Pontos Críticos do Confinamento

O confinamento é prática  cada vez mais comum entre criadores de gado que pretendem intensificar a produção e ao mesmo tempo aliviar a pressão de pastejo. Sua execução depende de certos pontos críticos estarem funcionando corretamente. Por isso o objetivo deste texto é enumerá-los e discutir como podemos organizar da melhor forma possível um confinamento. 
O pesquisador Sérgio Raposo de Medeiros, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, enumera os dez pecados praticados no confinamento: improviso, problemas nas instalações, tratamentos sanitários insuficientes, seleção errada de animais, lotes heterogêneos, dieta inadequada, falta de adaptação ou adaptação insuficiente, manejo da alimentação incorreto, ponto de abate e menosprezo da importância da água.
O improviso, apontado por ele, é erro grave e capaz de comprometer todo o sistema. “A grande vantagem do confinamento é que tudo que entra deve sair. É possível fazer um confinamento sem prejuízo. Confinamento é igual a planejamento, demanda competência de gestão, sem esse compromisso é melhor não fazer”, afirma o cientista que desenvolve pesquisas na área na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS).
Por sua vez, os problemas nas instalações envolvem, principalmente, má drenagem, falta de inclinação do terreno, inclinação contra o cocho e espaço linear insuficiente. Já os tratamentos sanitários dizem respeito a seguir as normas sanitárias vigentes, os calendários de vacinação e vermifugação, pois qualquer aglomeração potencializa os riscos de epidemias.
A seleção inadequada de animais e os lotes heterogêneos são outras penalidades. O agrônomo Sérgio Raposo explica que deve-se selecionar animais com alto potencial de ganho, grau de terminação de “meia-carne” para baixo, em bom estado geral de saúde e, de preferência, homogêneos. Os lotes homogêneos, continua Raposo, “facilitam o manejo, reduzem o estresse, evitam problema de consumo, melhoram o desempenho e permitem a redução em vendas picadas”.
Como pesquisador em nutrição animal, ele aponta a adoção de uma dieta incorreta, como uma das fases em que o produtor pode perder mais dinheiro. Para cada situação há a dieta ideal. A relação volumoso – concentrado recomendada é aquela em que se obtém o menor custo em arroba produzida com segurança.
O próximo ponto crítico é a falta de adaptação ou adaptação insuficiente. Isso pode gerar distúrbios nutricionais, dificultar a estabilização do consumo e reduzir o desempenho temporariamente. A seguir, está o manejo da alimentação, no qual os erros mais frequentes, mencionados por Sérgio, são o não monitoramento do consumo, a diluição do concentrado com o volumoso, o fornecimento em uma única refeição ou com espaço de tempo insuficiente entre refeições e dietas mal misturadas.
O ponto de abate e o menosprezo à importância da água fecham a lista. Para o especialista, os animais terminados não devem ser mantidos no confinamento pois sua eficiência alimentar é prejudicada nessa fase, assim a relação custo-benefício do animal torna-se negativa.Deve haver água de qualidade à vontade para o rebanho,uma vez que a digestão e todos os outros processos metabólicos dependem diretamente da água.
Caso tais pontos críticos sejam observados pelos confinadores, os mesmos terão uma ferramenta de intensificação da atividade pecuária, que adianta o abate, consequentemente, o faturamento, reduz a carga animal na pastagem e melhora a qualidade da carne. “Os resultados positivos vão além do confinamento”, conclui Sérgio Raposo.

Fonte: Embrapa Gado de Corte / Assessoria Brangus

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