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Acordo de livre-comércio poderá dificultar exportações de carne bovina do Brasil para mercado Chinês

China e Austrália anunciaram nesta segunda (17) um acordo de livre-comércio que poderá dificultar as exportações de carne bovina do Brasil para o mercado chinês. O acordo, que consumiu dez anos de negociação, derruba tarifas sobre produtos australianos na China e beneficia, sobretudo, o setor de carne bovina, vinho e derivados de leite.
Os chineses, por sua vez, terão menos barreiras para investir na Austrália. Uma declaração de intenções foi assinada em Canberra na visita do líder chinês, Xi Jinping, e o acordo final será selado em 2015. Ele prevê que 95% das exportações australianas à China tenham tarifa zero em cinco anos (produtos chineses na Austrália também terão cortes de tarifas).
Autoridades australianas classificaram de "histórico" o acordo --o terceiro do tipo assinado neste ano por Canberra, depois de um com a Japão e outro com a Coreia--, estimando que ele possa acrescentar US$ 20 bilhões ao comércio bilateral. Em 2013, as trocas entre os dois países somaram US$ 150 bilhões.
O acordo ocorre num momento em que o mercado chinês está prestes a ser reaberto para a carne bovina brasileira, após dois anos de embargo por causa de um caso atípico do mal da vaca loca.Um novo protocolo sanitário foi finalizado no sábado, dia 15, e o Brasil deve recomeçar as exportações para a China em janeiro, afirmou à Folha o ministro da Agricultura, Neri Geller.
Ele disse não estar preocupado com o acordo entre China e Austrália porque confia na capacidade de fornecimento do setor de carne bovina do Brasil. No ano passado, a Austrália respondeu por 52% da carne bovina importada pela China, ou US$ 1,3 bilhão. O acordo coloca o produto australiano em vantagem para continuar dominando o mercado.
Segundo estimativa do serviço de notícias australiano "Beef Central", especializado no mercado de carne vermelha, o acordo tem o potencial de aumentar as exportações do país para a China em US$ 270 milhões ao ano.
APROFUNDAR RELAÇÃO
Para a Austrália, ademais, foi uma forma de mostrar que pode aprofundar a relação econômica com seu principal parceiro comercial enquanto mantém a aliança política e de defesa com os EUA. Em discurso no Parlamento australiano, Xi Jinping procurou afastar os temores de que a ascensão da China é uma ameaça para a região. "Nem turbulência nem guerra servem os interesses do povo chinês", disse Xi.

Fonte: Folha São Paulo