EDUARDO SALOMONI – TÉCNICO DO MÊS
O objetivo formação da raça Brangus foi “produzir carne em quantidade com qualidade”
Respeito: essa é a posição da Associação Brasileira de Brangus diante de um dos técnicos mais antigos de sua história. Eduardo Salomoni, engenheiro agrônomo, faz parte dos 30 anos que a ABB completa em 2009. Através dele, muitos pecuaristas apostaram na raça e hoje colhem os frutos de resultados sólidos que o Brangus consolidou no país. E em todo esse período, o trabalho de técnico, junto com a genética da raça, também apresentou mudanças: “nosso trabalho era mais de orientação do que de seleção propriamente dito. Tínhamos que fazer um trabalho de difusão da raça até que a solidificássemos no cenário nacional. Hoje os criadores passaram a ser os maiores divulgadores das suas qualidades”. Com moradia em Bagé, Rio Grande do Sul, sede da ABB em sua fundação, Salomoni rodou o Brasil divulgando uma marca em que sempre acreditou. Hoje seus principais clientes são do sul do país, mas não se furta a oportunidade de continuar Brasil afora, avaliando animais Brangus. E para conhecer mais essa história e momentos inusitados que passou em todos esses anos, leia a matéria completa do quadro TÉCNICO DO MÊS.
Associação Brasileira de Brangus - Há quanto tempo é técnico da Brangus?
Eduardo Salomoni - Sou técnico oficialmente da Associação Brasileira de Brangus desde 1981, embora tenha participado da primeira inspeção realizada na raça já em 1980.
ABB - Sendo um dos técnicos mais antigos da Associação, e por estar no local considerado o berço da raça no país (Bagé), como analisa a evolução genética da raça nos últimos 30 anos (quando a Associação foi fundada)?
Salomoni - A evolução genética da raça Brangus está intimamente ligada à evolução das raças que a compõe (Nelore e Aberdeen Angus). Há 30 anos, tínhamos um Nelore totalmente diferente do atual. Seu peso de abate não ultrapassava 14-15 arrobas. A seleção destes animais era feita somente por características fenotípicas, não se levando em consideração aspectos produtivos. O Aberdeen Angus existente naquela época, não tinha preocupação com conformação carniceira e sim com tamanho. Hoje o produtor dispõe de dados produtivos que auxiliam na escolha dos animais a serem utilizados naqueles rebanhos em formação através dos cruzamentos (Nelore x Aberdeen Angus) bem como em rebanhos já estabelecidos Brangus.
ABB - Pra você, o que significa ser técnico da raça?
Salomoni - Ser técnico da raça Brangus foi e é um marco importante dentro da minha vida profissional, pois permitiu aprimorar constantemente meus conhecimentos zootécnicos, fazer amigos e conhecer novos lugares.
ABB - Entre as qualidades do Brangus, quais são as que o destacam na pecuária?
Salomoni - A raça Brangus, no meu entender, destaca-se das demais pela rusticidade, qualidade de carne e principalmente pela sua habilidade maternal.
ABB - Em todos esses anos como técnico, teve alguma situação inusitada que já viveu ao visitar fazendas?Salomoni - A situação mais inusitada, para não dizer dramática, ocorreu em 30 de dezembro de 1986, quando após realizar uma revisão na propriedade do Dr. Humberto Mano Sá, no município de Palmeiral, próximo a Londrina, desabou um temporal bastante forte, o que fez com que ficássemos (eu, esposa e filhos), atolados por algumas horas. Ao chegar nos hotéis em Londrina, às duas horas da manhã, os atendentes não queriam abrir as portas para entrarmos, tamanha era a sujeira e o barro vermelho que tínhamos espalhado pelo corpo. Por pouco não passamos o primeiro do ano dentro do carro, uma vez que tínhamos que ir até Minas Gerais, onde mora a família da minha esposa.
ABB - Como é recebido pelos pecuaristas?
Salomoni - Sempre fui muito bem recebido por todos os pecuaristas , independente do tamanho da propriedade, número de animais a serem revisados e município ou estado da região em que as fazendas estavam localizadas. Neste período em que trabalho na Associação, fiz inúmeros amigos, desde peões até grandes proprietários e seus familiares.
ABB - Quais são as diferenças fundamentais que você vê nas atividades de técnico hoje e quando você começou?
Salomoni - Quando começamos a desenvolver a atividade de técnico junto a ABB, nosso trabalho era mais de orientação do que de seleção propriamente dito. A raça estava sendo introduzida no país, muitos criadores a desconheciam. Tínhamos que fazer um trabalho de difusão da mesma até que a solidificássemos no cenário nacional. Hoje encontramos o Brangus nos mais distintos cantos do Brasil, em várias exposições se faz presente e os criadores passaram a ser os maiores divulgadores das suas qualidades.
ABB - Você só atende criadores do Rio Grande do Sul ou também de outros estados?
Salomoni - Já atendi criadores desde o Rio Grande do Sul até o sul do Pará, passando por Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso. Atualmente tenho concentrado os meus trabalhos no Rio Grande do Sul.
ABB - Qual a dica que costuma dar aos criadores?
Salomoni - Sempre sugeri aos criadores que avaliassem os seus rebanhos individualmente, ou seja que os acasalamentos fossem feitos escolhendo-se determinados touros para vacas específicas. A probabilidade de termos melhores crias é muito maior. Para cada tipo de vaca existe um touro que vem a complementá-la. Hoje as centrais de inseminação nos colocam a disposição uma gama enorme de touros. Vamos utilizá-los dentro daqueles objetivos por nós escolhidos e com certeza estaremos minimizando os erros e maximizando os acertos.
ABB - Se alguém tiver interesse em te chamar, quais os contatos?
Salomoni - Os contatos para que eu venha a realizar algum trabalho de seleção é: Eduardo Salomoni - Av Marcilio Dias 649 - CEP 96400-020 - Bagé – RS
Telefones: Residencial – (53) 3242-6167, Comercial – (53) 3242-8499 e Celular – (53) 9967-5919.
ABB - Em 2009, a ABB completa 30 anos, deixe uma mensagem aos criadores.
Salomoni - A raça Brangus é uma raça que foi formada a partir de duas das raças mais importantes que existem no mundo, unindo as características positivas de ambas e fixando as mesmas com um único objetivo - PRODUZIR CARNE EM QUANTIDADE COM QUALIDADE. Foi desenvolvida dentro de um centro de pesquisa desde 1945, ou seja, há mais de 60 anos, e conta com o respaldo de uma das empresas mais respeitadas em pesquisas do mundo, a EMBRAPA, onde continua a ser avaliada.
Se você quiser entrar em contato com Salomoni, envie um e-mail para salomoni@cppsul.embrapa.br