Setor de carnes tem nova entidade
Foi criada, recentemente, mais uma associação dentro do setor de carnes: é a União Nacional da Indústria e Empresas da Carne (Uniec), com sede em Brasília (DF). A nova entidade é derivada da União das Indústrias Exportadoras de Carne do Estado do Pará. “Resolvemos torná-la de âmbito nacional para, com isso, avançar nas propostas para o segmento”, diz o presidente da Uniec, Francisco Victer, que também era o presidente da extinta entidade paraense.
A Uniec começa com seis associados, entre eles frigoríficos do porte de JBS, Xinguara e Rio Maria, “que têm pelo menos uma planta no Pará”, diz Victer, acrescentando, porém, que o objetivo é reunir mais frigoríficos de outros Estados, além de empresas ligadas ao setor de carnes, desde a ponta da pecuária em si até a transportadora e também a ligada ao comércio.
“Na verdade, uma das propostas da nova associação é passar a ver o setor não mais como produtor de carne, mas como produtor de proteína animal, independentemente de que espécie animal venha esta proteína, seja de bovinos, suínos, aves e até espécies aquáticas”, frisa Victer. Outro ponto que Victer faz questão de destacar é que a entidade não veio competir com outras já consolidadas, sobretudo no setor de bovinos, como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) ou a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) ou a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef).
“Estamos surgindo para somar esforços”, explica Victer. “Essas entidades foram e ainda são fundamentais para estimular o aumento do rebanho e abrir mercados à carne brasileira – o que tornou, por exemplo, o País o principal exportador mundial de carne bovina”, diz.
Assim, uma das propostas da Uniec é pensar além da abertura de mercados e ficar atenta à manutenção desses clientes, dando à carne vantagens comparativas e competitivas. “Aí entram os aspectos sanitários, ambientais, trabalhistas e reconhecimento de uma série de vantagens que tem a carne brasileira”, explica o presidente da Uniec.
Ainda na visão do representante da nova entidade “é preciso pensar em produzir carne que venha com menos resistência e questionamentos, dando a garantia aos mercados já conquistados de que nossa carne é boa, barata e não carrega problemas que antigamente não eram tão valorizados, mas que hoje estão na ordem do dia das discussões, como questões sociais, ambientais e sanitárias”, diz Victer. Basta ver o atual bloqueio das exportações de carne para os Estados Unidos pela detecção de lotes com ivermectina, vermífugo utilizado nas criações.
Outra questão que Victer acha importante destacar e que, na visão dele, a Uniec tem muito a contribuir é em relação à pecuária e meio ambiente, “já que nós acumulamos uma boa experiência no Pará, após o Ministério Público ter exigido, em 2009, que os pecuaristas assinassem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), se comprometendo com a preservação ou recomposição de florestas por intermédio do cadastro ambiental rural. “No prazo de menos de um ano quase 50 mil produtores fizeram o cadastro ambiental”, diz Victer. “Assim, ao se apresentar e apresentar oficialmente a sua propriedade, o pecuarista garante sua responsabilidade sobre aquilo, sobre o passivo ambiental ali existente e sobre preservar o que existe de floresta em sua propriedade e dentro da lei”. Esses 50 mil produtores paraenses, segundo Victer, já representam a quase totalidade dos pecuaristas comerciais do Estado, “sem, obviamente, contar os clandestinos, que trabalham ao arrepio da lei e serão engolidos neste processo massivo de regularização”, acredita.
FONTE:ESTADÃO.COM.BR