Londrina se destaca no melhoramento genético com gado da raça brangus
Londrina é destaque quando o assunto é melhoramento genético para que a pecuária se mantenha como uma atividade extremamente lucrativa e sustentável para o agronegócio.
Dentro desse contexto, a Brangus Brawir iniciou seu criatório da raça brangus na cidade em dezembro de 2014, quando trouxe para sua fazenda dez doadoras com linhagem superior da Argentina. A raça é composta por 5/8 do sangue angus e 3/8 do sangue zebu.
De lá para cá, a empresa de genética animal ganhou diversas premiações e, no último ranking divulgado pela Associação Brasileira de Brangus, obteve o primeiro lugar no Ranking Nacional 2019 – nas categorias Criadores e Expositores.
“Hoje a brangus é a raça que mais cresce no Brasil, já que é um animal que traz a rusticidade do zebu com a qualidade da carne angus. O angus puro é mais sensível diante do clima tropical, o que não acontece com o brangus”, destaca Marcos Sereniski, administrador de fazendas da Brangus Brawir.
A Brangus Brawir mantém duas fazendas em Londrina que criam as vacas produtoras e as vacas receptoras de embriões. Além disso, a empresa de genética animal cria os touros reprodutores desde o nascimento e também gado para produção de carne de qualidade
Aos 24 meses, os touros são leiloados. Neste ano, o leilão foi realizado no formato virtual pelo Canal do Boi, com a comercialização de 45 touros a um valor médio acima de R$ 20 mil, com o destaque chegando a R$ 50 mil.
Os touros criados pela Brangus Brawir são destinados para monta natural, ou seja, para cruzarem livremente, sem interferência do homem, com vacas nelore gerando bezerros comerciais. Além disso, criadores de vacas puras brangus compram os touros reprodutores para melhorar geneticamente o plantel, o que se denomina touro para cabanha. O plantel todo conta atualmente com 3 mil cabeças.
Gerações
A empresa investe na criação de animais de 5ª, 6ª e 7ª gerações. “Quanto maior for o número de gerações, mais conseguimos fixar características da raça, como precocidade, fertilidade, qualidade da carne e alta adaptabilidade ao meio”, explica o médico veterinário especialista em reprodução animal Gustavo Martins Gomes dos Santos. O veterinário é diretor da Sheep Embryo Reprodução Animal, empresa que presta serviço de assessoria reprodutiva para a Brangus Brawir.
A precocidade refere-se a um tempo mais curto para se chegar ao abate. Com relação à qualidade da carne, a raça brangus confere maciez, suculência e marmoreio – gordura intramuscular visível (saudável) que se acumula dentro do músculo e entre os feixes de fibras musculares. É essa gordura que confere muito sabor e maciez à carne.
“A qualidade da carne brangus é semelhante ao angus, com o diferencial de o gado da raça ser mais resistente ao calor”, explicou o veterinário.
A Brangus Brawir produzia de 500 a 700 embriões ao ano. Ao final de 2020, a previsão deverá chegar a quase 1 mil embriões produzidos, sendo parte utilizada na própria fazenda e outra comercializada para centrais de coleta e revenda de sêmen.
Cooperativa oferece carnes nobres
A Brangus Brawir integra a Copcarnes, um grupo composto por mais de 30 cooperados que fornece carnes nobres a região Norte do Paraná.
O administrador Marcos Sereniski explica que a cooperativa estabelece exigências mínimas para comprar o gado dos cooperados, como a precocidade dos animais – abaixo de 24 meses. “Animais com menos de 18 meses, hiperprecoces, geram bonificação, já que a qualidade da carne é ainda melhor”, explicou.
A expectativa nesse nicho, segundo Sereniski, é de crescimento. No ano passado, a Brangus Brawir comercializou 700 cabeças por meio da Copcarnes. “Neste ano, devemos vender 1.000 cabeças até o final do ano”, previu.
A qualidade, diz, é resultado de muito trabalho. “O animal não pode se estressar, tem que ter uma dieta equilibrada para obtermos qualidade. A grande maioria do que comercializamos é abatida muito nova”, pontuou.
Fonte: Folha de Londrina.
Fotos: Gustavo Carneiro