Panorama no Brasil Central

A raça tomou conta do Mato Grosso do Sul e está expandindo
para outros estados.

O zootecnista Luiz Carlos Tayarol atende o Centro-
-Oeste brasileiro há dez anos e tem acompanhado de
perto o crescimento da raça. Atendendo sete propriedades
que criam Brangus, para ele a raça fala por si. “O
pessoal no Mato Grosso do Sul tem comprado muito
sêmen Angus para obter o Brangus. Enfrentam alguns
problemas de carrapato mais ao Norte. No Mato Grosso
do Sul o Angus anda bem, mas de Campo Grande para
cima não dá! Só Brangus, pois a região é muito quente e
o clima é mais árido”, ressalta. Aos mais resistentes em
criar Brangus, ele aconselha que conversem com criadores
e visitem as propriedades de quem cria. Afirma
que o resultado é um ano de abate antecipado nos
machos que não servem para reprodução e um ano de
entoure mais cedo nas fêmeas, sem falar no resultado
do produto final.
A raça tomou conta do Mato Grosso do Sul e está expandindo
para outros estados, como Goiás, onde já existem
diversos criadores, São Paulo e Mato Grosso. Para ele o problema
no centro do país é o que fazer com o excedente das
fêmeas Nelore, visto que elas demoram a engordar. “Quando
existe o cruzamento, a heterose, esse choque entre os
sangues, resulta em precocidade e ganho de peso mais rápido”,
acrescenta Tayarol.
Criador na cidade de Jaciara, sul do Mato Grosso, Jorge
Oliveira Santana vende Brangus para toda a região central
do país. Ele afirma que a raça está consolidada, sem precisar
provar nada a ninguém, pois o desmame dos terneiros
se dá com pelo menos 10% a mais de peso, sendo que tanto
fêmeas quanto machos ganham em precocidade. Segundo
ele, o aumento de criadores na região aumentou devido às
Inseminações Artificiais em Tempo Fixo (IAT F). No entanto,
diz que a região sofre ainda com a falta de informação
sobre o Brangus, o que leva a certa resistência dos produtores
mais tradicionais em aderir ao sangue europeu. “Alguns
produtores ainda possuem resistência em assimilar e criar
as raças europeias. No Centro-Oeste ocorreu a mesma coisa
que aconteceu com os zebuínos no Sul, onde a gauchada
considerava o gado muito brabo”, compara o produtor, que
também vende touros para os Estados do Pará, Rondônia e
Amazonas.
Santana garante que quem usa Brangus pela primeira vez
retorna a usar. Mas em contraponto aos criadores desinformados
estão alguns consumidores que, conforme Santana,
já sentem no paladar a diferença no sabor da carne. “Eles
pedem que a carne tenha cruza com Angus. Inclusive existe
um mercado em Cuiabá que lançou uma linha que só
vende carne de origem europeia”, destaca o produtor. Ele
admite que o Angus sofre muito por causa do carrapato e
das pastagens ruins, mas ressalta que quem cria sangue
europeu tem uma valorização especial por parte dos frigoríficos
na hora da venda.
O fator precocidade é, talvez, o principal motivo que faz
com que o cruzamento industrial seja muito utilizado em outros Estados. Os criadores estão convencidos
de que usar genética Brangus
é sinônimo de antecipação dos lucros.
“O Brangus viabiliza um sistema de
produção oferecendo animais precoces
e com alto potencial para produção de
carne com qualidade. O pecuarista tem
um incremento positivo e um giro de capital
mais rápido em sua propriedade”,
afirma a zootecnista superintendente
do Serviço de Registro Genealógico da
Associação Brasileira de Brangus (ABB),
Renata Pereira.
Conforme o relatório da Associação
Brasileira de Inseminação Artificial
(ASBIA) divulgado em 13 de fevereiro
de 2012, sobre a movimentação de
sêmen no Brasil, a raça mais vendida
foi a Nelore. Com mais de 3 milhões de
doses vendidas, atingindo um crescimento
de 54% nas vendas nos últimos
três anos, foi seguida pela Angus e
Red Angus, que comercializaram mais
de 2,3 milhões de doses em 2011. Os
resultados destes dados reafirmam
o discurso de Fernando Velloso, pois
muito do sêmen Angus é usado para
inseminar ventres Nelore. E o Brangus
vendeu 80.903 doses, sendo 29.764
nacionais e 51.139 importados. “A
demanda por sêmen de touros Brangus
está elevada. Prova disso são os
pedidos de nacionalizações de sêmen
importado que têm chegado na ABB”,
completa Renata.

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