Touros Brangus são exportados para a Venezuela

Os 218 reprodutores foram selecionados em seis propriedades sediadas no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

A Venezuela, do controvertido tenente-coronel paraquedista Hugo Chávez, tem sido o principal destino das exportações brasileiras de gado em pé. As vendas de bovinos de elite para o país da costa norte da América do Sul têm entusiasmado os pecuaristas e fortalecem o setor, com a abertura de um novo e promissor mercado.
Em maio passado, um grupo de criadores da raça Brangus conseguiu romper as barreiras comerciais com a Venezuela e acertou a exportação de 218 touros de elite para o mais novo integrante do Mercosul. O inédito negócio foi feito pelas empresas Bulbras e Boi Branco e intermediado pela Pec2 Consultoria Agropecuária Ltda, de Campo Grande (MS). “Esta exportação é histórica para nosso país, pois raramente temos esta oportunidade comercial, já que o Sul do país, com mais tradição nesta raça, é quem fazia algumas tentativas de exportação”, ressalta o médico veterinário Mário Luiz Pompeo, da Pec2, que coordenou as negociações.
Conforme o veterinário, os reprodutores Brangus devem ser distribuídos para pequenos e médios criadores de gado pelo governo venezuelano, que já teria importado mais de 9 mil ventres nos Estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Pará. “A informação que eu tenho é que o governo venezuelano teria facilitado a liberação dos dólares para a importação dos touros, que tem o objetivo de estimular a produção daquele país”, explica Pompeo, que, até 2007, coordenou o Núcleo Centro-Oeste dos Criadores de Brangus.
Os animais foram selecionados em seis propriedades que se destacam por terem investido, em mais de 20 anos, em programas de seleção por DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), principalmente o Geneplus – Embrapa, que permite classificar as vacas, touros e seus filhos em ordem por eficiência das principais características produtivas.
“Eles buscavam animais com excelente estrutura, férteis, de pelo curto, bem adaptados, com umbigo moderado e que produzam um boi de 500 quilos”, enumera Pompeo.
A GAP Genética Agropecuária, que tem fazendas em Jaciara (MT) e em Uruguaiana (RS), foi a que cedeu o maior número de reprodutores Brangus.
Os técnicos que foram a campo escolheram 108 de um lote de 150 exemplares da raça que estavam na filial mato-grossense do grupo. “O comprador nos procurou para saber da possibilidade de fecharmos este negócio e ficou particularmente interessado quando falei que tínhamos uma propriedade no Mato Grosso, com os animais mais adaptados às condições da Venezuela”, afirma o diretor comercial da GAP Genética, João Paulo Schneider da Silva, o Kaju. A inédita transação com os venezuelanos entusiasmou o pecuarista gaúcho, que já vislumbra novas oportunidades para os criadores de gado de elite brasileiros.
“É a primeira vez que o Brasil exporta touros para a Venezuela e esperamos que isso acabe virando uma praxe”, ressalta.
Além da GAP Genética, os técnicos visitaram ainda outros cinco criatórios sediados no Mato Grosso do Sul: a Fazenda Piravevê, de Adélio Crippa, em Angélica; a Sapê Agropastoril Ltda, de Eduardo Riedel, em Maracaju; a Brangus São Geraldo, de Mauro Marcos Moraes, em Campo Grande; a Fazenda Santa Sofia, de Gilvan Lopes, em Camapuã; e a BR Texas Genética, dos criadores Carlos Alberto Viviani, Orlando Carlos Martins e Fábio Garcia Borges, em Ponta Porã.
Na BR Texas, os compradores apartaram 50 touros. “A Venezuela é um mercado novo que está se abrindo para o gado brasileiro. A Colômbia e países da América Central já estão importando embriões”, declara o consultor José Luiz Arbiza. Na Fazenda Santa Sofia foram selecionados outros dez reprodutores Brangus. Os técnicos busca vam apenas animais registrados, com sangue 3/8 e de gerações avançadas, de acordo com o pecuarista Gilvan Lopes.
“Há a tendência de eles voltarem às compras porque, quando estiveram aqui, os criadores tinham comercializado boa parte da safra e eles precisarão de mais touros”, afirma.
O branguista Mauro Marcos Moraes, da Brangus São Geraldo, onde foram selecionados dois reprodutores, também enxerga a Venezuela como um novo mercado para o gado de elite brasileiro. “Eu acho que é um mercado novo que se abre e, com isso, potencializa o aumento na nossa produção, com o objetivo de abocanhar este mercado, sem perder a qualidade, comprovando o desempenho da raça por causa da qualidade da carne, do abate precoce e genética”, frisa. Os compradores ainda buscaram 36 animais na Fazenda Piravevê e 12 na Sapê Agropastoril Ltda.
A localização geográfica foi outro fator que beneficiou os criadores de Brangus do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, conforme Pompeo. Buscando animais naqueles Estados, os compradores reduziram os custos com transporte, uma vez que o quarentenário destes animais foi feito em Belém (PA).

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