Minas ganha novo frigorífico para exportação
Um novo frigorífico para exportação de carne bovina está sendo implantado em Minas Gerais, agora no município de Unaí, na região Noroeste do Estado, com previsão para começar a produzir entre os meses de março e maio de 2008. Sua capacidade total de abate será de cerca de mil animais por dia. A indústria pertence ao Grupo Arantes Alimentos, de São Paulo, e conta com estímulos do Minascarne, programa criado pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento para modernizar e dinamizar o parque industrial da carne em Minas.
De acordo com o assessor do Minascarne, João Batista de Lima Soares, a empresa projetou as instalações do novo frigorífico numa grande área que era parcialmente utilizada por outra unidade. Ele explica que o grupo Arantes Alimento está familiarizado com o negócio de abate e exportação, contando com indústrias em outros Estados, como São Paulo, Goiás e Mato Grosso.
O novo frigorífico se beneficiará das vantagens de estar localizado em uma região com forte tradição pecuária. Na região Noroeste, o setor ocupa cerca de 38,8 mil pessoas, volume que aumentará com a criação da indústria. A iniciativa do grupo Arantes deverá influir principalmente em segmentos como aqueles que dão suporte à criação do gado na região, que proporciona receita estimada em R$ 119,6 milhões. Os segmentos de matérias-primas para a formulação de ração do gado também são fortes: o milho é responsável por receita anual da ordem de R$ 173,2 milhões, e a soja gera cerca de R$ 357,8 milhões.
O médico veterinário Jeová Chaves Filho, que acompanha as obras do novo frigorífico para verificar o atendimento às normas de inspeção federal (SIF), informa que falta pouco para a indústria entrar em funcionamento. A propriedade foi adquirida pelo Grupo Arantes em fevereiro. A sala de abate montada e pronta para operar é considerada pelo veterinário “a mais moderna do Brasil.” Jeová Chaves acrescenta que só falta montar as câmaras frias, o restaurante e outras dependências, além de alguns acabamentos. “São obras para dois meses, no máximo”, explica.
“A iniciativa do Grupo Arantes em implantar uma unidade em Unaí vai trazer grandes benefícios para a região”, assinala Jeová. Ele assinala que o início de operação do frigorífico é esperado com ansiedade principalmente para os criadores de gado, que enviam diariamente mais de mil bois para o abate em outras regiões do Estado. “A nova indústria tem porte para absorver todos esses animais quando estiver em plena operação”, finaliza.
Suporte do Minascarne
O programa Minascarne deu suporte à reativação de indústrias frigoríficas em diversas regiões do Estado, como Janaúba (Independência Alimentos), Teófilo Otoni (JBS Friboi), Campina Verde (Torlim Produtos Alimentícios), Carlos Chagas (Indústria e Comércio de Alimentos Supremo). Também possibilitou a expansão e modernização das empresas Unifrigo (Pará de Minas), Bertim (Ituiutaba), Frisa (Nanuque), Frigorífico Mataboi (Araguari), Mafisa (Itajubá), Saudali (Ponte Nova), Frigobeti (Betim) e Mafrial (Governador Valadares). Em fase de instalação, há frigoríficos nos municípios de Ponte Nova, Patos de Minas, Montes Claros e Campo Belo que também poderão se beneficiar dos estímulos do Minascarne.
Os recursos para os investimentos nestas indústrias são de aproximadamente R$ 200 milhões. Segundo o assessor do Minascarne, o programa tem a parceria do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), voltado para o fomento das atividades econômicas e apóia a busca de crédito em outras instituições, oficiais e privadas, para o fortalecimento das atividades da cadeia da carne.
João Batista Soares destaca que, por meio do programa, a cadeia da carne se beneficia, nos negócios dentro do Estado, de um regime tributário especial. Há isenção do produto que segue para o frigorífico, e daí para as casas de carne o tributo é de 0,1%. O supermercado que adquire a carne tem 7% de crédito tributário. Segundo o assessor, o Minascarne também dá suporte às indústrias frigoríficas para o atendimento às normas ambientais. O trabalho é feito pela Superintendência de Desenvolvimento Rural Sustentável da Secretaria da Agricultura. “A parceria que mantemos com a Associação dos Frigoríficos de Minas Gerais (Afrig) possibilita a identificação das necessidades do segmento e, se for o caso, a busca de ações públicas que possam atender às demandas”, acrescenta o assessor.
A criação e a reativação de indústrias frigoríficas atendem a um dos propósitos do Minascarne, que é o de eliminar o abate informal no Estado. Uma das iniciativas básicas do programa é o estímulo à melhoria da produtividade nas propriedades. Segundo o coordenador estadual de Bovinocultura da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires, em Minas e no Brasil a taxa de desfrute (abate) do gado oscila entre 20% e 25% ao ano, enquanto nos Estados Unidos é de 35%, no Uruguai alcança 30% e na Argentina, 26%.
De cada cem bois, são abatidos no Brasil entre 22 e 25 por ano, ou 45 milhões de cabeças/ano para o rebanho total da ordem de 200 milhões de cabeças, segundo estimativa da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Minas Gerais, com um rebanho de cerca de 22 milhões de cabeças, abate anualmente em torno de 6 milhões de cabeças.
Fonte: www.agricultura.mg.gov.br