Associação Brasileira de Brangus

View Original

Raça japonesa testa cruza com Brangus

Belarmino Iglesias, da rede de restaurantes Rubaiyat, usa sêmen de Wagyu em 5.500 fêmeas Brangus

J.M. Nogueira de Campos

Disposta a ver a carne de sua raça, num primeiro momento, provada e aprovada pelo consumidor brasileiro, para depois buscar os mercados externos, de forma consistente e sem aventuras, a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu, de origem japonesa, está à procura de parceiros, e já tem alguns de peso.

Um deles é Berlamino Iglesias, da rede de restaurantes Rubaiyat, que está utilizando sêmen de Wagyu sobre 5.500 fêmeas Brangus (Angus-Nelore), para obter uma carne já batizada como Tropical Kobe Beef, que se caracteriza “por excelente maciez, suprema suculência e sabor inigualável”, como destaca o criador e restauranteur.

Outro forte pecuarista que já se definiu pelo mesmo programa é John George de Carle Gottheiner, da Fazenda Bosque Belo, que realiza os cruzamentos utilizando 4.000 matrizes nos Estados de Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Diferentemente da preocupação habitual dos criadores brasileiros, que buscam uma carne com gordura de cobertura (inclusive para atender à necessidade dos frigoríficos, que precisam proteger as carcaças do escurecimento, nas câmaras frias), o cruzamento Wagyu-Brangus se destaca por produzir uma carne com gordura entremeada, que se destaca nitidamente do músculo propriamente dito.

A associação tem pouco mais de 30 filiados, segundo Rogério Satoru Uenishi, seu superintendente técnico, e soma um rebanho na casa dos 10.000 exemplares, entre puros e cruzados.

Início em 1992 - A introdução da raça no País aconteceu em 1992, em trabalho pioneiro da Yakult, que importou um casal de animais Wagyu dos EUA, mas com ascendência comprovadamente japonesa.

Em 1996, 97 e 98, foram feitas importações de sêmen e embriões de criadores dos EUA e do Canadá. Hoje, a central Sersia Brasil, sucessora da Yakult na área de genética bovina, com sede em Bragança Paulista, coopera na promoção da raça no Brasil.

O rebanho no Japão soma 1,730 milhão de animais Wagyu. Cruzados, em geral com gado leiteiro, há 1,053 milhão. A pecuária japonesa conta ainda com 1,609 milhão de exemplares na produção de leite.

Com mais de 75% de seus bovinos tendo tipificadas a carcaça e a cor da carne, os japoneses têm no Wagyu seu mais típico padrão de animal para abate. Esse trabalho é feito pela Japan Meat Grading Association, que classifica o padrão de cor da carne e o da cor da gordura em sete tipos diferentes.

As carcaças são identificadas em três tipos, A, B e C, de acordo com seu rendimento frigorífico (de 72% a abaixo de 69%), atribuindo notas de 5 (excelente) a 1 (ruim) à qualidade da carne, que igualmente pontua o marmoreio, a cor da carne, sua textura e firmeza, e a cor e a qualidade da gordura.

Fonte: Portal DBO