Aliança da carne vende vaca a preço de boi

O Paraná é hoje símbolo de união da pecuária nacional. Em todo o estado, pecuaristas se uniram para montar sistemas de abate e venda de carcaça direto para o varejo. “O frigorífico só faz o serviço de abate e nós ficamos com tudo, até mesmo com o couro, que ajuda a bancar o frete”, conta André Amaducci, um dos idealizadores do projeto em Umuarama, noroeste do Paraná.  

A iniciativa deu tão certo, que hoje, só a cidade de Umuarama conta com duas cooperativas de aliança da carne, a Conpcarne, que abate cerca de 30 cabeças por semana e a Caiuá, que já alcançou uma média de 60 cabeças a cada sete dias. No esquema organizado pelos pecuaristas, só se destaca quem se organiza e consegue entregar os animais acabados no prazo. “Aqui a raça Brangus é a mais procurada, pois tem a carne mais macia e é a raça mais precoce. O mercado exige animais jovens pela qualidade da própria carne e a raça Brangus consegue a terminação de carcaça em um prazo curto”, garante Amaducci.  

A grande vantagem das alianças está na competição de preços com o frigorífico. “Nós contabilizamos um ganho de até 3% a mais na fêmeas e 4% nos machos. Pra se ter uma idéia, quando a arroba do boi estava cotada a R$ 68,00, a cooperativa vendia fêmea e macho por R$ 75,00 [na época a fêmea estava cotada a R$ 63,00]”, completa Amaducci.  

Outro importante diferencial no sistema das cooperativas é a qualidade do produto entregue aos supermercados. “Temos regularidade e padrão. Entregamos o produto o ano inteiro e sem sofrer com as baixas do mercado. O acompanhamento é feito também nas fazendas. Profissionais qualificados vão a campo para garantir o acabamento perfeito”, esclarece Mario Aluisio Zafanelli, pecuarista e integrante da Cooperativa Caiuá.  

Sexo do animal Os integrantes das duas cooperativas afirmam que não há motivos para vender fêmeas a preços menores que machos. “Vendemos a carcaça e não o sexo do animal”, salienta Amaducci.  

Para Natal Fenato, presidente da Sociedade Rural de Umuarama e integrante da cooperativa Conpcarne, a diferença entre macho e fêmea está no rendimento. “Enquanto a fêmea rende apenas 53,5% no abate, o macho alcança 56%”, compara.  

“Existe um mito de que a carne de vaca tem qualidade inferior a de boi. Isso acontece porque muitas fêmeas são abatidas só depois do descarte, quando não servem mais pra nada na propriedade. Nesse caso a carne fica ruim mesmo, pois são animais de até 10 anos. A questão então é idade e não sexo. Quando colocamos as fêmeas no esquema de corte e a abatemos com o ganho de peso, a qualidade da carne é a mesma do macho”, explica Antônio Luiz Rosa de Melo, pecuarista da Cooperativa Conpcarne.

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