Branguistas miram em clientes fora do eixo
Com uso consolidado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, o Brangus vem abrindo espaço fora do seu tradicional eixo de produção e comercialização pecuária. Criadores da raça vêm abrindo frentes de investimento e comercialização em novas praças no Norte e no Nordeste do Brasil.
É o que está fazendo o pecuarista e empresário Valdomiro Poliselli Júnior, da VPJ Pecuária. Conhecido pela excelência de seus processos, ele aposta no Brangus para remodelar a pecuária nordestina e solidificar um amplo programa de produção de bezerros de corte. “Temos comercializado muitos animais para o Norte e Nordeste nos últimos anos e isso vem fazendo as cabanhas mudarem suas estratégias comerciais, olharem mais para os clientes dessas regiões”, frisou o diretor de marketing da Associação Brasileira de Brangus (ABB), João Paulo Schneider, mais conhecido como Kaju.
Para acelerar o processo, ele prepara para o próximo dia 29 de março (sábado) o 1º Leilão VPJ Nordeste. O remate será realizado durante a Exporingo, no município de Lagarto, no Sergipe. Serão ofertados 30 touros e 50 bezerras Brangus, Angus e Ultrablack, além de doadoras de destaque do rebanho VPJ. Segundo Poliselli Júnior, além do mercado de carne premium, o Brangus também se destaca na vaquejada nordestina, onde o animal de pelagem preta é altamente apreciado pelos competidores.
Outro exemplo desse movimento vem de Macaparana, em Pernambuco. O criador José André de Arruda Lima, da Fazenda Paquevira, conta que os cruzamentos se iniciaram há cerca de dez anos, e o resultado vem satisfazendo. Além de produzir carne premium, Lima também tem matrizes PO, utilizadas na vacada comercial. “O acabamento da carcaça é melhor, com excelentes resultados”, destaca.
Segundo ele, os animais da raça Brangus tiveram uma adaptação tranquila, já que a propriedade fica na região da Mata Norte, na divisa com o estado da Paraíba, onde predomina a Serra. “Há possibilidade de crescimento do rebanho em toda a região, pela rusticidade, capacidade de adaptação e pela boa conformação da carcaça. Além disso, são excelentes para trabalhar a campo”, argumenta.
E os bons resultados do Brangus também vem ganhando a boca dos pecuaristas no Norte. Em Castanhal, no Pará, Altair Burlamaqui, da Fazenda Carioca, conta que a carne Brangus se tornou sinônimo de qualidade na região. “Hoje, ela domina aqui no Pará”, conta. Filho e neto de pecuaristas, Altair deu início à produção de carne a partir da recria e engorda de fêmeas.
Hoje, ele e o sócio Brenno Borges produzem animais vivos para exportação, melhoradores de gado comercial e produtores de carne gourmet, através de um trabalho especializado na engorda, com foco no marmoreio. “O Brangus é a ferramenta perfeita para atender ao meu nicho de mercado”, afirma, ressaltando qualidades como adaptabilidade, precocidade e o alto rendimento de carcaça. Há também a produção de carne kosher, voltada para a comunidade judaica, cita o empreendedor.
E para escolher a melhor raça para esse trabalho, Altair Burlamaqui é categórico. “Todas as raças são boas, todos os animais são bons, mas é muito importante selecionar os que se adaptam à região”, destaca, ao ressaltar a adaptabilidade da raça à região e o alto rendimento obtido. “Trabalhamos com uma raça de corte e buscamos entregar e selecionar um padrão de carne cada vez melhor”, resume.
Crédito da foto: Igor Cordero/ Divulgação