Consultores apostam na carne 2015 e no ajuste fiscal
Proteína animal tem futuro promissor, mas futuro mais lucrativo depende da real intenção da nova equipe econômica federal
O ano de 2015 vai ser marcado por controle de gastos públicos e baixo crescimento, mas não deve provocar queda no preço da carne bovina brasileira. O preço pago pelo bezerro e boi gordo vai continuar firme. E o Brasil deve seguir produzindo carne de maior qualidade, mas isto não significa copiar padrão de outros países. Estas foram as três principais mensagens que emergiram do Encontro de Analistas, um evento realizado nesta sexta-feira, dia 28, em São Paulo, numa promoção da Scot Consultoria. O evento reuniu criadores, pesquisadores do segmento e profissionais que trabalham na gestão de fazendas e propriedades que atuam com a pecuária de corte. O Encontro de Analistas foi dividido em três painéis. O primeiro teve como tema a Macroeconomia e os reflexos na Pecuária Brasileira, discutido por economistas, líderes de entidades e especialistas. Eles falaram sobre as crises envolvendo a Rússia, os Estados Unidos e a União Europeia, estagflação, política cambial, o papel da China, demanda mundial e projeções de preços das commodities, mercados externo e interno, o que esperar do novo governo e o papel do Brasil na oferta de grãos e carnes no planeta. Participaram o economista Alexandre Mendonça de Barros; Decio Zylbersztajn, do Pensa (Universidade de São Paulo); Felipe Miranda, economista e autor do livro " O fim do Brasil"; Giovana Araújo, analista do Banco Itaú; Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), e Sérgio de Zen, do CEPEA USP. Alcides Torres, o "Scot", foi o moderador de todos os paineis.
"Exceto o emprego, todos os índices da economia brasileira vão mal. E as variantes de preços no mercado de carnes do Brasil estão mais complexas. Por exemplo, o consumidor do frango prefere não comer mais aves e comprar uma carne bovina mais barata quando a coisa aperta. É esperarmos para ver se o novo Ministro da Economia (Joaquim Levi) vai se comportar como o liberal que sempre foi ou se bandeou para quem acha que desenvolvimento combina com justiça social, presença forte do Estado na Economia e descontrole de gastos e preços", resumiu Alexandre Mendonça de Barros.
Depois, foi a vez de discutir o mercado do boi gordo e as melhores estratégias para deixar o negócio mais rentável. André Bartocci, criador da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB); Fábio Dias, da Agropecuária Santa Bárbara; Gustavo Aguiar, da Scot Consultoria; Otávio celidônio, do IMEA; Rodrigo Albuquerque, da Fazenda Burutis e Marca, além de Sérgio de Zen. Eles discutiram as questões dos preços, consumo, oferta, mercado interno, balanço do ano, perspectivas, bezerro em alta e recuperação da margem da cria, custos da pecuária, os impactos trabalhista, ambiental e fiscal; seleção de produtores de grande porte, concentração no setor de insumos, proibição das avermectinas, rentabilidade da pecuária e da agricultura, novos entraves na exportação de bovinos vivos, expectativas para a oferta de bovinos, a participação das fêmeas no abate, intenção de confinamento, o melhor momento de comprar insumos e as ferramentas de proteção de preços.
"Os preços podem até cair um pouco no ano que vem, mas seguirão firmes. E os pecuaristas precisam continuar pensando em investir, pois eles são obstinados. Mas é bom ter cautela, manter os custos sob controle e caprichar na gestão. O mercado internacional ainda é incerto e não sabemos exatamente sobre as consequências da seca em2014 e dos reais propósitos da nova equipe econômica do governo federal", sintetizou Sérgio De Zen.
E, por último, a qualidade da carne, os nichos de mercado e as oportunidades, com Lucas Ferriani, do Minerva Foods; Roberto Barcellos, do Beef & Veal, Sérgio Pflanzer, da Universidade de Campinas (Unicamp), Eduardo Fornari, do Vermelho Grill; Gustavo Faria, do McDonald's, e Marcelo Shimbo, da Prime Cater. Eles discutiram o quanto a crise atrapalha o nicho de carnes especiais, as dificuldades e osdesafios da criação de uma marca de carne, as boutiques de carnes, agregação de valor, problemas e soluções da regularidade de produção, exposição do produto, p rogramas de bonificação e exemplos de sucesso. "Se falarmos de boi inteiro, não trataremos de carne de qualidade. Mas, ao mesmo tempo, há mercado para vários tipos de consumidor. O negócio é que vai definir o cliente a ser atendido, o que ele deseja. Porém, em todos os casos, o primordial é ter padrão. O produto precisa chegar com entregas homogêneas, sem surpresas negativas", resumiu Roberto Barcellos.
Fonte: Revista Beefworld