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Brasil deve ter preços altos para carne bovina em 2015 e boa produção

Segundo relatório do Rabobank, as perspectivas para a carne bovina brasileira em 2015 são de um bom posicionamento da produção nacional no cenário internacional, com a possível abertura do mercado norte-americano para a carne in natura, a retomada dos envios para a China e a redução do rebanho de concorrentes diretos do Brasil, como os Estados Unidos e a Austrália. Internamente, a tendência aponta para a manutenção de preços elevados para a carne bovina, o que poderá influenciar o consumidor a migrar para produtos substitutos mais baratos, como o frango.
 Para o produtor, a demanda por bezerros deverá se manter firme em 2015, impulsionada pelos altos níveis de preços para a arroba do boi gordo. O baixo custo de grãos deve estimular a produção. A oferta restrita deve forçar o aumento das importações nos Estados Unidos.
 A importação americana deve acelerar devido à baixa oferta de boi terminado no país. Em relação à oferta, a queda com os custos de ração, em função dos menores preços de milho e de soja, deve favorecer o aumento do número de animais criados em confinamento ou em outros sistemas com maior utilização de grãos na dieta. Isso deve resultar em aproximadamente 2,5% de aumento da produção nacional.
Esse volume adicional disponível, aliado ao cenário de menor crescimento na demanda interna, deve limitar o espaço para altas de preços. A provável migração do consumo para carnes mais baratas, como o frango, também reduz a possibilidade de novos recordes nas cotações de bovinos. Em 2014 X 2013, o crescimento das importações já havia sido de cerca de 20%. Também deve ocorrer redução de 10% no rebanho australiano em relação a 2013. O número de cabeças não deve ultrapassar 26,1 milhões. Por isso, o volume exportado pela Austrália deve cair em relação aos recordes registrados em 2014. O embargo à carne dos EUA, UE, Canadá e Austrália deve elevar ainda mais os preços na Rússia. Como reflexo, as importações russas de carne bovina do Brasil devem manter crescimento em 2015.
 Há perspectivas de aumento das importações chinesas em 12%. Por sua vez, o Brasil pode exportar até US$ 1 bilhão em carne bovina à China. A expectativa para 2015 é de que as margens se mantenham favoráveis para os frigoríficos com operações no Brasil. O crescimento das exportações, somado à possível desvalorização do real em relação a 2014, deve contribuir para a manutenção das margens dos exportadores.
Em relação ao mercado interno, a expectativa de baixo crescimento econômico limita o aumento do consumo doméstico. Nesse cenário, para 2015, a indústria de carne bovina deve continuar investindo em garantia da qualidade e controle sanitário rígido, pois o mercado externo parece ser a principal rota de crescimento. Assim como também observado em todas as indústrias do setor de carnes, apesar do cenário positivo no mercado internacional, existem alguns riscos. As empresas exportadoras com considerável parcela de receita dependente de poucos destinos poderão ser pegas de surpresa por algum movimento internacional inesperado.
Essa exposição poderá representar grande risco, se considerarmos a instabilidade de alguns mercados, como o russo, por exemplo. Além disso, o preço da carne no supermercado poderá impulsionar o consumidor a migrar para a compra de produtos substitutos, conforme o relatório de Perspectivas para 2015 divulgado pelo Rabobank.

Fonte: Agência SAFRAS