Frigoríficos querem mudar a imagem da carne feita no país

Programa criado pela Abiec prevê apresentar aos consumidores bons exemplos de produção. Com o 'Pecuária do Brasil', indústria quer desvincular a produção do setor do desmatamento ilegal. A cadeia da carne está lançando um programa de contra-ataque ao que chamam de criação de uma "imagem negativa da pecuária", motivada por desmatamentos, queimadas e trabalho escravo em fazendas estabelecidas nas regiões de fronteira agrícola.

A ideia da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) é mostrar bons exemplos da atividade e contestar o que consideram informações equivocadas divulgadas por grupos como o Peta, de defesa dos direitos dos animais.

O "Pecuária do Brasil" será um complemento do Brazilian Beeff, usado na promoção da carne no exterior. Leia, a seguir, trechos da entrevista de Fernando Sampaio, diretor-executivo e coordenador de Sustentabilidade da Abiec:

Imagem da carne - O consumo de carne vem crescendo, mas, quando vinculam poluição e desmatamento à pecuária, isso acaba sendo usado contra a gente. Queremos criar uma força-tarefa para desmentir isso.

Desmatamento - O desmatamento não é culpa da pecuária. É muito mais do Estado, falta um processo de regularização com segurança jurídica. Há terras indígenas sendo demarcadas em cima de gente que já estava lá, mas sem título legalizado. São problemas que devem ser resolvidos para que se tenha mais controle, e isso não pode ser atribuído à pecuária.

Programa 'Pecuária do Brasil' - Nossa primeira preocupação é desfazer mitos como o de que a carne faz mal, que contribui para o aquecimento ou que gasta quase 15 mil litros de água por animal. Nossa estratégia é informar, vamos levar isso ao consumidor.

Brazilian Beef - Sempre vendemos no exterior a carne brasileira como a de um boi a pasto, natural, e barata. Mas hoje os preços de boi no mundo inteiro estão se harmonizando. Então precisamos vender o conceito da carne brasileira. Vamos contar a história da pecuária brasileira, para evitar aquela imagem negativa.

Histórias positivas - Vamos gerar casos de sucesso da pecuária, mostrar que a atividade gera emprego e desenvolvimento. Há propriedades usando tecnologia, genética, pecuarista que faz escolinha para crianças. Queremos que a imagem do boi no mato queimado não se torne a história única da pecuária nacional.

Bem-estar animal - Nenhum pecuarista tem interesse em fazer um animal sofrer. Boi que passa fome não dá dinheiro. Temos que mostrar que o nosso interesse é fazer com que o bicho tenha a melhor vida possível, e com abate humanitário isso afeta a qualidade da carne.

(Jornal Folha de S. Paulo, Mercado/SP – 21/07/2011)

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