"O preço da carne não vai cair"
O Minerva compõe, com JBS e Marfrig, a trinca dos maiores frigoríficos de carne bovina do Brasil – que é, por sua vez, o maior país exportador desse mercado no mundo. A produção brasileira tem crescido, as empresas do setor são hoje multinacionais consolidadas (o Minerva tem unidades no Paraguai e no Uruguai e exporta para mais de 100 países), mas o consumidor final por vezes não entende, no supermercado, por que a carne está tão cara.
Boi no pasto: a produção brasileira cresce, mas o consumo cresce mais ainda
- Picanha, a rainha do churrasco
O aumento do consumo é a razão do encarecimento, segundo Fernando Galletti de Queiroz, principal executivo do Minerva, empresa com dez unidades de produção e receita de R$ 3,8 bilhões nos 12 meses acumulados até junho. E o preço não deve cair, segundo ele. “É muito difícil que os preços voltem aos patamares de antes de 2008”, afirma.
Leia a seguir trechos da entrevista de Queiroz ao iG:
iG: O que tem deixado o preço da carne tão alto?
Fernando Galletti de Queiroz: O aumento da demanda. O Brasil e os países emergentes têm elevado seu padrão de consumo, e os primeiros produtos a refletir isso são as proteínas animais. Há uma busca por melhor qualidade no que se consome.
iG: Só o aumento da demanda explica o encarecimento?
Queiroz: Há uma alta geral do preço das commodities por causa do aumento do consumo no mundo todo. Mas o ajuste de preços não é negativo em todos os aspectos. Existe um reequilíbrio no perfil de consumo. Hoje, com o aumento da renda, o peso dos alimentos no total do consumo (das famílias) é proporcionalmente menor.
iG: O preço da arroba do boi está hoje próximo de R$ 100 e chegou no ano passado a atingir a marca de R$ 120. Há alguma chance de o preço da carne voltar a patamares menores, de três ou quatro anos atrás?
Queiroz: Todas as commodities estão hoje mais caras do que estavam em 2007 ou 2008. É muito difícil que os preços voltem aos patamares de antes de 2008.
iG: Não existe espaço para a carne baratear?
Queiroz: Pode haver uma variação dos preços por causa da volatilidade, mas o preço no nível que se via no passado não deve ocorrer.
FONTE: IG