Rússia volta a ser maior consumidora da carne bovina de MT
A Rússia retomou sua posição de maior mercado consumidor da carne bovina processada em Mato Grosso. Em janeiro, os russos abriram as portas definitivamente para a produção estadual e responderam por mais de 18,2% de tudo que o Estado embarcou no primeiro mês de 2014. Os números, conforme destacam os analistas de pecuária do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), surpreenderam já que em 2013 a média anual fechou com zero.
Até que os russos retomassem sua posição de destaque entre os maiores consumidores da carne bovina de Mato Grosso, o mercado andou, optou por novos negócios e nesse intervalo entre alguns embargos da Rússia à produção local, os países árabes ganharam destaque, peso financeiro e a dianteira do comércio com o Estado. As mudanças foram tão profundas de 2010 para cá – mais fortemente em 2012 – que a BRFoods, ex-Sadia, com sede em Várzea Grande (MT), exporta 70% da carne bovina e 100% do abate é Halal. De acordo com as exigências das Embaixadas dos países islâmicos, esse abate deve ser realizado em separado do não-Halal, sendo executado por um mulçumano mentalmente sadio, conhecedor dos fundamentos do abate de animais no Islã.
A análise do Imea vem de dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). “O resultado de janeiro trouxe surpresas no ranking dos principais destinos das exportações mato-grossenses. A mais importante delas é a volta da Rússia como o principal importador de carne mato-grossense”, frisam os analistas. A Rússia, por coincidência, é uma das oito seleções que virão jogar em Cuiabá durante a Copa do Mundo, que será realizada de junho a julho deste ano. Entre as elas estão ainda Colômbia, Chile, Austrália, Japão, Coreia do Sul, Bósnia e Nigéria.
O volume exportado em janeiro deste ano para os russos foi de 5,15 mil toneladas equivalentes de carcaça (TEC), participando assim com 18,25% das exportações do Estado. “Outro país que surgiu entre os principais exportadores em janeiro foi o Egito, responsável por 17,58% de participação e somando um total de 4,96 mil TEC, uma nova surpresa”.
Completando o ranking dos três principais destinos está o Oriente Médio, com 16,80% das exportações e 4,74 mil TEC compradas de Mato Grosso. O destaque negativo ficou por conta da Venezuela, que despencou no ranking de volume exportado, já que em dezembro do ano passado o país importou 9,58 mil TEC e em janeiro de 2014 o volume caiu para 3,91 mil TEC ou 13,86% de participação do total.
Receita - A curiosidade do ranking fica também por conta da receita obtida com as exportações. Mesmo liderando os volumes físicos, os russos não geraram as maiores receitas. O maior valor agregado ficou com a Venezuela, que importou US$ 15,92 milhões, seguida do Oriente Médio, US$ 15,76 milhões e Rússia com US$ 15,62 milhões. Ainda comparando a primeira média do ano de 2014 com a média do ano passado os negócios do Oriente Médio encolheram 10% e a Venezuela aumentou em 15,3%.
Ainda conforme os dados da Secex, avaliados pelo Imea, Mato Grosso que detém o maior rebanho bovino do país, fechou janeiro de 2014 como o segundo maior exportador de cortes bovinos atrás de São Paulo e quase 44% dos envios saíram do porto de Santos (SP) e outros 43,2% via São Francisco do Sul (SC).
Embargo – Depois de muitos problemas de ordem sanitária, questionamentos sobre a qualidade dos cortes e embargos, os russos voltaram a liderar o ranking estadual. Até que as relações comerciais fossem retomadas, a indústria e os pecuaristas de Mato Grosso aguardaram dois anos seguidos para que o último embargo à produção fosse suspenso, algo que só foi confirmado em outubro do ano passado.
Mato Grosso, um dos maiores exportadores nacionais da carne, e estava desde junho de 2011 sem exportar para Rússia, por conta de um embargo declarado em junho daquele ano e que atingiu 85 frigoríficos de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná de aves, bovinos e suínos.
Brasil – Ontem, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) divulgou o resultado das exportações nacionais em fevereiro. Esse mês marcou um crescimento no ritmo dos envios da carne bovina brasileira pelo mundo. Com um total de 140,5 mil toneladas de carne negociadas, os frigoríficos registraram um forte incremento de 45,2% em volume de produtos negociados. Os bons resultados também foram identificados no faturamento das empresas, que cresceu 40,3%, ultrapassando a marca de US$ 613,4 milhões.
Hong Kong foi o principal mercado para a carne brasileira no segundo mês de 2014, somando US$ 128 milhões, seguido da Rússia, com um faturamento de US$ 96,1 milhões.
Fonte: Portal da Agricultura