“Brangus pode somar muito ao rebanho brasileiro”

Para Silvio Selaizin, Brangus é determinante em qualidade e padrão no novo momento pecuário

De uma propriedade destinada a criação de nelore no sistema extensivo a um rebanho 100% fruto de cruzamento industrial, esse foi o desafio do criador de Brangus Silvio Selaizin Bueno, de Rio Verde, Goiás. Aqui ele conta como foi essa mudança e como a pecuária está se comportando atualmente, depois de tantos altos e baixos ao cruzamento industrial.

 

Associação Brasileira de Brangus - Quando começou a criar animais Brangus e por quê?

 

Silvio Selaizin Bueno - Fomos a uma revendedora de sêmen escolher as raças das quais pretendíamos fazer os cruzamentos: “Charolês, simental e limousim” quando o vendedor insistiu para que levássemos também “Aberdeen-angus”. A idéia era produzir bezerros em sistema de creep feding e, após a desmama, confiná-los pra o abate precoce com 14 meses.

 

Aos 7 meses, os machos pesavam 260 kg e as fêmeas 220 kg. Vale lembrar que o consumo médio de ração à base de grãos é de 1,1 kg pelo período de 210 dias. Algumas fêmeas já tinham sido vistas em cio, e este lote de cruzamento (angus) foi o mais padronizado entre as raças usadas. A diferença a favor do ½ sangue Aberdeen-angus era de 8 kg no macho e 3 kgnas fêmeas. Mantivemos, então, as fêmeas Aberdeen-angus e Simental para a primeira estação de inseminação artificial. Ao término da estação, me impressionei, pois quase todas fêmeas ½ sangue Aberdeen-angus estavam inseminadas.

 

Nessa mesma época, fomos convidados para ir ao Rio Grande do Sul por uma cooperativa falar de cruzamento industrial. Surgiu então, o interesse em trazer touros Brangus para Rio Verde. Agi na contramão do que as pessoas me diziam e trouxe para mim touros Aberdeen-angus. Foi um desastre, pois os animais não conseguiam cobrir bem nem mesmo em regime de piquete (monta controlada).

 

Voltei ao Rio Grande do Sul e trouxe touros Brangus. Aí sim a coisa andou. Compramos e fizemos parceria com doadoras de alto valor genético para multiplicá-las em programas de biotecnologia. Foi um sucesso! Contamos hoje com um rebanho próximo de 100%, oriundos de TE ou FIV, de produtos que sejam de FIV ou TE, pois tais fêmeas oriundas deste sistema são vendidas após a desmama. Só damos segmento no lote de fêmeas como doadoras.

 

ABB - Quais as vantagens da raça em relação às outras?

 

SSB - Adaptação: os animais Brangus se adaptam bem às regiões quentes ou frias do Brasil;

-Fertilidade: as novilhas entram em cio a pasto entre 15 e 18 meses;

-Docilidade: atrelada ao bom manejo;

-Padronização: a padronização de fenótipo é perfeita, podendo ocorrer variações de pelagem, principalmente usando touros de poucas gerações ou de cor vermelha;

-Ponderal: Animais ½ sangue Brangus quando confinados com silagem e ração à base de grãos conseguem, facilmente, ter um ganho de peso entre 1,8 e 2,0 kg por dia, de acordo com relato de alguns criadores, que já conseguiram 2,2 kg/dia, média feita no prazo de 100 dias de confinamento.

 

ABB –Há sete anos participando de julgamentos, qual a vantagem em ter um animal grande campeão de um julgamento?

 

SSB - Antes de tudo, a avaliação de seu trabalho, se este está seguindo em uma linha paralela com a que o corpo técnico da Associação acredite ser a melhor para aquela raça. A principal vantagem está na comercialização. A consagração de seus animais te leva a obter boas comercializações de animais elite ou de campo.

 

ABB - A comercialização de animais Brangus é realizada com facilidade?

 

SSB - Tivemos muita dificuldade de comercializar entre os anos 2002 e 2006. Foi quando houve uma política contrária às raças que produziam cruzamento industrial. A partir de 2006, quando criadores e técnicos, que já haviam usado cruzamento industrial, perceberam que não podiam conviver perdendo algo em torno de 15% de ganho adicional, a comercialização melhorou. Desde então está de vento em popa. Não é difícil saber que o hibridismo traz benefícios incontestáveis.

 

ABB - Existe maior procura pela raça?

 

SSB - Como a nossa raça se tornou líder de mercado em produtos sintéticos, não há dificuldade em comercializar tais produtos, sendo que o crescimento da raça acontecerá com apoio da diretoria e conselho técnico, através do qual faremos um crescimento ordenado, responsável e com muita segurança para nossos clientes.

 

ABB - Como está a pecuária atualmente e como você acha que a raça Brangus se encaixa neste quadro?

 

SSB - A pecuária está passando por um momento de recuperação, pois enfrentamos momentos de dificuldades em administrar nosso negócio. Quando digo isso, não é apenas pelo valor da arroba que mudou, mas o aumento do rebanho, consequentemente, a melhoria genética existe quando há remuneração ao produtor.  É possível também que o corpo técnico tenha cada vez mais influência nas decisões tomadas pelo produtor. Estamos confiantes que a raça Brangus poderá somar muito nesse pulo do rebanho brasileiro.

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