Brasil pode dobrar exportação de carne bovina com abertura dos EUA

Japão, Coreia do Sul e Canadá e também os mercados do Sudeste Asiático passam a ser foco das indústrias, diz diretor presidente da Minerva

Para o diretor presidente da Minerva, Fernando Galletti de Queiroz, as perspectivas com a abertura de mercado dos Estados Unidos para a carne bovina in natura brasileira estão "subdimensionadas". Para ele, o potencial que este novo acordo tem para o mercado brasileiro é maior do que o que está sendo esperado porque facilita o acesso a outros importantes países que seguem protocolos sanitários parecidos com os dos EUA.

Ele destacou países como Japão, Coreia do Sul e Canadá e também os mercados do Sudeste Asiático. "Teremos uma missão mais duradoura que vai passar pelo Sudeste Asiático, de três semanas. O Brasil vai chegar com credencial bastante forte e vai passar por mercados que têm potencial de abertura", disse Queiroz.

"A tendência é o Brasil dobrar sua capacidade de exportação e isso nos dá bastante tranquilidade para a manutenção de margens, ainda mais com uma estabilização do câmbio", afirmou o executivo, sem especificar prazos.

"Acreditamos que (o início das exportações para os EUA) vai ser mais rápido do que o estimado (governo projeta 90 dias). Estimamos 60 dias ou menos, porque já existem empresas cadastradas para isso", acrescentou Edison Ticle, diretor Financeiro da Minerva.

China
Os executivos evitaram entrar em detalhes sobre as recentes negociações com a China, embora tenham reforçado que a região segue como a mais importante e uma das mais rentáveis, no quesito exportações.

As questões dos analistas foram estimuladas por notícias envolvendo os concorrentes da Minerva, como JBS e Marfrig. Estas empresas concorrentes informaram em recentes entrevistas que estavam com dificuldade de negociar com os chineses desde maio, por causa da valorização do real, que pressionou o faturamento das vendas na conversão com o dólar e, desde então, os negócios com os chineses haviam arrefecido.

Ainda sobre esta questão, os executivos da Minerva afirmaram que o principal destino das exportações no segundo trimestre de 2016, pelo Uruguai, continuou sendo a China, que totalizou 40% do total exportado e manteve-se praticamente estável frente ao segundo trimestre de 2015.

De acordo com o relatório da Minerva, seguindo o desempenho dos últimos trimestres, a Ásia permaneceu como principal destino das exportações da companhia como um todo no período. O crescimento nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2016 foi de 9 pontos porcentuais e representou 28% do total exportado pela companhia, em comparação com 19% do total exportado nos últimos 12 meses encerrados em junho de 2015.

A companhia iniciou em junho de 2015 as vendas diretamente para a China continental, o que colaborou para essa elevação. Além de China e Hong Kong, a Minerva destaca também outros importantes mercados da região, como Cingapura, Malásia e Vietnã, que juntos apresentaram crescimento de 73% da receita nesse período.

As exportações corresponderam a 67% da receita consolidada da companhia no segundo trimestre de 2016. Neste período, as vendas da Divisão Carnes cresceram 6,9% no mercado externo em relação ao mesmo período do ano passado e, no mercado interno, registraram alta de 5,3%. A empresa atribui este resultado ao foco comercial em elevar a sua capilaridade no mercado local, com crescimento dos pontos de venda e atenção ao setor de food service (mais resiliente à crise), e à estratégia de fortalecer sua presença em segmentos de nicho e étnicos no mercado externo.

Gado vivo
O diretor presidente da Minerva afirmou que as exportações de gado bovino vivo pela empresa devem otimizar no quarto trimestre deste ano e, antes, se estabilizar no terceiro trimestre.

A receita do segmento de gado vivo no segundo trimestre de 2016 continuou a apresentar um desempenho abaixo do histórico, e caiu 70% ante a receita do mesmo período de 2015. Este resultado ainda é reflexo do acidente no Porto de Barcarena (Pará) em outubro de 2015, quando um navio com 5 mil cabeças naufragou.

"Colocamos junto com os Ministérios da Agricultura e de Portos mais procedimentos, que na verdade servem para que se aumente as barreiras de entrada para este mercado, e o acidente foi um gatilho para isso", afirmou Queiroz.

Ele afirmou, ainda, que o agravamento da crise Venezuela também pressionou mercado de gado vivo. "A Venezuela tinha um papel importante, passou a ser secundário". O executivo acrescentou que o Brasil fez outros acordos sanitários para a exportação de gado vivo que devem favorecer o setor nos próximos trimestres. "Ainda mais porque a Austrália está perdendo mercado neste segmento", afirmou.

Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO

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