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Criação de bezerros: Reposição valorizada mercado

Desde a metade da safra 2013, a procura por bezerros se intensificou

Pelo aparente momento de inversão da curva no ciclo da pecuária, com a arroba do boi gordo sendo negociada a R$ 120 aproximadamente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, por exemplo, é natural a valorização da reposição. Entretanto, a rentabilidade da cria, conhecida como a fase da pecuária que historicamente menos remunera, parece estar subindo de patamar aos poucos na pecuária de corte também por outros fatores.
A opinião é do médico veterinário Edmundo Vilela, da Lageado Consultoria Agropecuária, com sede em Mineiros, interior de Goiás. “Na estação de monta 2011/12, várias regiões de cria apresentaram resultados inferiores de prenhez. Em conjunto com outros motivos, esta situação pode ter diminuído a oferta de bezerros em 2013”, explica Vilela. O veterinário afirma que, desde maio de 2013, o mercado entendeu e absorveu essa valorização do bezerro, que se consolidou. “Já estamos iniciando a safra de desmama de bezerros de 2014 e parece que esta valorização continua. Um novo patamar, ainda mais alto, parece estar se estabelecendo”, adianta.
Edmundo Vilela é um dos profissionais que integra a grade de palestrantes do CONFINAR 2014, simpósio sobre intensificação das atividades agropecuárias que acontece em 6 e 7 de maio na capital Campo Grande. A palestra do consultor abordará o título “Custos e parcerias: o mérito da fase de cria na pecuária moderna” e está prevista para começar às 08h do segundo dia de evento

Mercado
Vilela crê que o preço da reposição seguirá crescente pelos próximos anos e será pautado pela eficiência, de modo a garantir a oferta de gado magro, continuar viabilizando a rentabilidade da recria e engorda e, ainda, fomentando a tecnificação dos sistemas de terminação. “Uma característica que vem alterando as relações de força na pecuária de corte é o surgimento de inúmeros programas de remuneração diferenciada para carnes especiais. Além disso, a irresponsabilidade de políticas populistas dos países vizinhos e as oscilações de câmbio fizeram da importação um risco e a produção destas carnes no mercado interno uma necessidade”, contextualiza o veterinário.

Retorno
Para o consultor, os benefícios do investimento na fase de cria vão além de garantir produtos diferenciados para reposição. Com o uso de IATF, por exemplo, além dos ganhos genéticos, há diminuição do intervalo entre partos através da indução de ciclicidade das vacas paridas. Nos próximos anos, opina Vilela, de carona com a IATF, também ganharão força na pecuária de cria a discussão de aspectos técnicos, como i) custo de prenhez de touro x prenhez de inseminação (hoje o custo está muito próximo e até mais barato que a monta natural, aponta o veterinário), ii) consolidação do cruzamento industrial, em especial com a raça Angus (em 2013, a venda de sêmen da raça Nelore, tanto padrão como mocho, foi superada pela primeira vez pela venda de sêmen de Angus, preto e vermelho) e iii) matrizes começando a produzir mais cedo e retornando mais rapidamente o capital investido.
Vilela entende que esses fatores, somados, fizeram com que novos modelos de negociação se desenvolvessem também entre criadores e recriadores ou terminadores. “Modelos pré-fixados de formação de preços, pagamento de ágios pré-fixados na @ dos bezerros e do boi gordo, contratos de garantia de fornecimento, garantia de fornecimento de genéticas específicas, valorização no valor da @ das fêmeas, fomentos para investimentos em genética e inseminação artificial passaram a ser relativamente comuns em várias regiões do Brasil”, lista.

Fonte: Confinar