Eliminação de gene facilita digestão de gramíneas

Supressão de gene faz com que gramíneas sejam mais digeríveis e tenham maior valor nutricional para os bovinos

Uma equipe de pesquisadores do Brasil, Reino Unido e Estados Unidos descobriu um gene responsável pela dureza nas paredes celulares de vegetais. A pesquisa, publicada na revista New Phytologist, apontou que a "supressão" desse gene por meio da biotecnologia faz com que plantas liberem até 60% mais açúcar, o que favorece a produção de etanol de segunda geração, e que gramíneas sejam mais digeríveis e com maior valor nutricional aos animais ruminantes.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que integrou o grupo de pesquisa, a maior parte do poder calorífico contido na biomassa vegetal está contida em paredes celulares. Esse armazenamento ajudou gramíneas forrageiras a sobreviverem "mas o problema é que essa robustez dificulta a digestão no rúmen de bovinos e ovinos e é um obstáculo para a produção de etanol nas biorrefinarias", informou a Embrapa.

O pesquisador Hugo Molinari do Laboratório de Genética e Biotecnologia da Embrapa Agroenergia, em Brasília (DF), um dos coordenadores do projeto, avalia que a descoberta tem um mercado potencial bilionário para etanol e a pecuária bovina. "Somente no Brasil, os mercados potenciais desta tecnologia foram avaliados, no ano passado, em R$ 1,3 bilhão para o segmento de biocombustíveis e de R$ 61 milhões para alimentação de bovinos. Além do impacto econômico, é importante dizer que é uma descoberta muito importante para a comunidade científica", informou o cientista da Embrapa.

Segundo Rowan Mitchell, biólogo de plantas do Rothamsted Research, no Reino Unido, e um dos líderes da pesquisa, os genes "candidatos" a serem os responsáveis pelo controle do endurecimento na parede celular foram identificados há uma década. "Mas provou-se ser muito difícil demonstrar esse papel, embora muitos laboratórios tenham tentado. Nós produzimos a primeira forte evidência para um desses genes identificados", relatou o cientista.

Com a biotecnologia, o gene responsável foi suprimido para cerca de 20% de sua atividade normal. Dessa forma, a biomassa produzida apresentou menor rigidez nas paredes celulares em comparação a uma planta não modificada. "A supressão não mostrou efeito óbvio sobre a produção de biomassa ou sobre a aparência das plantas transgênicas", informou Mitchell. "Cientificamente, agora queremos descobrir como esse gene atua no processo (de endurecimento na parede celular). Dessa forma, podemos tornar o processo ainda mais eficiente."

Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO

Anterior
Anterior

Abrafrigo: exportação de carne bovina cresce 10% em 2017

Próximo
Próximo

Pós-tour: Uma visita ao Texas - Congresso Mundial de Brangus 2018