Chaco, Formosa, Corrientes, Salta e Santiago del Estero. A expansão da área plantada com soja fez com que a pecuária mudasse para o Norte do país, que tem clima tropical e subtropical. No Norte, a temperatura é mais alta e maior o número de ectoparasitas, principalmente o carrapato. E os campos são mais duros.

Essas condições favorecem a criação de bovinos mais rústicos, como o Brangus, que tem mais resistência aos ectoparasitas (atributo do componente índico do Brangus) e maior tolerância ao calor. “A raça Brangus vem crescendo muito nos últimos anos e já é a segunda mais criada na Argentina, atrás apenas da Angus”, descreve o gerente da AAB, Facundo Rivolta. A estimativa da entidade é de que 20% do rebanho de 10 milhões de cabeças seja da raça sintética Brangus, de acordo com o profissional.

Expansão no Uruguai - Um grupo de criadores uruguaios também participou da jornada técnica. O presidente da Sociedade de Criadores de Brangus do Uruguai, Fernando Roriva Braga ficou impressionado com a evolução do Brangus no Brasil. “Os animais são de excelente qualidade. Os criadores brasileiros estão fazendo um ótimo trabalho de seleção”, destacou Braga.

A Sociedade de Criadores de Brangus do Uruguai conta atualmente com 53 sócios. O número de criadores ainda é pequeno, mas vem aumentando significativamente nos últimos anos, assegura o dirigente. Os produtores vendem cerca de 300 dos 8 mil reprodutores que são comercializados a cada ano no Uruguai, considerando as demais raças. “Ainda é um número modesto, mas mostra um crescimento de 100% em relação ao que era há cinco anos”, ressaltou Braga. Segundo ele, o Brangus chegou ao Uruguai há 30 anos e hoje já é a terceira raça mais criada no país, atrás das raças Angus e Hereford. “Por conta de suas características, como aptidão materna e capacidade de adaptação, a raça vem crescendo muito no Uruguai”, explicou.

A Sociedade de Criadores de Brangus do Uruguai promove, conforme o dirigente, a Expo Prado, principal feira agropecuária do país, organiza e chancela leilões de 11 cabanhas e, em novembro, realiza a Nacional de Brangus, com a apresentação de animais rústicos e de argola. E, ao contrário da Argentina, os criadores da raça não estão concentrados em uma única região. “No Uruguai, os criadores de Brangus estão espalhados por todo o país, principalmente no Sul, Leste e Centro”, explicou Braga.

O produtor Manoel Santiago também veio conhecer o trabalho dos criadores brasileiros. Proprietário da Cabanha Nuevo Rancho, no Departamento de Florida, no centro do Uruguai, ele começou a criar a raça Brangus há cerca de dez anos e conta com um plantel de 300 animais registrados.

Santiago já havia visitado a Expointer, de Esteio, no ano passado, mas desta vez ficou impressionado com o que viu nas cabanhas de Uruguaiana e São Gabriel. “Gostei muito de observar de perto o trabalho de seleção da raça Brangus no Brasil. A qualidade genética e o volume me chamaram muito a atenção”, disse o criador, que veio junto com a esposa Karen Olariaga e a filha Maria Victória, de apenas 5 meses de idade. A sorridente menina acabou sendo a “mascota” do evento.

Instalada em um confortável berço e protegida do frio por cachecóis e grossos blusões de lã, a bebê precisou ser distraída com um arsenal de brinquedos durante a viagem de mais de 600 quilômetros do Uruguai a Uruguaiana. “Mas ela já está acostumada. Nós já rodamos juntos mais de 5 mil quilômetros fazendo turismo”, brincou Santiago.

Crescimento na Colômbia - O vice-presidente da Associação Angus e Brangus da Colômbia (Asoangusbrangus), Giovany Galindo, acompanhou a jornada técnica em Santa Maria, durante a Exposição Nacional de Rústicos Brangus. Ele contou que a raça Brangus está crescendo muito na Colômbia. “O Brangus, por ser um animal que tem grande capacidade de adaptação, se dá melhor em terrenos mais íngremes”, destacou.

Nas zonas mais frias, os produtores colombianos utilizam exemplares puros da raça Angus. Nas áreas mais quentes, desde o nível do mar até os 1,2 mil metros de altitude, é possível produzir carne com exemplares Angus, em cruzamento com gado Zebu. As raças são criadas nas regiões da Antioquia, Aráuca, Boyacá, Caldas, Casanare, Cesar, Córdoba, Cundinamarca, Huila, Meta, Quindio, Risaralda, Santander, Tolima e Valle.

O produtor elogiou a realização da jornada técnica que, segundo ele, possibilita uma troca de informações entre os criadores dos países que formam a Al Brangus. “A jornada permite que se aprenda mais sobre a raça Brangus”, observou Galindo, que tem fazenda no Departamento de Magdalena Medio Antioqueño, uma zona importante de pecuária situada na Região Central da Colômbia. “Nós temos 5 mil vacas em produção e, entre outras tecnologias, usamos inseminação artificial e transferência de embriões”, afirmou o dirigente, acrescentando que a propriedade vende em torno de 100 touros por ano, além de sêmen e embriões.

A Asoangusbrangus foi criada em março de 1996 por um grupo de pecuaristas que se juntaram para promover e divulgar as característica das raças Angus e Brangus e suas cruzas. É uma entidade sem fins lucrativos que tem o objetivo de controlar a criação, seleção e melhoramento genético, assim como facilitar a propagação das raças Angus e Brangus como alternativa produtiva. A entidade busca promover a produção eficiente e o consumo de carne de qualidade fomentar o desenvolvimento e aperfeiçoamento genético e zootécnico das raças, difundir as opções e qualidade das cruzas.

Os primeiros animais da raça Angus foram importados de Escócia e chegaram ao Valle de Balsillas, em 1886. Na década de 90, os fundadores da Asoangusbrangus importaram para a Antioquia animais Angus da Argentina e dos Estados Unidos. “A partir daí, os produtores começaram a usar genética argentina e norte-americana”, salientou. A entidade promove a Exposição Nacional Angus e Brangus. A 9ª edição do evento será realizada de 13 a 23 de julho, durante a Agroexpo, em Bogotá. “Os criadores de Brangus de todo o país participam da exposição, que é a mais importante da Colômbia”, completou Galindo.

BRANGUS BRASIL

A Brangus Brasil Agropecuária começou em 1998, quando o criador Washington Umberto Cinel adquiriu 2 mil matrizes da raça Brangus e comprou sêmen de um touro ¾, chamado Warrior 21/4, 22 vacas selecionadas entre as melhores fêmeas Red Brangus norte-americanas, além de um reprodutor da renomada cabanha Sureway Stock Farm, situada no Estado do Texas (Estados Unidos). “Nós precisávamos de um touro 3/8 para cruzar com as fêmeas de primeira geração filhas de Warrior 21/4. Este touro teria que ser de linhagem consistente para transmitir aos seus filhos características marcantes que precisávamos”, explicou Cinel.

A solução foi o touro Sureway’s Mr Ideal 121E, que vinha de uma linhagem materna firme, pois era o irmão de Magnun, Bi-Grande Campeão de Houston e exportado para o México, e irmão materno de Billy, Grande Campeão de Houston em 1999. “Com Mr Ideal 121E nós construímos a base de fêmeas 3/8 de segunda geração”, explicou o criador.

Paralelo ao trabalho desenvolvido no Brasil, as 22 vacas que haviam sido selecionadas foram lavadas e coletadas em um centro de coleta e congelamento de sêmen e embriões em Navasotta, no Texas, e os embriões exportados para o Brasil. Uma destas fêmeas, Miss HS 594/4, adquirida da cabanha High Star, considerada uma das melhores mães do Red Brangus norte-americano, pariu o primeiro produto da Brangus Brasil nos EUA. O animal foi batizado de Mr Brazil 5944/J. O tourinho era filho de Top Line, considerado o melhor filho de Sensation. Quando ele completou dois anos, foi trazido para o Brasil e usado nas fêmeas filhas de Mr Ideal x Warrior.

Este touro completou o standart da base do projeto da Brangus Brasil, produzindo animais precoces, largos, profundos, couro solto e com muito boa pigmentação. Nas avaliações objetivas ele produziu animais com AOL (Àrea de Olho de Lombo) destacadas e com marmoreio na picanha. Em um projeto de produção de vitelos para exportação em Barretos (SP), os produtos destes cruzamentos, filhos de Mr Ideal em mães Mr Ideal x Warrior, avaliados em mais de 5 mil terneiros, foram apontados as melhores carcaças de vitelo.

A partir de 2005, com a orientação de não americanizar tanto o gado, a Brangus Brasil buscou linhagens de sangue na Argentina e Paraguai. Para tanto, adquiriu sêmen e touros de cabanhas como San Alejo, Tres Cruces e El Rocio. No Paraguai, comprou, em parceria com o criador João Francisco Tellechea, o Campeão Nacional paraguaio, Iro 48 “Esperado”. Em 2014, adquiriu 50% do Grande Campeão da Expointer, Juquiry Red Wine 6070, da Cabanha Brangus Juquiry, de Ricardo Bastos Tellechea.

Hoje, além de Red Wine 6070, a cabanha de Uruguaiana usa como pais touros produzidos em seu próprio projeto, sempre escolhendo os machos que sejam preponderantes para transmitir aos seus filhos as características que estão sendo buscadas. Entre os reprodutores produzidos na própria fazenda e usados no plantel o destaque é BBr M62, filho de de Don Ciríaco x Mr Ideal x Warrior.

O touro foi o destaque da geração nascida em 2011 e vem sendo utilizado massivamente nos plantéis. “Ele foi o pai nacional com mais filhos destacados no programa Touros Jovens do Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo) de 201”, destacou José Ivelto Castagna, conhecido como Didi, que administra a propriedade. A Brangus Brasil produz anualmente cerca de 200 touros que são comercializados, em média, por R$ 10 mil. “Vendemos os nossos reprodutores para todo o Brasil, principalmente para os Estados do Tocantins, São Paulo, Mato Grosso e Pará”, enumera o profissional, que é suplente do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Brangus (ABB). A fazenda ainda conserva um plantel de vacas ¾ Brahman x Angus, com o qual produz animais 3/8 de primeira geração, com o objetivo de buscar novas linhagens de sangue.

BRANGUS JUQUIRY
O início da Cabanha Brangus Juquiry, de Uruguaiana, confunde-se com o começo da raça Brangus no Brasil. A família Tellechea iniciou, juntamente coma Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Bagé (RS), os primeiros cruzamentos na década de 1970. Em 1984, foi formada a Agropecuária Tellechea, oriunda da divisão da Cabanha Paineiras. Assessorado pelo filho, o médico veterinário Sérgio Bastos Tellechea, João Francisco Tellechea Filho assumiu parte deste plantel e deu sequência ao trabalho de seleção.

Durante este período foram conquistados vários campeonatos nas mais destacadas exposições do Brasil, como Esteio (RS), Londrina (PR), Campo Grande e Dourados (MS), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Salvador (BA), Bauru e Presidente Prudente (SP), entre outros, sempre apresentando animais destacados e que se adaptassem aos diversos sistemas de produção.

Em 2009, o plantel Brangus passou a denominar-se Brangus Juquiry e o pecuarista Ricardo Bastos Tellechea, o Ringo, assumiu o renomado grupo de animais. O criador busca selecionar os exemplares de fácil adaptação, características raciais expressivas, conformação carniceira e férteis, dinâmica empreendida desde o início da seleção.

Atualmente, a Brangus Juquiry conta com um plantel de 700 vacas Brangus registradas. O criatório, situado na localidade de Carumbé, a 45 quilômetros de Uruguaiana, promove, em conjunto com outros criadores, o Remate Tellechea Associados. O leilão, que ocorre em meados do mês de outubro, em Uruguaiana, oportuniza a todos os clientes, a oferta de excelentes e comprovados produtos.

A cabanha tem na inseminação artificial (IA) uma importante ferramenta para o melhoramento genético dos bovinos de seu premiado plantel, que ganhou, nos últimos anos, importantes títulos. Entre outros, a Brangus Juquiry conquistou o troféu de Grande Campeão Nacional na ExpoLondrina de 2009 com Juquiry Rincão, e de Grande Campeã Nacional na ExpoLondrina de 2014 e Bi-Grande Campeã na Expointer em 2013/2014, com a fêmea Juquiry TE 7089 GLD Garantida. A fêmea Juquiry TE 607- Sensation ainda levou o Grande Campeonato na Expointer 2014, enquanto Juquriry Black TE8071 GLD 6339 foi escolhida Grande Campeã da Expoutono de Uruguaiana em 2016.

O criatório está sempre procurando se adequar ao mercado e mantém quatro reprodutores nas principais centrais de inseminação do país. O touro Líder está na Sexing, enquanto Oscar e Minister fazem parte do plantel da ABS Pecplan. O touro Ultra Black está na Semex. “Estamos sempre procurando a renovação de sangue com novas linhagens”, disse o médico veterinário João Carlos Weiss Pinheiro, o “Toco”, que, desde 2009, é responsável pelo plantel da Brangus Juquiry. “Também estamos entrando forte na FIV e TE para poder multiplicar a melhor genética”, adiantou o consultor.

A cabanha uruguaianense é bastante procurada por produtores interessados em adquirir reprodutores da raça sintética. A cada ano são vendidos, em média, 120 reprodutores. “Vendemos para todo o Brasil, mas os maiores mercados são o Rio Grande do Sul e o Brasil Central”, afirmou. “Mas o mercado da região Norte está crescendo muito nos últimos anos”, acrescentou o médico veterinário.

GAP GENÉTICA
A GAP Genética representa, no cenário da pecuária nacional, um modelo em seleção e comercialização de reprodutores de raça. Uma trajetória iniciada por volta de 1906, quando João Vieira de Macedo, tradicional criador e invernista na fronteira do Brasil com o Uruguai, adquiriu terras na região de Uruguaiana, formando a Estância Azul, que, mais tarde, viria a ser conhecida como Cabanha Azul. Macedo foi o responsável pela importação de animais de origem britânica, buscando qualificar as características genéticas de carcaça e precocidade do rebanho da propriedade, cuja seleção era feita, fundamentalmente, baseada no olho e na experiência dos técnicos.

No início, um dos destaques da cabanha era o rebanho ovino, principalmente a raça Merino Australiano, que chegou a constituir-se no maior e melhor plantel do país, produzindo toneladas de lã com padrão inigualável. Mais tarde, entre as décadas de 50 e 70, o trabalho foi intensificado por seu filho Lauro Macedo, que projetou o nome da Cabanha Azul como o mais importante criatório gaúcho, conquistando inúmeras premiações em exposições das raças Angus, Hereford e Devon, o que acabou atraindo investidores que procuravam a cabanha para adquirir reprodutores bovinos e ovinos. Então, para centralizar as vendas, criaram-se os leilões, iniciativa pioneira logo difundida por todo o país.

Em 1993, após a partilha dos ativos agropecuários da Cabanha Azul, surge a GAP Genética, sediada em Uruguaiana e dirigida pelo selecionador Eduardo Macedo Linhares. Com a abertura de novos mercados, a empresa foi incorporando outros estabelecimentos, estrategicamente distribuídos nas principais regiões de grande avanço da pecuária de corte brasileira, sendo hoje referência nacional na criação das raças Angus, Brangus, Hereford, Braford e cavalos Crioulos.

Com um rebanho de 7,2 mil ventres, registrados e controlados por meio do Sistema de Avaliação do Programa Natura, dos quais 4,2 mil são ventres Brangus, que formam o maior plantel registrado da raça no mundo, conforme o gerente comercial da GAP, João Paulo Schneider da Silva, o Kaju. A maioria das fêmeas Brangus - 3,5 mil - é mantida na Fazenda São Pedro, e as outras 700 matrizes são criadas e recriadas em pasto de braquiária e Mombaça na Fazenda Sereno, em Jaciara (MT). A maior parte dos touros aprovados para uso e venda - 300 exemplares - estão em Uruguaiana, enquanto em Jaciara são mantidos 50 reprodutores.

A GAP Genética ainda conta com 1,5 mil ventres Angus e outros 1,3 mil das raças Hereford e Braford, que geram, anualmente, em torno de 6 mil produtos. Os animais são criados em pastagens nativas, mas em torno de 30% da área é formada com azevém, para uso durante o rigoroso inverno gaúcho.

O gado, no entanto, não corre o risco de ficar sem alimento. A GAP tem sua própria fábrica de ração na Fazenda São Pedro, que tem 10 mil hectares, sendo que 2,8 mil hectares produzem arroz, que é comercializado em casca. “A agricultura responde por ¼ do faturamento da GAP e é igual ao faturamento da pecuária”, salientou o diretor comercial.

O diferencial genético e os resultados do uso de seus reprodutores, faz da empresa uma fornecedora de genética provada a diversas centrais de inseminação artificial. Além disso, a empresa mantém parcerias comerciais e técnicas com criadores, empresas agropecuárias, instituições de ensino e pesquisa e também com frigoríficos, para fornecimento de carne nobre por meio do abate de novilhos jovens.

Pioneirismo - O pioneirismo da GAP está explícito na difusão de eventos comerciais da raça Brangus em mercados como Dourados, Campo Grande e Três Lagoas (MS), Rondonópolis e Cuiabá (MT), Araçatuba (SP), Londrina (PR), Goiânia (GO) e Salvador (BA). A introdução e o desenvolvimento de julgamentos objetivos, onde o animal é reconhecido não apenas por seu fenótipo, mas essencialmente pelo seu desempenho, foi outra inovação apresentada durante seu trabalho de divulgação do Brangus. “Buscamos animais equilibrados, produtivos e funcionais”, diz Kaju.

O plantel da GAP é avaliado pelos programas Natura e Promebo, com Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP) para os 20% melhores animais nascidos a cada safra. O princípio do trabalho de seleção é a aposta em animais jovens. Dos 2,5 mil terneiros nascidos anualmente são eliminados 50% no desmame. Dos 1,5 mil restantes, outro corte acontece no sobreano, restando somente os 750 melhores de cada geração. Os 60 superiores são utilizados como ‘touros de cria’ ou como doadores de sêmen. Outros 400 reprodutores são comercializados no leilão anual e 290 em vendas diretas na fazenda.

A GAP tem direcionado a seleção para produzir animais de pelagem preta, atendendo a uma tendência de mercado no Brasil Central. “A preferência hoje é por animais de pelagem preta, mas isso muda a cada ano”, disse a médica veterinária Ângela Linhares da Silva. “Tanto no Angus como no Brangus, a pelagem vermelha estava perdendo mercado e, em cima disso, acabamos fazendo o nosso direcionamento”, completou Kaju.

O trabalho de seleção da GAP Genética é reconhecido nas pistas de julgamento de todo o Brasil. Durante a ExpoLondrina 2016, a GAP Genética conquistou o título de Grande Campeão com o touro M731, e Reservada de Grande Campeã com a fêmea M1900.

JMT AGROPECUÁRIA
A JMT iniciou na atividade agropecuária em 1988, quando o empresário José Moacyr Teixeira, aos 73 anos, passou a administração das empresas de seu grupo aos filhos e começou em uma área pela qual nutria uma paixão antiga, desde sua juventude. Ele adquiriu a Estância Velha, em São Gabriel (RS).

A princípio, ele pensava realizar a terminação de novilhos. Porém, por uma questão de mercado, no início da década de 90 tomou a decisão de investir em uma raça de futuro, que tivesse aceitação não somente no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil. Ele optou pela raça Brangus. “Ele iria engordar bois, mas foi buscar genética de alta qualidade. Empreendedor sempre vai atrás do que é mais complexo, do que é mais difícil de realizar”, lembrou o presidente do Grupo JMT, Pedro Antônio Teixeira.

A partir deste momento, José Moacyr foi incansável na procura de genética de ponta, investindo pesadamente em sêmen, ventres e reprodutores nacionais, principalmente da Argentina, de onde foram feitas várias importações do que havia de melhor naquele país, sempre buscando assessoria dos melhores geneticistas da raça. Tres Cruces, San Alejo e Las Lilas foram algumas das cabanhas argentinas das quais o empreendedor importou diversos animais e sêmen.

Não satisfeito, como é característico de seu dinamismo, ele partiu em busca de novas linhagens na raça, que lhe permitisse aumentar a heterose de seu rebanho. Foi então, que começou a introdução de sangues americanos, como por exemplo, a parceria feita com a Camp Cooley Ranch, do Estado do Texas (Estados Unidos), de onde vieram remessas de sêmen e embriões. Uma negociação importante para o aperfeiçoamento da genética do criatório, que aliou a genética americana à argentina, já consolidada na cabanha, resultando em consistência racial ao rebanho.

Em 2010, os herdeiros estabeleceram uma franquia exclusiva no Brasil com a Cabanha Cow Creek Ranch, do Estado do Alabama, nos EUA, considerado o maior criatório americano de Brangus. A parceria permitiu a importação de sêmen e embriões para seleção de animais nascidos no seu sistema de produção. Em 25 anos de seleção genética, o foco do grupo foi produzir animais com dados de performance e desempenho comprovados a pasto.

A JMT trabalha com pecuária e agricultura. Na pecuária, o objetivo é produzir reprodutores melhoradores - machos e fêmeas - para venda de animais vivos, de sêmen e pacote genético de melhoramento animal (embriões FIV IVB-transfer e TE), além de animais para recria e abate. A propriedade, de 2.190 hectares, reserva 900 hectares para cultivo de grãos (milho, soja e sorgo) e sementes (aveia, azevém, nabo e soja). No, verão em torno de 80% é destinado para agricultura e 20% pastagens anuais (sorgo e milheto). No inverno, cerca de 80% é destinado a pastagens anuais (aveia e azevém), e 20% para a produção de grãos e sementes de forrageiras.

A propriedade conta com 12 pivôs que irrigam 710 hectares. A construção dos pivôs exigiu um esforço maior da mão de obra e os administradores foram forçados a reduzir a lotação dos campos, que caiu de 1 mil para 650 animais registrados. “Sempre trabalhamos com 800, 1 mil animais. Em breve, serão 700 e o projeto é voltar a 1 mil exemplares”, adiantou o engenheiro agrônomo Fernando Barros Waihrich.

Anualmente são vendidos 350 reprodutores, sendo 150 machos e 200 fêmeas. Mais de 50% da área da fazenda é formada por campo nativo. É nele que é feita a gestação, enquanto a pré e pós-parição ocorre 45-60 dias em pastagens de inverno. A cria é feita em campos nativos enquanto a recria em campos nativos/aveia-azevém. Já o sobreano, é realizado em campos nativos/pastagem perene ou anual. A suplementação é eventual e depende de cada categoria.

O diretor de Relações Internacionais da Associação Brasileira de Brangus destacou que a vaca produzida pela JMT deve parir um terneiro a cada 365 dias e deve ser um animal de fácil manutenção, tamanho moderado, ter partos normais e sem ajuda e mostrar alta habilidade materna. Ela também deve produzir um terneiro que, ao desmame, pese em torno de 50% de seu peso vivo. O terneiro deve ser fértil e ter precocidade sexual e de terminação. “A vaca ainda deve produzir um terneiro com boa curva de crescimento e que se termine pesado e com boa qualidade de carcaça”, afirmou Fernando.

O manejo genético é feito com base no Índice JMT, um critério objetivo de dados criados pela agropecuária em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os dois índices mais importantes analisados são Crescimento (uma média entre Nascimento - Desmama e Desmama - Sobreano) e Carcaça (com medição por ultra-sonografia de AOL e gordura subcutânea. “São índices formados a partir de medições de performance de um grupo contemporâneo de animais manejados com as mesmas condições), explicou. O engenheiro agrônomo ainda acrescentou que são ferramentas de comparação intra-rebanho. “Ou seja, não servem para comparar tais animais com outros indivíduos que não façam parte do mesmo grupo.”

Os resultados do trabalho apareceram e a genética da JMT começou a despontar nas pistas de julgamento. Em 1998, a propriedade conquistou o prêmio de Grande Campeã na Expointer com a vaca JMT Bonita A 34. Em 2003, Grande Campeão na Expointer com o touro JMT Pachá 3423. Ganho o troféu de Campeão Nacional em 2010 com o touro Don Manno, e Campeã na Expointer do mesmo ano com Katita. O reprodutor JMT Netto 9011Y9 TE foi escolhido Grande Campeão Nacional durante a Exposição Nacional da Raça Brangus, na ExpoLondrina 2013, e em 2015, o touro JMT Zarco 9861, foi Grande Campeão na Expointer. Em 2016, a JMT conquistou o prêmio de Grande Campeã na Expointer com JMT Nanda 9898.

Fonte: Gustavo Paes