Pioneirismo que valeu a pena

Responsável por introduzir a raça brangus.

Tudo começou há 30 anos, quando a raça sintética mais difundida no
país ainda era uma incógnita. e eles resolveram investir. “introduzimos
o cruzamento industrial com angus nessa época em orlândia
(SP), na Fazenda Paineiras, e nas cidades goianas de Bom Jesus e
nova crixás. Fomos criadores de Brangus pioneiros em Goiás e em São Paulo”,
orgulha-se o fazendeiro roberto Junqueira netto.
a base do plantel foi um rebanho nelore Po – puros de origem – mocha e
padrão que vinham selecionando desde 1964. “os produtos F1 angus x nelore
eram espetaculares e começamos a reter as fêmeas F1 para formar a raça Brangus
através do método tradicional cruzando com zebu e por fi nal com o angus,
e também pelo método de absorção, usando touros 3/8 nas ½ sangue e assim
por diante”, explica o criador.
concomitantemente a este processo começam a adquirir de criatórios modelos
do rio Grande do Sul – GaP e cabanha Paineiras, por exemplo – fêmeas
Brangus 3/8 registradas. Deixam o rebanho mais apurado concentrado em orlândia
até meados de 1997. Depois, a concorrência com a cana-de-açúcar – por
causa da valorização da terra – os obriga a transferir todo gado Brangus para
Goiás, na Fazenda São luiz – onde se concentra, hoje, em torno de 10.000
cabeças – deixando em São Paulo somente os animais de elite para exposições.
como o clima no norte de Goiás é mais quente e árido do que em São Paulo,
as vacas 3/8 mais britânicas sentem a intempérie e começam a perder adaptação
ao meio. em 2001 iniciam a cruzar fêmeas Brangus com touros Brahman
formando um gado entre o ¾ e o 5/8 zebu. as fêmeas com esse grau de sangue
se mostram altamente adaptadas e com ótimos índices zootécnicos, desmamando
terneiros mais pesados, uniformes e com o grau de sangue apropriado para
o calor intenso do norte goiano.
a partir de 2010, com a ideia de estabilizar o rebanho de fêmeas num grau
de sangue mais azebuado, inicia o uso de touros Brangus ¾ e 5/8 zebu nas
vacas com o mesmo grau de sangue.
no gado comercial utiliza angus em vacas nelore através de inseminação
artifi cial em tempo Fixo (iatF) e repasse com Brangus e Brahman vermelho.
como o terneiro Brangus se valorizou muito em Goiás, começa a vendê-lo na
desmama em um leilão organizado pela propriedade, que se realiza em nova
crixás, norte de Goiás. “em 2011 a média dos terneiros Brangus comerciais
com idade entre sete e dez meses, pesando em torno de 240 kg, foi
de R$ 930. no mesmo leilão os terneiros nelore comerciais fi zeram média
de R$ 810, ou seja, diferença de 13%”, compara Junqueira. e completa:
“o terneiro Brangus bem criado, desmamado com média de 240 kg aos oito
meses, chega aos 20 meses com 400 kg, peso bom para ser confi nado durante
60 dias e abatido dos 18 aos 24 meses”.
Sendo o terneiro Brangus mais pesado que o Nelore – com a mesma idade
e criados em condições semelhantes – a produção de quilo de terneiro desmamado
por hectare favorece o bolso do criador, tanto para vender no desmame,
como para fazer recria.
Na Fazenda Paineiras, onde mantém um rebanho de 6.200 cabeças, funciona
a operação de terminação a pasto – cerca de 1.200 reses – e confinados – em
torno de 5.000. “O Brangus encanta os compradores de boi e geralmente os
frigoríficos pagam preços diferenciados por eles. Mas as tabelas de bonificação
ainda precisam ser melhoradas e isso só acontecerá se a quantidade de oferta
aumentar significativamente”, pondera Junqueira. Em São Paulo a meta é ter
100% machos Brangus, com maior valor agregado para compensar o alto preço
da terra e a concorrência com a cana-de-açúcar. A maioria do gado confinado
em Orlândia vem das compras de terneiros de Goiás. O percentual de compras
de sêmen Brangus ainda é baixo, mas a tecnologia de IAT F está crescendo e
sendo bem difundida no Vale do Araguaia, região que abrange o município de
Nova Crixás. “Acho muito importante criar novas linhagens de Brangus cruzando
Angus com Nelore, depois cruzando o ½ sangue com Brahman e na matriz ¾
zebu, usar Angus novamente para fazer o produto 3/8 clássico ou cruzando o
3/4 zebu com touros 3/4 ou 5/8 zebu para fazer avanços de geração com grau
de sangue mais azebuado”, aposta Junqueira. “Estamos usando, por exemplo,
matrizes base Brahman vermelho para fazer o Brangus vermelho e refrescar
um pouco o sangue desta variedade de cor, que carece de bons touros, pois
a genética do Brangus preto é considerada melhor que o vermelho”, acredita.
“Vamos formar novas linhagens dentro do vermelho para suprir essa carência”,
completa Junqueira.
O uso do touro Brangus em vacas Nelore é a maneira mais barata de injetar
sangue Angus nos produtos comercias, pois inseminar exige mão de obra mais
qualificada, uso intenso de insumos (sêmem, nitrogênio, hormônios etc). “Temos
que olhar bem para o custo da IAT F, pois com índices de prenhês abaixo de
50% a técnica pode gerar um custo de mais de R$ 100 por terneiro nascido vivo.
Enquanto que na monta natural esse custo fica em torno de R$ 25”, finaliza,
completando que um reprodutor ainda é bem mais barato para se usar em vacas
paridas, mas que ainda têm de melhorar a qualidade genética e a adaptação ao
meio dos touros de maneira geral.

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