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Boi vivo enfrenta entraves para exportação

Hoje 95% da carga de boi vivo exportado no Brasil sai do Pará. O volume chega a ultrapassar 500 mil animais por ano. Cerca de 90% dessa carga é exportada para a Venezuela. Os outros 10% são divididos principalmente entre países do Oriente Médio, para destinos como Egito, Jordânia e Líbano. Num prazo de três, quatro anos o Pará pode se tornar um dos grandes exportadores mundiais de boi vivo, mas para isso o Estado precisa melhorar a infraestrutura e eliminar os entraves.
A falta de estrutura no porto de Vila do Conde, em Barcarena, vem prejudicando as empresas exportadoras de gado vivo - o que, a médio prazo, pode atrapalhar o negócio. Os caminhões que levam o gado ao porto estão enfrentando um tempo de espera acima do razoável para o embarque, prejudicando a carga de animais. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) foi acionada e realizou na noite da última quarta reunião para encontrar alternativas para o problema.
O executivo Adriano Caruso, diretor da Wellard do Brasil, multinacional australiana que atua na exportação de gado desde de 2009 no Pará, representou o setor na reunião e explanou ao secretário José Alberto Colares como se dá o processo de exportação de boi vivo e os problemas que o setor vem enfrentando. "As empresas exportadoras, não só de gado vivo, assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta para corrigir esse problema da espera. Algumas empresas como a nossa optaram pelo planejamento logístico para agilizar o embarque. Outras optaram pelo estacionamento de espera antes de embarcar o gado".
Caruso explica que esse tipo de estacionamento pode caracterizar desvio de rota, o que vai contra a normativa nº 13 do Ministério da Agricultura, de março de 2010, que regulamenta a exportação de bovinos. Segundo o executivo, o decreto lei 265/2007 do Bem-Estar Animal também impede um tempo longo de espera antes do embarque e garante a prioridade de embarque a animais vivos, o que não vem sendo cumprido.
Adriano explicou à Sema que exigir o garageamento de caminhões como forma de evitar filas fere normas federais do Ministério da Agricultura e protocolos sanitários exigidos pelo país importador.
"Se não cumprirmos todas essas normas o Ministério não autoriza a exportação. Antes do embarque o gado vai para estabelecimentos de pré-embarque [EPE], que são fazendas de descanso para abrigar os animais. A carga não pode ter nenhum desvio nessa rota, o que caracteriza quebra de protocolo e infração à normativa do bem-estar animal, que determina que da EPE os animais devem seguir direto ao porto e com prioridade", detalha.
O problema é que a Companhia das Docas do Pará (CDP) limitou a entrada no porto de Vila do Conde a quatro caminhões por vez. "Com isso os animais esperam tempos absurdos dentro dos caminhões. Muitos se machucam e alguns chegam a morrer. Quando a balança de pesagem quebra, a espera é ainda maior. O porto não oferece condições mínimas para a exportação de animais vivos", acusa o diretor da Wellard.
José Colares reconheceu que falta estrutura à CDP para garantir o embarque dos animais. "O porto em Barcarena precisa dar suporte para atender à demanda e reavaliar a questão da prioridade do embarque. O serviço está estrangulado", admitiu o secretário, que marcou para o próximo dia 8 de julho uma reunião na Sema com representantes do Ministério da Agricultura, prefeitura de Barcarena, CDP e exportadores para aprofundar a discussão do problema.

Fonte: Diário do Pará