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Abate não fiscalizado de bovinos é estimado pelo Cepea/USP em menos de 10%

O número de bovinos abatidos sem nenhum registro de fiscalização sanitária - municipal, estadual ou federal - é menor do que muitos poderiam estimar. Levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, indicam que menos de 10% dos abates estiveram nesta condição em 2012. Segundo os autores da pesquisa, os resultados obtidos, bem menores que os encontrados na literatura referentes a décadas passadas, evidenciam as mudanças positivas que a pecuária nacional, como um todo, vem implementando. Segundo os pesquisadores, podem ser citados o fortalecimento do aparato legal sanitário, com foco em qualidade de processo, o salto tecnológico e gerencial das indústrias e a internacionalização do setor de carne brasileiro.
Além de analisar o abate que não teve acompanhamento do serviço de inspeção federal, nem do estadual nem do municipal pela via da oferta (de animais para abate), os pesquisadores o estimaram, de forma inédita, também pela perspectiva da demanda (por carne). A aplicação dessas duas metodologias funciona como uma contra checagem dos resultados que, ao final da pesquisa, mostraram-se bastante semelhantes.
Do lado da oferta, o volume não fiscalizado correspondeu de 7,4% a 8,9% do total abatido em 2012 nos estados da pesquisa. O resultado na forma de intervalo decorre de problemas no ajustamento dos valores oficiais de abate, já que alguns estados forneceram dados incompletos. Pela abordagem da demanda - é menor o grau de detalhamento dos dados -, o abate não fiscalizado foi estimado em 7,6% do total de animais abatidos para atender à demanda por carne no País.
Em linhas gerais, para chegar aos resultados, a equipe do Cepea estimou a oferta de animais para abate e também a quantidade de animais necessária para atender a demanda nacional por carne bovina, tudo referente ao ano 2012. Esses volumes foram, então, comparados ao abate oficial (com fiscalização sanitária). A diferença é o "não fiscalizado", expressão adotada pelos autores em detrimento de "abate clandestino", que pode render interpretações não cobertas por esta pesquisa - como a fiscalização tributária/fiscal dos abates.
Pelo lado da oferta, o estudo abrangeu os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Pará, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e também o Distrito Federal. Para alguns estados, porém, as estimativas são parciais e devem ser aprimoradas conforme se obtenham dados mais detalhados. Para outros, não foram obtidas informações consistentes. Por essas dificuldades, os autores da pesquisa ressaltam que os resultados da estimativa do abate não fiscalizado pela via da oferta de animais dizem respeito a 84% do rebanho e a 85% do total abatido em 2012, segundo estimativas do IBGE.

 Fonte: CEPEA/CARNE BOVINA