Pecuaristas Querem Discutir Com Abras
O presidente da Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Costa Guedes, se reuniu ontem, em São Paulo, com dirigentes da Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), para propor uma discussão sobre a moratória imposta sobre a comercialização da carne bovina. A ideia é realizar uma reunião entre os supermercadistas e as principais entidades da pecuária de corte, "que até agora não foram chamadas para conversar sobre os critérios da moratória".
Segundo Guedes, os criadores querem discutir a certificação ambiental da moratória, pois "as questões relativas ao trabalho escravo e infantil devem ser tratadas como caso de polícia". Ele elogiou a iniciativa dos supermercados de criar um programa visando a garantir a sustentabilidade da carne comercializada no varejo, mas criticou o fato de as regras não terem sido discutidas com o setor produtivo, principalmente em relação aos custos da certificação.
O programa "Boi Guardião", lançado ontem pelo ministro Reinhold Stephanes no Pará, para evitar que a pecuária avance em áreas de florestas no bioma amazônico, também foi elogiado pelo dirigente do CNPC, que, entretanto, ressaltou a necessidade de aprimoramentos. Ele citou como exemplo o Sisbov (programa de rastreabilidade da pecuária de corte), "que durante sete anos foi imposto goela abaixo ao criador e agora está sendo revisto, após discussão com o setor produtivo".
Costa Guedes disse que as discussões em torno da moratória da carne devem ser feita de modo racional, em bases científicas e legais, para não comprometer os esforços feitos para garantir a imagem da pecuária brasileira no mercado internacional, principalmente na questão sanitária.
Ele afirmou que uma das preocupações do conselho é com a possibilidade de adesão da Venezuela ao Mercosul sem que o país assuma o compromisso de erradicação da febre aftosa em seu território. "A Venezuela tem 100 focos de aftosa sem que isto seja problema, mas apenas um foco no Brasil poria em risco nossas exportações", disse ele.
Fonte: Agência Estado