Tese de doutorado usa animais Brangus
Estudo prova que aumento de cobre e selênio na ração bovina reduz colesterol da carne
O aumento dos níveis de cobre e selênio em suplementação de ração de bovinos mantidos em confinamento diminuiu em até 30% a quantidade de colesterol na carne bovina, mais especificamente no músculo conhecido popularmente como contrafilé (Longissimus dorsi). O estudo fez uso de bois da raça Brangus e constituiu a tese de doutorado do zootecnista Gustavo Del Claro, na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga.
As doses dos minerais na alimentação dos animais foram aumentadas em quatro e dez vezes, para o cobre e selênio, respectivamente, em relação à exigência do Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos. Essa técnica só havia sido utilizada em animais não-ruminantes, de acordo com Del Claro, o que suscitou dúvidas quanto à validade da experiência no meio. “Os níveis de selênio e de cobre usados são próximos do tóxico e empresas que produzem ração bovina questionaram se o acúmulo de cobre poderia prejudicar o desempenho do animal”, idéia que o zootecnista nega. “Não houve problemas para a saúde do animal durante o período de 131 dias no qual se usou a suplementação”, reitera Marcus Antônio Zanetti, professor orientador da tese, o qual, no entanto, recomenda a supervisão de um zootecnista para adoção da técnica ou utilização por um período superior ao do estudo.
O cobre atua na diminuição da enzima glutationa reduzida (GSH) no fígado dos bois. A GSH participa da síntese do colesterol no bovino. O mineral taambém age no aumento da glutationa oxidada (GSSG), que diminui a atividade da enzima HMG-CoA redutase, responsável pela regulação da síntese de colesterol nesses animais.
A raça Brangus foi usada no experimento porque, segundo Zanetti, está entre as de melhor qualidade de carne e possui a “gordura de marmoreio” ou “gordura marmorizada”, que se localiza entre as fibras musculares e é associada diretamente à maciez da carne.
Custo
Um problema relativo ao maior uso de cobre na suplementação de ração bovina poderia ser o custo envolvido na mudança. O pesquisador, no entanto, garante a viabilidade econômica da alteração dos níveis do mineral na ração: “Aumentar em quatro vezes a quantidade de cobre na ração bovina implica aumento de apenas um centavo/cabeça/dia, além da vantagem de se ter um produto diferenciado no mercado, um elemento que agrega valor”, afirma Del Claro.
Zanetti explica, porém, que será complicado, a curto prazo, a carne com menos colesterol chegar ao consumidor. “O produtor não receberá um preço diferenciado por ela a não er que seja diferenciada das carnes de outros produtores, como pode ocorrer em restaurantes e redes de supermercados”. O professor, por outro lado, crê firmemente na existência do tipo diferenciado de carne a longo prazo no mercado: “Já tivemos restaurantes interessados aqui no Brasil e a produção de carnes diferenciadas é comum na Ásia e na Europa”.
As informações são da Agência USP de Notícias