Exportação de couro soma US$ 1,12 bi no semestre

O couro já é um dos principais itens da pauta de exportações do Brasil. Os embarques somaram o valor recorde de US$ 1,12 bilhão no primeiro semestre deste ano, superando em 12% as exportações de calçados, que totalizaram US$ 998 milhões no período, conforme cálculos do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

O desempenho do setor, positivo à primeira vista, está ameaçado por uma série de fatores estruturais e conjunturais, adverte o diretor-executivo do diretor-executivo do CICB, Luiz Bittencourt. “As exportações no primeiro semestre do ano cresceram 30% em receita, mas aumentaram apenas 4% em volume físico. Ou seja, o aumento foi resultado da alta dos preços internacionais do couro”, explica ele.

Outro aspecto preocupante é o elevado peso do couro wet blue sobre a pauta de exportações. “O wet blue é a commodity do couro. Trata-se de um produto primário. O Brasil precisa investir mais no aumento das exportações de produtos acabados, de maior valor agregado”, diz Bittencourt.

Esse quadro é agravado por dois outros fatores: a queda do consumo de couro no mercado interno – o que estabelece perigosa dependência do mercado externo – e a sobrevalorização do real em relação ao dólar, que tolhe a competitividade do produto brasileiro.

“Se esse cenário não for alterado, corremos o sério risco de passar por um processo de desindustrialização da cadeia produtiva do couro”, adverte o diretor-executivo do CICB, que destaca a importância do segmento: o setor emprega 45 mil pessoas, movimenta um PIB de US$ 3 bilhões e recolhe quase US$ 1 bilhão anual em impostos.

Para reverter esse quadro, o CICB está propondo três medidas.    O primeiro deles é a alocação dos recursos provenientes do recolhimento do imposto sobre a exportação do couro wet blue, de 9%, para o financiamento de máquinas e equipamentos para o acabamento de couro pelas indústrias que atualmente só processam o couro até o estágio de wet blue.

Outra proposta é a desoneração da importação de peles de caprinos e ovinos, medida importante porque a produção interna, da ordem de 7 milhões de peles, não atende à demanda das empresas, cuja capacidade de processamento é de 12 milhões de unidades. “Os curtumes estão operando com 40% ociosidade, em uma região carente como o Nordeste do Brasil”, diz Bittencourt. 

Finalmente, a entidade reivindica maior agilidade na devolução dos de créditos gerados na exportação. “A morosidade no repasse destes créditos compromete seriamente o capital de giro das empresas e tem provocado crescentes preocupações no setor”, conclui o diretor-executivo do CICB.

Principais destinos
     
De janeiro a junho deste ano, os principais destinos dos embarques em receita foram a Itália (participação de 28,38% e crescimento de 36% quando comparado a 2006), China (participação de 22,85% e elevação de 60%) e Hong Kong (11,02% e decréscimo de 9%). 

Estados Unidos, Vietnã, Indonésia, Coréia do Sul e Tailândia foram outros mercados importantes para o couro nacional. As vendas externas para o Vietnã cresceram 86% no período, saindo de US$ 14,56 milhões para US$ 27,10 milhões. 

O acumulado no primeiro semestre também registrou aumento nas vendas para países que não são importadores tradicionais do produto brasileiro, como é o caso do México (expansão de 165%, de US$ 7,31 milhões para US$ 19,41 milhões), República Dominicana (aumento de 333%, saindo de US$ 702,47 mil para US$ 3 milhões) e Cingapura, que aumentou suas importações em 763%, de US$ 711 mil para US$ 6,13 milhões. A Alemanha, de outra parte, elevou suas compras em 76%, de US$ 8,39 milhões para US$ 14,76 milhões.

Dentre outros países não compradores habituais cabe citar a Romênia, que importou 313% a mais, saindo de US$ 238 mil para 
US$ 983,46 mil; a República Tcheca, cujas compras cresceram 94 vezes, saindo de US$ 14,54 mil para US$ 1,37 milhão, e as Filipinas, que importaram 187,6 vezes mais, saltando dos US$ 4,8 mil para US$ 908,9 mil.

Principais estados exportadores
    
Segundo o balanço dos embarques de couros nos seis meses de 
2007 ante o acumulado do período anterior, São Paulo detém a liderança estadual (participação de 34,76% e aumento de 38%), seguido pelo Rio Grande do Sul (participação de 24,31% e elevação de 15%), Paraná (6,59% e expansão de 55%) e Mato Grosso do Sul (6,30% e crescimento de 32%). Os demais estados são Ceará, Bahia, Goiás e Minas Gerais. Registrem-se os crescimentos significativos dos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. 
    
Verifica-se já uma relevante agregação de valor nas exportações de couros do Brasil, pois as exportações de semi-acabados e de acabados juntas atingiram US$ 702 milhões, 38% de crescimento em relação a 2006 e 73% a mais do que o wet blue exportado no período.

Na tabela abaixo, crescimento das vendas externas de couros bovinos por estágios de processamento (wet bue, semi-acabados e acabados).

Mais informações: CICB  - (11) 5092-3746.

Fonte: www.grupocultivar.com.br

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