O ano de 2010 começou com uma boa notícia para os exportadores nacionais, pois o câmbio, que tinha se estabilizado na casa dos R$ 1,70 no final do ano passado, está se recuperando lentamente com a retirada da moeda estrangeira do país. A alta registrada entre a cotação média de dezembro e o fechamento da última semana ficou em R$0,08, informa o informa o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), em seu boletim semanal.

Para o setor de carnes esta recuperação tem uma importância considerável, uma vez que o cenário internacional se encontra estabilizado a níveis baixos de consumo. Para os produtores, esta melhora no câmbio, além de amenizar as perdas que estão sendo geradas pela queda nos preços e pela demanda enfraquecida em alguns dos principais destinos da nossa carne, faz renascer a esperança de que o câmbio continue em crescimento nos próximos meses.

Para o Mato Grosso, estado que possui o maior rebanho de bovinos do país, esta notícia vem em boa hora, já que precisamos alavancar os ganhos para pagar os custos oriundos da nossa grande oferta. O volume exportado de carne em Mato Grosso subiu 4,56%, passando de 10,73 mil toneladas para 11,23 mil toneladas, de dezembro para janeiro deste ano.

Neste mesmo período o valor da carne embarcada caiu 2,49%, isso mesmo com a média mensal do dólar passando de R$ 1,75 para R$ 1,78. Esta queda no valor se deve à desvalorização do preço da carne no mercado internacional. Ainda assim, o valor registrado em janeiro de U$ 41,9 milhões, se mantém acima da média de 2009 que foi de U$ 39,4 milhões, porém muito abaixo da média de janeiro de 2008 quando o estado exportou U$ 66,8 milhões. O setor deve continuar sua recuperação após a crise iniciada no final de 2008, ainda mais agora com a recente recuperação na cotação da moeda americana a partir do final do ano passado.

O ano de 2009 foi marcado pelo recuo do abate de fêmeas, principalmente no terceiro trimestre, chegando a representar apenas 27% do abate do estado no mês de setembro. Entretanto, desde outubro passado o percentual de fêmeas abatidas em Mato Grosso está em crescimento, registrando incremento de 6,94 pontos percentuais de setembro a dezembro. Neste mesmo período a arroba do boi gordo, que chegou a ser cotada a R$ 68,01 no mês de outubro, apresentou queda de R$ 1,32/@ (1,9%). Enquanto aguardamos os dados de abate do primeiro mês de 2010, nota-se que o preço da arroba está se recuperando, sendo cotado a R$ 67,58/@.

Essa valorização da arroba pode estar indicando uma nova retração no abate de fêmeas, uma vez que em outras ocasiões este comportamento foi observado.

Em fevereiro de 2010 o preço da novilha teve alta de 1,52% (R$ 526,70/cabeça) e o da vaca gorda registrou um aumento de 1,51% (R$ 63,31/@) em comparação com janeiro de 2009, quando o preço da novilha era de R$ 518,82/cabeça e a arroba da vaca gorda custava R$ 62,37. O preço da novilha, quando comparado com o mesmo mês do ano passado, vem tendo queda de 0,20% (R$ 1,04 por cabeça). Já a arroba da vaca vem obtendo valorização de 4,11%, no mesmo período.

Esta valorização do preço da arroba da vaca neste início de ano poderá elevar o preço da novilha nos próximos meses, uma vez que esse movimento de alta pode acarretar um aumento da demanda por animais de reposição. As fazendas de criação intensiva em Mato Grosso, a cada dia que passa, aumentam. Neste sentido a relação de troca da arroba com os insumos que são usados na nutrição animal tem papel determinante na renda dos produtores. Hoje se consegue comprar uma tonelada de caroço de algodão com 4,36 arrobas do boi gordo. Na comparação com o mesmo mês do ano passado a relação de troca registrou um incremento de 0,31 t/@. Esta alta é explicada pela valorização do preço do algodão de 8,95% no mesmo período. Portanto, neste ano, a arroba precisa ganhar força para conter esse aumento na relação.

Fonte: IMEA