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MT: Transporte inadequado de bovinos pode provocar prejuízos de até R$ 154 por animal

As contusões retiradas das carcaças de bovinos que são levados para o abate representam, ao produtor de Mato Grosso, perdas de até R$ 154 por animal. Um dos motivos que contribui para o aparecimento de contusões, perda de peso, estresse e até a morte do animal é o transporte inadequado da fazenda ao frigorífico. É o que aponta o resultado do projeto "Na Medida", desenvolvido em parceira da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). A iniciativa contou ainda com a participação das empresas Beckhauser e Frialto. As condições das estradas implicam em aumento de custo para o produtor e, por consequência, na redução da renda gerada pela pecuária. A falta de uma infraestrutura está presente em todo o Estado. Nas regiões Arinos e Noroeste, por exemplo, há casos de obras inacabadas, estradas abandonadas e intransitáveis. Em Aripuanã (a 1.002 km de Cuiabá), o acesso é somente por estrada sem pavimentação e com isso o custo de produção é alto e há desvalorização do que produzido. As estradas não pavimentadas estão despreparadas para o período de chuva e alguns trechos chegaram a ficar intrafegáveis em certas ocasiões, quando as precipitações são mais intensas.
De acordo com o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, os prejuízos econômicos podem ser minimizados com a recuperação de estradas. - A cobrança para a melhoria das rodovias é constante e um pedido antigo do setor. Além das perdas na carcaça, o frete tem encarecido o custo de produção da pecuária mato-grossense - enfatiza. O coordenador do projeto e professor da Unesp, Roberto de Oliveira Roça, explica que as contusões provocadas pelo transporte ineficiente depende também da condição sexual e estado físico dos animais.
- Animais mais debilitados são mais suscetíveis às contusões. Machos inteiros são mais resistentes às condições inadequadas de transporte que provocam contusões, porque são mais fortes e resistem melhor às turbulências que ocorrem durante a viagem - pontua, acrescentando que as fêmeas são mais suscetíveis por serem mais fracas e vacas de descarte apresentam maiores contusões devido à idade e ao estado físico. O projeto Na Medida observou ainda que a perda de peso dos animais inteiros foi de 2,68% em relação ao peso vivo. Considerando somente as vacas, a perda média de peso foi de 4,28%.
- Houve casos em que o lote perdeu até 42kg em média por animal durante o transporte, representando 8,3% do peso vivo dos animais - conta Roça. O coordenador da pesquisa destaca que a aplicação de boas práticas desde o processo de vacinação do gado, manejo na propriedade rural, embarque, transporte e desembarque no frigorífico poderiam diminuir com os prejuízos.
- Uma melhoria em todas as etapas de pré-abate, produzirá carcaças com menos perdas para o produtor e carne de melhor qualidade. A melhoria das condições das estradas é fundamental para a toda a cadeia produtiva da carne - finaliza.
Reação vacinal
A reação vacinal pode provocar perdas de até R$ 50 por animal. Os prejuízos econômicos, provenientes de descarte de carnes, são causados por vários fatores, entre eles a aplicação inadequada das doses e a composição das vacinas.
De acordo com o estudo, considerado o valor da arroba do boi em R$ 115, as perdas por reação vacinal podem chegar a aproximadamente R$ 50 por animal.
Na medida
O projeto busca reconhecer os pontos de divergências entre produtores e frigoríficos com relação a rendimento de carcaça. Animais que foram para o abate receberam o acompanhamento do técnico da Acrimat desde o manejo dentro da propriedade até a hora da pesagem de carcaça. Esses animais passaram por cinco pesagens, duas na propriedade, uma no 'balanção' da cidade, uma na balança Peso Vivo, que pertence a Acrimat e está instalada dentro do frigorífico e por último a pesagem de carcaça. As diferenças de pesos entre essas etapas apontaram onde e porque os animais perdem pesos.
Fonte: ACRIMAT