Alianças Mercadológicas vão criar cooperativa
Representantes de cinco alianças mercadológicas e três cooperativas de produtores de carne bovina começaram a formatar um estatuto do que poderá se consolidar em uma central de cooperativas de produtores de carne bovina de qualidade. A iniciativa foi um dos resultados do 3º Encontro de Alianças Mercadológicas realizado nesta quinta-feira (12/04) pela manhã no Auditório Antonio Fernandes Sobrinho, evento que integra a programação técnica da ExpoLondrina 2007.
Segundo o pecuarista e integrante da aliança mercadológica Carnes Nobres, de Guarapuava, Edio Sander, atualmente as entidades que reúnem os produtores trabalham isoladamente. “Com a consolidação de uma cooperativa central que reúna todos teremos condições de expandir nossos mercados no exterior, além de que, como cooperativa, teremos vantagens tributárias e mais facilidade de obtenção de créditos”, comenta.
Sander observa que as alianças já têm um mercado doméstico garantido, mas isoladamente não têm força nem credibilidade para conquistar compradores no mercado externo. “Hoje não temos condições, individualmente, de produzir um volume de carne que atenda a constância e volume exigidos por esses mercados de fora”, comenta.
Segundo o coordenador do Programa Carnes Nobres do Paraná, o zootecnista da Emater, Luiz Fernando Brondani, as alianças mercadológicas e cooperativas do Estado reúnem 143 pecuaristas que abatem atualmente cerca de 34 mil cabeças de gado. “Mas esse grupo tem potencial para expandir já a produção para 61 mil cabeças/ano”, afirma. Ele observa que esses pecuaristas se especializaram na produção de novilhos precoces. “Não são produtores de boi, mas de carne de qualidade”, diz.
O zootecnista da Emater afirma que a união das alianças em uma central cooperativa acontece em um momento bastante oportuno. É que o mercado da União Européia sinaliza um aquecimento da demanda por carnes especiais de bovinos. “Os pecuaristas europeus sofreram cortes nos subsídios, que antes era por animais e agora passou a ser por propriedade, o que representa redução de 13%. Outro fator é a redução do plantel leiteiro que com os descartes abastecia o mercado de carne. Tudo isso indica que o mercado da UE terá um déficit de carne de 750 mil toneladas até 2013”, comenta.
O veterinário Luigi Carrer Filho, membro do Conselho Técnico da Sociedade Rural do Paraná, observa que só por meio das alianças mercadológicas é que os pecuaristas conseguirão se mobilizar para atender às exigências de manejo que garantem a padronização e homogeneização do rebanho que o mercado externo busca. Outra exigência é a rastreabilidade do rebanho. “A discussão sobre a importância da padronização é importante por que os produtores precisam atender aos mercados externos mais exigentes e assim conseguir melhores preços. Não são criadores de bois apenas, precisam ser produtores de carne com qualidade”, comenta Carrer Filho.
O Paraná tem hoje oito Alianças Mercadológicas que já atendem ao mercado externo. Mas o volume de carne produzido ainda é insuficiente para ampliar essa participação no mercado externo. Carrer Filho afirma que para isso é preciso ampliar a participação de pecuaristas comprometidos em atender às exigências dos mercados externos. O veterinário observa que para integrar uma aliança mercadológica, os pecuaristas precisam, além de todas as exigências no que diz respeito ao manejo do rebanho, certificar a propriedade. “É como uma espécie de ISO 9000 para certificar que a produção da carne é feita respeitando-se o meio ambiente e não explorando a mão-de-obra infantil, entre outras exigências”, comenta Carrer Filho.
Informações: 43 3378-2035 – 3378-2038.
Fonte: Portal Cultivar Bovinos