Aprovação com restrições é vista como "horroroso fim" pela BRF
Os antigos diziam que um fim horroroso é melhor do que um horror sem fim. Foi com esta frase que Luiz Fernando Furlan, neto do fundador da Sadia, Attilio Fontana, e copresidente do conselho de administração da BRF Brasil Foods respondeu ao pedido de entrevista do Brasil Econômico. Embora tenha optado por não comentar sobre o julgamento que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) promove hoje, seu comentário acrescido aos rumores de mercado demonstram que o veredicto será muito mais doloroso para a BRF do que a nova companhia imaginava quando anunciou a fusão, em maio de 2009. Se a Perdigão for efetivamente mandada para a geladeira pelos conselheiros do órgão, que ainda devem vetar a criação de uma segunda marca e exigir a venda de um pacote de ativos, a BRF pós-Cade surge no momento em que o negócio estava engrenando. No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido da companhia atingiu R$ 383 milhões, seis vezes mais que o conquistado no mesmo período do ano passado. É bem verdade que este salto foi conquistado graças ao estoque de GRÃOS feito antes da alta das commodities. Contudo, a expectativa dos analistas é que o desempenho do segundo trimestre da BRF (a ser divulgado provavelmente em agosto) tenha sido positivo. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, revelam que de janeiro a junho deste ano, as exportações brasileiras de carne de frango aumentaram 29% em valor e 6% em volume, resultando em um repasse de 22% no preço. Levando-se em consideração que a BRF foi a terceira maior exportadora brasileira em 2010, os números da Secex refletem as vendas da companhia para o exterior. "No segundo trimestre, a gente acredita que a margem da BRF seja um pouco pior que a do primeiro trimestre, uma vez que após a antecipação na compra de GRÃOS eles tiveram que voltar a comprar em uma fase de preço superior. Mesmo assim, o resultado tende a ser bom", afirma Cauê Pinheiro, analista de investimentos da corretora SLW.Por outro lado, vale lembrar, os pouco mais de dois anos à espera de um julgamento levaram a BRF a adiar grandes projetos como a construção de uma fábrica no Oriente Médio, seu maior mercado no exterior, As exportações representam por volta de 40% da receita da BRF. A decisão do Cade deve sinalizar mudanças não só na BRF, mas também em grande parte do mercado brasileiro de aves, suínos e pratos congelados. A expectativa de que o órgão mande a BRF se desfazer de diversos ativos já está mexendo com a ambição de várias companhias. Se a Batavo tiver que ser liquidada, sabe-se que a Danone e a Nestlé têm interesse em fazer uma proposta de compra. No caso de aves e suínos, a JBS, gigante da carne bovina, poderá partir para a briga e disputar ativos com a americana Tyson, que informou seu interesse ao Cade há cerca de um mês. A cooperativa Aurora, terceira marca de aves do país e dona de uma receita de R$ 3,1 bilhões em2010, parece ser a maior prejudicada com a criação da BRF, mesmo no caso de a aprovação sair com restrições. "Esperamos que a lei seja cumprida senão vira um cartel", diz Mário Lanznaster, presidente da Aurora. Mesmo com a obrigatoriedade de venda de ativos, a cooperativa dificilmente terá caixa ou produtores nas regiões onde as fábricas serão liquidadas.Bons resultados - R$ 383 mi foi o lucro da BR Foods no primeiro trimestre Mercado Externo - 40% do faturamento da empresa tem origem nas exportações, cujo principal destino é o Oriente Médio
Fonte: www.mnp.org.br