ÂNGELA LINHARES DA SILVA – CRIADORA DA SEMANA

Para "raça forte" permanecer no Brasil Central depende do trabalho de nós criadores e selecionadores

Gaúcha de uma família tradicional na pecuária do Rio Grande do Sul, Ângela Linhares Silva veio ao mundo para somar. Desde criança acompanha o desenvolvimento da estância da família, a GAP Genética. Apaixonada pela área, decidiu cursar a faculdade de veterinária. Hoje é um dos motores que trabalham pela força da genética Brangus, não apenas no sul do país, como em todo o Brasil. Como mulher diz que o papel mais difícil é o de unir tantas funções: mãe, esposa, dona-de-casa e profissional. Mesmo assim, garante que nunca sofreu preconceito no meio rural e hoje se firma como uma das mulheres mais respeitadas no agronegócio nacional. E para conhecer um pouco mais a história de Ângela Linhares da Silva, eu convido você a ler mais um quadro CRIADOR DA SEMANA.

 Associação Brasileira de Brangus - Uma das mais tradicionais cabanhas do Rio Grande do Sul, a GAP já lançou até um livro sobre o seu centenário. Mas me conte um pouco como foi começou a história da empresa com a raça Brangus.
Ângela Linhares da Silva - Nossa empresa dispunha de um grande rebanho Angus (com renome e credibilidade no mercado brasileiro) e, em 1983, fomos procurados pela Comega (já um importante criatório de Brangus) para desenvolver um projeto em âmbito nacional. O objetivo consistia em promover o cruzamento de rebanhos anelorados para a produção de novilhos diferenciados. Foram necessários, para cumprir com este objetivo, muitos touros Brangus. O projeto, chamado Programa Natura, tornou-se em pouco tempo bastante conhecido e nosso Brangus cresceu com ele.    

ABB - Hoje vocês estão presentes em diversos estados. Quais são eles e como o Brangus se coloca em cada lugar?
Ângela - Nossa base é no Rio Grande do Sul, onde a aceitação do Brangus é muito boa. Uma das razões é o clima, muito quente no verão e muito frio no inverno, e a raça se adapta bem a esses dois extremos. Também fomos procurar mercados novos em São Paulo e Mato Grosso, onde hoje sabemos que o cruzamento bem feito é uma ótima decisão para aqueles que querem produzir novilhos mais precoces e com melhor qualidade na carne. E a tendência é os frigoríficos valorizarem mais este produto.  

ABB - E a sua história na pecuária, como foi?
Ângela - Desde criança me interessei pelo manejo da estância, onde morei até os oito anos. Estudando veterinária fiquei mais próxima e fui conquistando um lugar dentro da empresa.

ABB - Atualmente, você é uma das mulheres mais respeitadas no meio do agronegócio, foi difícil alcançar esse lugar? Já sofreu algum tipo de preconceito?
Ângela - O mais difícil é conciliar casa, filhos e trabalho porque sempre viajamos muito por todo Brasil para acompanhar leilões, exposições, visitar clientes e administrar nossos negócios. Preconceito nunca, sempre convivi mais com homens em função do meu trabalho.

 ABB - Qual o futuro da raça Brangus no Brasil em sua opinião?
Ângela - A raça tem seu espaço, mas deve ser considerada sempre suas diferenças de manejo quando introduzida numa propriedade que trabalha apenas com zebuíno. Tem muitas vantagens, mas com mais trabalho. Todas novas técnicas introduzidas para o aumento da produtividade geram mudanças que contém novos custos e requerem mais dedicação.

ABB - A GAP é tradicional também na realização de leilões. Como vê eventos como esse? Acha que os leilões são importantes para reforçar a marca da empresa ou os remates servem apenas para alcançar os melhores preços?
Ângela - O leilão dá oportunidade igual a todos que querem adquirir uma genética superior. Caso contrário ia ser uma corrida para escolher antes. Assim o cliente escolhe o que quer e o mercado  decide o preço.

ABB - E qual será o próximo?
Ângela - No dia 28 de setembro teremos uma oferta inédita. Serão 600 fêmeas registradas e 400 touros das raças Brangus, Angus, Hereford e Braford. O maior volume ficará por conta dos 150 touros e 300 ventres Brangus. Acredito que o maior leilão da raça até hoje realizado. A razão desta grande oferta é de atender a forte demanda atual por ventres de qualidade para quem quer iniciar um plantel.

ABB - Em relação à genética, o que vocês fazem para garantir um melhoramento genético dos animais Brangus?
Ângela - Usamos como principal ferramenta de seleção o programa de melhoramento Natura administrado pela Gensys. Vendemos em torno de 350 touros Brangus.Todos passam por um processo rigoroso de seleção. Os ventres que permanecem na cria são aqueles que também vão se destacar em sua progênie. 

ABB - Como acha que a participação de animais em julgamentos colabora para o rebanho da cabanha?Ângela - Divulgar a marca.

ABB - Agora deixe uma dica aos criadores de Brangus.
Ângela - A garantia da herdabilidade das características importantes para a "raça forte" permanecer no Brasil Central depende do trabalho de nós criadores e selecionadores.

Quer comentar com a Ângela esta entrevista, escreva para ela: angelalinharesdasilva@hotmail.com

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