A ociosidade chega a 80% da capacidade instalada no Estado. Pelo menos quatro estabelecimentos estão parados e outros 25 estão operando em patamares mínimos de produção, enquanto o número de demissões no setor já beira 1 mil, diz o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carne do Estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle. 

"É uma crise sem precedentes", afirma o executivo. Segundo ele, em meados de julho o preço da carcaça no Rio Grande do Sul chegou a R$ 74 a arroba, ante R$ 58 no Brasil Central. Com as temperaturas mais amenas das duas últimas semanas, os pastos melhoraram e a oferta de animais aumentou um pouco, mas a cotação ainda está na faixa de R$ 69. "O pouco boi que tem está magro ou caro", diz Moussalle. 

O Rio Grande do Sul tem capacidade para abater 3,5 milhões de cabeças de gado bovino por ano, considerando-se apenas os abates oficiais, mas no primeiro semestre o número ficou em torno de 750 mil, 15% a menos do que em igual período de 2006, calcula o diretor. 

Ele não revela quais frigoríficos estão parados, mas informa que os mais atingidos são de pequeno e médio porte. Segundo ele, desde abril as empresas gaúchas tiveram que comprar 28 mil toneladas de carcaça bovina do Pará, Acre e Rondônia para desossa no Estado. 

Conforme Moussalle, a falta de matéria-prima no Estado deve-se à baixa taxa de natalidade provocada por sucessivas estiagens nos últimos três anos e também pela acentuada venda de matrizes para abate. "Os produtores estavam descapitalizados", diz. O quadro foi agravado pelo aumento de 100% nas exportações no ano passado, para 243 mil toneladas, e agora pelo inverno rigoroso que prejudicou as pastagens. 

A situação de oferta apertada de gado afeta quase todo o país. O Friboi, que já tinha dado férias coletivas na unidade de Campo Grande (MS), suspendeu as atividades também na planta de Cáceres (MT) por 20 dias desde o dia 1º de agosto. As férias em Campo Grande começam dia 8 de agosto. Segundo a empresa, a razão para a suspensão das operações é o período de entressafra.

fonte: www.mnp.org.br