Novos grandes frigoríficos prejudica a pecuária
A região de Barra do Garça, em Mato Grosso, já foi o melhor lugar do Estado para vender gado. A presença de unidades dos frigoríficos Independência, Margen, Bertin e JBS garantia competição entre eles e a oferta dos preços mais altos para os pecuaristas. De dois anos para cá, Independência e Margen quebraram e o Bertin foi comprado pelo JBS, que ficou sozinho na região e amassou o preço da arroba. "O JBS é o dono do pedaço e paga quanto quer. Barra do Garça agora paga um dos piores preços do Estado", diz Luciano Vacari, superintendente da Acrimat, Associação dos Criadores de Mato Grosso.
Os outros frigoríficos, concorrentes de JBS e Marfrig, também reclamam. Segundo Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo, Associação Brasileira de Frigoríficos. "Tudo bem apoiar o Friboi e Marfrig, mas outros frigoríficos precisam de financiamento e o BNDES só tem dinheiro para os grandes."
De acordo com José Vicente Ferraz, analista da consultoria Agra FNP, a política de criação de grandes frigoríficos do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, deu ao JBS - e em menor escala, também ao Marfrig - uma força desproporcional em relação aos pecuaristas e mesmo a frigoríficos menores. "Isso provoca um desequilíbrio na cadeia produtiva. É perigoso", afirma Ferraz. José Carlos Hausknecht. sócio da consultoria MB Agro, afirma que a estratégia do BNDES é equivocada. "Pelas nossas contas, o JBS hoje tem 80% de seu faturamento no exterior. Por que o BNDES precisa financiar a produção em outros países?", questiona.
Fonte: O Estado de São Paulo