JBS-Friboi conclui compra da Swift no dia 16
Gitânio Fortes
O Grupo JBS-Friboi conclui no próximo dia 16 a aquisição da Swift Foods Company, informou nesta quinta-feira, 28 de junho, o presidente da JBS, Joesley Mendonça Batista.
Até lá, a expectativa é finalizar a operação financeira para a sacramentar a passagem do controle acionário da empresa norte-americana para o grupo brasileiro. Assembléia geral extraordinária da JBS marcada para esta sexta, 29, deve aprovar a estratégia, que inclui a organização de uma nova subsidiária do grupo.
Os recursos para a aquisição da Swift virão do aumento de capital da JBS. Os 227,4 milhões de ações devem totalizar US$ 950 milhões, obtidos a partir de uma oferta privada de ações. Desse valor, no máximo US$ 750 milhões virão de subscrição do BNDESPar, o BNDES Participações S.A.
Os outros US$ 200 milhões estão comprometidos pelo ZMF Fundo de Investimento em Participação. ZMF são as iniciais de Zé Mineiro e Flora, o casal fundador do JBS-Friboi.
Os valores de US$ 750 milhões, para o BNDESPar, e de US$ 200 milhões, para o ZMF, serão integralmente subscritos apenas no caso de não haver exercício do direito de subscrição pelos demais acionistas da JBS S.A. O prazo para essa decisão vence em 30 dias, no final de julho.
Com essa nova estrutura, a fatia dos atuais controladores do Friboi passa de 77% para 64%. O BNDESPar deve ficar com 13% a 18% da empresa, dependendo de quanto os acionistas minoritárias vão aproveitar da nova oferta de papéis.
Mudança de rota - Pela estratégia original, a holding J&F, controladora de 77% da JBS-Friboi, entraria com US$ 400 milhões no negócio, sendo US$ 225 milhões destinados ao HM Capital, antigo dono da Swift, e US$ 175 milhões para o pagamento de débitos antigos da companhia norte-americana. O negócio se concretizaria com uma nova dívida de US$ 988 miilhões para fechar as contas da Swift.
Agora, o aumento de capital de US$ 950 milhões vai destinar os mesmos US$ 225 milhões para a HM Capital. A principal mudança está num abatimento bem mais expressivo, de US$ 725 milhões, dos débitos antigos da Swift. O negócio fecha com uma nova dívida, mas de US$ 438 milhões, US$ 550 milhões menos que na estratégia anterior.
Com isso, a nova companhia, JBS-Swift, nasce com divída líqüida 3,3 vezes maior que seu Ebtida, sigla que significa lucros antes de impostos, amortizações e depreciações. Na Swift atual, essa proporção é de pesadas 6,5 vezes. Na JBS, de apenas 2,5.
Bônus - Na avaliação da empresa, a integração com a Swift preserva o interesse dos investidores, uma vez que reduz a alavancagem (expresso na proporção dos débitos sobre os lucros anuais da companhia norte-americana) e conseqüentemente o risco da operação.
Joesley Mendonça Batista enfatizou que a nova estratégia não compromete o desempenho dos bônus que a JBS lançou no mercado internacional, antes da aquisição da Swift, anunciada no final de maio. Uma série de papéis captou US$ 275 milhões, vence em 2011 e paga 9,4% ao ano. Outra, com vencimento em 2016, somou US$ 300 milhões, com taxa de 10,5%.
Mesmo assim, a empresa mantém até a próxima terça-feira, 3 de julho, a solicitação de consentimento dos investidores. Em troca se propõe a pagar 1% por papel adquirido por investidor. Se a resposta for negativa, o formato da aquisição não muda. Modifica-se apenas a fonte de recursos para a nova dívida de US$ 438 milhões.
Se houver o consentimento dos investidores, conhecidos como bond-holders no jargão do mercado financeiro, serão emitidos dois novos bônus, para captação de US$ 600 milhões. Se não, a empresa vai recorrer a US$ 500 milhões da chamada conta garantida, uma espécie de cheque especial.
Perspectivas - Joesley Batista disse que, num primeiro momento, é possível elevar o Ebtida anual da Swift de menos de 1% para 2% num primeiro momento. Em dois ou três anos, considera plausível chegar a 4%. A JBS tem registrado margens na faixa de 3% a 6%.
"A aquisição não é alvo atingido, target conquistado. Não é o fim. É o começo de uma etapa de investimentos", afirmou o presidente da JBS. Com a injeção de US$ 950 milhões, mais a rentabilidade que se espera para a Swift, o grupo espera contar, em pouco tempo, com capacidade de investimento de US$ 1,4 bilhão, o mesmo valor aplicado na aquisição da companhia norte-americana.
Esses recursos devem ser investidos no Mercosul, em operações no Pacífico e na divisão de suínos, a mais rentável da Swift nos EUA. Para Joesley Batista, a expansão do JBS-Friboi representa boa notícia para o pecuarista, que conta com "uma empresa mais sólida, mais confiável, mais capitalizada".
Fonte: Portal DBO