Acordo vai garantir Carne Pantaneira Orgânica na Italia
A Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO Pantanal Orgânico), em parceria com o WWF-Brasil e Movimento Slow Food, realizam na próxima segunda (23) em Campo Grande (MS), um jantar para celebrar o acordo firmado com parceiros italianos que viabilizará a exportação da carne orgânica produzida no Pantanal para aquele mercado.
Na ocasião, será oferecido um jantar preparado pela renomada chef de cozinha Dedê Cesco, especializada em pratos regionais. O evento tem apoio do Sebrae, Embrapa Pantanal, frigorífico JBS Friboi, Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), Superintendência Federal de Agricultura, Sindicato Rural de Campo Grande e Real H – Nutrição e Saúde Animal.
Participam o governador André Puccinelli, a secretária estadual de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo (Seprotur), Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, o superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, parceiros comerciais italianos, empresários do setor produtivo e varejista, representantes do poder público, produtores rurais de Mato Grosso do Sul e representantes do terceiro setor. No dia seguinte, a comitiva italiana segue para o Pantanal onde visitará fazendas associadas à ABPO e conhecerá a criação do boi orgânico.
“Esse evento será o coroamento de uma parceria comercial que se concretizou com o apoio do WWF e Slow Food. E isso é resultado de um conjunto de atividades voltadas para a divulgação da economia de Mato Grosso do Sul, apoiado pelo governo estadual”, explica o presidente da ABPO, Leonardo Leite de Barros.
Para a secretária, "é um momento ímpar, a concretização de um sonho que começou quando o Estado retomou sua condição sanitária", lembra ela explicando que foi através do governo do Estado que houve a aproximação entre os investidores italianos e os produtores sul-mato-grossenses. "Iniciamos agora um novo momento. Fase de buscar um volume maior de parceiros para viabilizar num futuro próximo a certificação da carne de Mato Grosso do Sul para atendermos em parceria com a ABPO os países europeus, em especial a Itália", argumenta Tereza Cristina se referindo ao esforço do empresário Leonardo de Barros frente ao projeto.
“A criação de gado orgânico no Pantanal é um exemplo claro de que pensando e ajustando onde e como produzir muitas atividades podem se tornar mais sustentáveis, gerando empregos e renda e ajudando na manutenção da biodiversidade e dos serviços ambientais, algo imprescindível para a longevidade da própria produção”, ressaltou Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, do WWF-Brasil.
Em março deste ano, a ABPO realizou uma apresentação da carne orgânica do Pantanal a um público especializado dos setores de alimentos e varejo na cidade de Mosciano Sant'Angelo, na região de Abruzzo, na Itália. O evento contou com a presença de autoridades locais, representantes do WWF-Itália, WWF-Brasil e Slow Food.
Antes, em fevereiro, representantes da ABPO e do WWF-Brasil estiveram na feira mundial de orgânicos de Nuremberg (Alemanha), onde expuseram o modelo de produção orgânica e destacaram a convivência da atividade econômica com o meio ambiente e cultura pantaneira.
ABPO Pantanal Orgânico
A Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO Pantanal Orgânico) foi criada em 2001 por pecuaristas da região do Pantanal que identificaram a Pecuária Orgânica Certificada como uma atividade econômica promissora do ponto de vista econômico, ambiental e social. Essa alternativa produtiva agrega valor à carne do Pantanal através da melhoria da rentabilidade do negócio pecuário, associado a baixos impactos socioambientais, garantindo a manutenção do meio ambiente, da biodiversidade, a preservação e sustentação da cultura do homem pantaneiro e de sua família.
A associação envolve 18 fazendas de pecuária nas regiões da Nhecolândia e Nabileque no Pantanal sul-mato-grossense, e algumas unidades de engorda no planalto, totalizando cerca de 90 mil hectares, e com um rebanho de aproximadamente 55 mil cabeças de gado.
Atualmente, a entidade está buscando novos associados de outros segmentos, como pequenos produtores e assentados do município de Rio Negro (MS) que produzem maracujá orgânico, com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva e fomentar a produção de orgânicos no Estado.
Programa Cerrado-Pantanal/WWF-Brasil
Durante muitos anos, a Rede WWF apoiou projetos isolados de conservação no Pantanal. Todavia, em 1998, o WWF-Brasil iniciou um programa com uma visão de longo prazo para conservação do bioma. O objetivo do programa Cerrado-Pantanal é promover a conservação da biodiversidade por meio da criação e implantação de unidades de conservação, preservação de espécies, incentivo a atividades econômicas de baixo impacto ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável.
Para tanto, apóia a criação e implementação de áreas protegidas, projetos de conservação de espécies, a capacitação para geração de renda e boas práticas ambientais, bem como a definição de políticas públicas para a conservação, estimula a boas práticas ambientais na pecuária, fomenta a ampliação do conhecimento científico sobre o bioma, promove treinamentos em educação ambiental para professores, incentiva a participação da sociedade nos debates ambientais e se articula com instituições da Bolívia e do Paraguai para estudos e conservação do bioma.
Slow Food
O Slow Food é uma associação internacional sem fins lucrativos fundada em 1989 como resposta aos efeitos padronizantes do fast food; ao ritmo frenético da vida atual; ao desaparecimento das tradições culinárias regionais; ao decrescente interesse das pessoas na sua alimentação, na procedência e sabor dos alimentos e em como nossa escolha alimentar pode afetar o mundo.
Através dos seus conhecimentos gastronômicos relacionados com a política, a agricultura e o ambiente, o Slow Food tornou-se uma voz ativa na agricultura e na ecologia. O Slow Food conjuga o prazer e a alimentação com consciência e responsabilidade. As atividades da associação visam defender a biodiversidade na cadeia de distribuição alimentar, difundir a educação do gosto, e aproximar os produtores de consumidores de alimentos especiais através de eventos e iniciativas.
Fonte: www.mnp.org.br