Frio provoca mortes de bovinos no MS

O total de bovinos que morreram devido ao frio, na região sul do Estado, podem passar de quatro mil cabeças, de acordo com a contagem da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) e dos sindicatos rurais da região. Oficialmente na contagem até a manhã desta segunda feira (19/7) são 829 cabeças perdidas, mas a Iagro continua recebendo comunicaçõs de mortes, prejuízo de quase R$ 1 milhão.

As equipes da agência e das fazendas começam a ir a campo na manhã desta segunda-feira para apurar o prejuízo.

Em Antônio João (rebanho de 88.203 cabeças de gado), desde a madrugada de sexta, a estação do Iagro visitou propriedades e contabilizou 297 bovinos mortos por causa do frio. Já o Sindicato Rural local divulgou que foram 520 cabeças.

A falta de capão de mato dentro dos piquetes onde o gado é manejado, piora a situação, avalia o Iagro. Em algumas propriedades, os bois foram encontrados na área de eucaliptos, árvore que não protege os animais por não ter copa densa. Ou seja, procuraram abrigo em locais impróprios.

Em Caarapó (130 mil cabeças de gado), o Iagro local contabilizou 326 bovinos mortos, quase todos na madrugada de sexta-feira, quando ocorreu a queda na temperatura.

A maioria das propriedades onde foram localizados não tinha proteção ou o capão de mato. A última vez que houve mortes de gado por conta do frio na região foi em 2007, e com um número bem menor. O veterinário do Iagro, Nilson José Fiorenza, que trabalha há 32 anos no município, disse que nunca viu algo parecido.

O presidente do sindicato rural de Caarapó, Jesus Camacho, também está participando do levantamento e calcula, que pelo tamanho do rebanho na região (em média 150 mil cabeças em cada cidade), o número final pode passar de 4 mil cabeças de gado mortas em decorrência do frio. “É cedo para afirmar, mas estamos recebendo várias ligações dos produtores e tudo indica que o número vai aumentar”, comenta.

Camacho diz que a situação foi agravada por conta da chuva, não apenas o frio. “A chuva piora, se o chão estivesse seco, o gado poderia deitar e ficar junto, se aquecendo. Mas o pasto estava molhado”, lamenta.

Na região sul as condições das fazendas e dos rebanhos são parecidas, logo, em quase todas as propriedades pode haver perdas no rebanho. Como o fato ocorreu no final de semana, muitos produtores ainda não fizeram a checagem.

Em cidades como Juti (35 bovinos mortos até a manhã de hoje), Paranhos (51), Ponta Porã, Naviraí (120) e Amambai, o Iagro local também recebeu ligações de produtores informando do caso. Esses municípios têm, em média, mais de 100 mil cabeças de gado cada um. Em Naviraí, o rebanho é de 390 mil cabeças.

A previsão do tempo mostra que o frio continua durante esta semana em todo o Estado, principalmente na região sul.

O agrometeorologista da Embrapa Agropecuária Oeste, Cláudio Lazarotto, afirma que mortes em massa de bovinos por choque térmico não são novidade em Mato Grosso do Sul.

Há aproximadamente uma década, afirma, milhares de animais morreram na região do Pantanal por conta da mudança busca de temperatura.

Nelore – No Estado, a maioria das propriedades cria o gado nelore, originário da Índia, um país quente. Os primeiros exemplares da raça chegaram ao Brasil no final do século XVIII, e rapidamente se tornaram a raça de gado predominante no rebanho brasileiro (85% do rebanho total).

A veterinária do Iagro de Antonio João, Angyelaine Fernandes Flores, explicou que o animal não tem tolerância ao frio. “A nossa região é quente, o frio não é constante. Outras raças, como o gado europeu, são mais adaptadas ao frio”, ressalta.

Fonte: Denis Matos – Campo Grande News

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