Exportação crescente contribui para elevar preço interno do boi
O bom desempenho das exportações brasileiras de carne bovina tem animado o setor pecuário neste primeiro semestre de 2014. De janeiro a maio, a receita obtida com as vendas externas do produto atingiu valor recorde para o período, de US$ 2,3 milhões (aumento de 14% sobre igual intervalo de 2013) - dados da Secex. Em volume, os embarques acumulados nos cinco primeiros meses deste ano, de 499,7 mil toneladas, ficaram abaixo apenas do embarcado em 2007 (593,2 mil toneladas), ano de exportação de recorde, segundo dados da Secex. Esse cenário combinado à oferta interna restrita têm garantido novas altas de preços em todos os elos da cadeia pecuária ao longo de junho.
Os países que mais se destacam nas compras de carne bovina brasileira, em volume, são Hong Kong, Rússia, Venezuela, Egito e Irã, que, juntos, representaram 90,09% da carne exportada pelo Brasil em 2014 (de janeiro a abril - últimos dados disponíveis). No mesmo período do ano passado, esses países representavam 87,06% dos embarques.
Do total de carne bovina embarcada em 2014 (de janeiro a abril), Hong Kong lidera, com 32% das compras, ou 127,05 mil toneladas (aumento de 14% sobre igual intervalo do ano passado). O crescimento da população urbana no país asiático, o aumento da renda e a mudança nos hábitos alimentares daquela região explicam essa maior demanda pela carne brasileira. Em segundo lugar, a Rússia participou com 22,13% do total exportado pelo Brasil de janeiro a abril, seguida pelo Egito, com 13,14%, Venezuela, com 11,69%, e Irã, com 11,14%. Frente ao mesmo período de 2013, Rússia e Venezuela apresentaram queda na participação.
Em termos de receita, a composição dos principais países não se altera. Também na liderança, Hong Kong foi responsável por 29,26% do montante total obtido pelo Brasil com as exportações de carne bovina na parcial deste ano, ante os 27,56% do mesmo período de 2013. As vendas para Rússia representaram 18,98% da receita brasileira no mesmo período, para a Venezuela, 14%, Irã, 11,31%, e Egito, 9,9%.
Quando analisados os preços pagos pela tonelada da carne bovina brasileira pelos cinco maiores compradores, o mais elevado é o da Venezuela, que, na média de 2014 (de janeiro a abril), pagou o equivalente a US$ 5.339,00, leve alta de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. Para Hong Kong, a média foi de US$ 4.075,00/t, aumento de 4% em igual comparação.
Movimentos da semana - frente a um mercado pouco ofertado, as cotações em todos os elos do setor pecuário têm acumulado alta em junho. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa do boi gordo (estado de São Paulo) fechou a R$ 122,56 nessa terça-feira, 17, aumento de 1,4% em relação ao dia 30 de maio. Na expectativa de preços maiores, pecuaristas apresentam certa resistência para novas efetivações. Frigoríficos, por sua vez, relatam dificuldade para preencher as escalas de abate.
De modo geral, o ritmo de negócios segue lento, reforçado pelos feriados e pelos jogos da Copa, que encerram o expediente do comércio mais cedo em muitas cidades. Essa baixa liquidez resultou em pequenas quedas de preços em alguns dias.
Para o mercado atacadista da carne com osso, a carcaça casada bovina foi cotada a R$ 7,94/kg nessa terça-feira na Grande São Paulo, baixa de 0,6% em relação à terça anterior, mas alta de 5,17% na parcial de junho. Os preços dos cortes traseiro e dianteiro de boi tiveram variações negativas, de 0,3% e 0,8% em sete dias, respectivamente, negociados a R$ 9,53/kg e R$ 6,55/kg na terça - já no acumulado de junho, verifica-se altas de 5,9% e 3,2%. A média da carcaça casada de vaca, por sua vez, cedeu 2,25% em sete dias, mas teve elevação de 2,78% no mês, com o quilo cotado a R$ 7,40 na terça.
Entre as carnes concorrentes, a suína e a de frango também acumulam valorização na parcial de junho no mercado atacadista da Grande São Paulo. No intervalo de 30 de maio a 17 de junho, o frango resfriado se valorizou 4,6%, com a média passando para R$ 3,19/kg nessa terça-feira. Para a carcaça comum suína, a elevação foi de 0,8%, para R$ 5,05/kg. Já na comparação semanal (de 10 a 17 de junho), a carcaça comum suína foi a única carne entre as concorrentes a manter o cenário de alta nos preços, com valorização de 0,4%. No mesmo período, o resfriado se desvalorizou ligeiro 0,3%.
Para o bezerro, o indicador ESALQ/BM&FBovespa (animal nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) acumula elevação de 1,6% na parcial de junho, a R$ 1.049,26 no dia 17 - em relação à terça anterior, a alta foi de 1,8%. A média do bezerro São Paulo (à vista), por sua vez, teve alta de 2,3% em sete dias e de ligeiro 0,2% no mês, fechando a R$ 1.038,30 na terça.
Fonte: CEPEA