Chip Nacional Terá Custo 60% Menor

Começou a ser testado quinta-feira (05/11) o “Chip do boi” (dispositivo de identificação com chip eletrônico), produto nacional desenvolvido pelo Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec), destinado à rastreabilidade bovina.

Esta é a última fase de testes antes da produção em escala comercial: os testes de campo em fazenda. E essa fase teve início na Fazenda Experimental Santa Rita, da EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), em Prudente de Morais, Centro-Oeste de Minas.

Durante o evento que marcou o início dos testes, produtores, pesquisadores, empresários, concordaram em que o novo produto vai facilitar muito a gestão das propriedades rurais e a entrada e permanência no mercado nacional e, principalmente, mundial. Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Gilman Viana Rodrigues, o novo chip vai dar mais credibilidade à produção, além de facilitar muito a vida dos produtores rurais. Ele destacou que o uso chip é um instrumento que possibilitará a prática da qualidade, que vai dar mais confiança à gestão do produtor. “O rastreamento que é exigido pela Comunidade Européia existe por que? É pelo fato de que quando há uma possibilidade de uma dúvida, ou uma insegurança sanitária na carne, se essa carne está rastreada, você pode ver onde  foi originada essa contaminação. E você combate e elimina o problema; a ameaça não chega ao consumidor. Nós temos que construir isso e nós estamos construindo. A tecnologia possibilita maior segurança, praticidade,  evolução, maior riqueza de dados. O produtor não fica com anotação manual, fica com arquivo, faz cruzamento de dados, usa o arquivo para ele se posicionar no mercado”, avaliou.

Para o presidente da Ceitec, Eduard Weichselbaumer, a principal vantagem do chip está relacionada ao custo. “O fazendeiro hoje gasta R$7,00 ou R$8,00 com um brinco. Então, a Ceitec criou um design de brinco com as mesmas tecnologias dos produtos internacionais, mas a gente baixou bastante os custos. Nós deveremos vender o nosso chip por R$2,50 a R$3,00. E esse nosso chip, que tem o mesmo padrão internacional, é 100% nacional, desenvolvido em Porto Alegre, com engenheiros brasileiros, que tem propriedade intelectual nacional, estará disponível no mercado em até março de 2.010”, disse. E por que a EPAMIG foi a escolhida para sediar os testes? Segundo , Weichselbaume, devido “ao apoio dado pelo secretário da Seapa, Gilman Viana, e também pelo fato de a EPAMIG ter uma fazenda ‘classe 1’, com estrutura maravilhosa, um modelo de fazenda que não se vê nem no Rio Grande do Sul”, disse.

O presidente da EPAMIG, Baldonedo Napoleão, justificou a escolha da Empresa. Destacou a importância da EPAMIG como geradora de tecnologias para a agropecuária mineira e brasileira: “A EPAMIG, nesses mais de 35 anos, conquistou confiança na agropecuária brasileira, é uma empresa que tem aproximadamente quatro mil cabeças de bovinos e possui o melhor rebanho bovino de pesquisa do Brasil. 

Na EPAMIG está prevista brincagem de  500 animais. Para o pesquisador Octávio Rossi, o controle do rebanho da EPAMIG a partir desse novo chip tende a ficar muito mais adequado. “Nós vamos ter um risco menor de erro nas anotações zootécnicas. Nós cumpriremos a função de fazer o teste para a Ceitec e teremos a vantagem de um controle mais adequado. Todos os animais da EPAMIG já têm o brinco, mas com leitura ótica”, esclareceu Rossi.

O pecuarista Leonardo Azeredo, de Funilândia, acompanhou o início dos testes e saiu do evento otimista. Seu gado ainda não é rastreado – por enquanto: “As falas me incentivaram bastante, pois esse equipamento dá mais garantia de informações para o produtor e para o consumidor, que poderá a qualquer momento, saber mais sobre o produto que está consumindo”. A informatização da propriedade rural não preocupa o produtor: “A informatização nas fazendas já é comum. Eu quero é acompanhar o processo dos testes para saber, no futuro, como é feita a manutenção do equipamento. Acredito que os produtores rurais maiores, os que exportam, utilizarão o novo chip mais rapidamente. Mas o equipamento é muito interessante também para o pequeno produtor, pois a rastreabilidade é muito importante. Precisamos criar essa prática, pois agregará muito valor ao nosso produto e vai resgatar o valor do pecuarista”, avaliou.

Os testes de campo da Ceitec serão realizados em sete ou oito fazendas em regiões diferentes do Brasil com 15 mil brincos com chips. A Ceitec é vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e foi criada em 2008, é a única empresa na América Latina que faz desenvolvimento de semicondutores. O Brasil importa 14 bilhões de dólares em semicondutores anualmente.

Fonte: Epamig

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