Analistas avaliam preço do boi no RS
Para analisar o mercado do Rio Grande do Sul, é preciso voltar um pouco mais no tempo, e considerar os efeitos do ciclo pecuário. Os reflexos do abate forçado de matrizes e da redução de investimentos, entre 2002/2003 e 2006, começaram a ser sentidos em 2006. Em algumas praças, o bezerro já começou a reagir no início daquele ano. O boi, por sua vez, entrou em alta a partir do segundo semestre. A análise é da equipe da Scot Consultoria.
No Rio Grande do Sul o impacto foi realmente muito forte. Primeiro, porque além do descarte de matrizes ter figurado entre os mais intensos, os criadores locais foram acometidos por secas severas, entre 2003 e 2005, que derrubaram a produtividade, lembram os analistas.
"Segundo, conseqüência do primeiro, as fazendas de cria (com baixíssimos resultados) cederam espaço à agricultura, e a perda de área de pecuária, no Rio Grande do Sul, foi das maiores registradas no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Paraná", comentam.
Por fim, em função do modelo de produção local (campos nativos, com baixíssimo índice de tecnificação), praticamente não houve intensificação que compensasse, ao menos em parte, a perda de área, como aconteceu no Brasil Central.
"Portanto, quando o ciclo pecuário atual teve início, a valorização do boi gordo no Rio Grande do Sul superou a média do restante do país. As cotações locais alcançaram os patamares mais altos, acima daqueles praticados em São Paulo", informam os analistas.
O boi gordo do RS passou a ser o mais "caro" do país a partir de maio de 2006, superando o de SP. Até outubro de 2007 essa posição foi perdida em apenas três oportunidades: agosto, setembro e outubro de 2006.
O ágio do boi do RS em relação ao de RO chegou a 46,5%, na média de junho de 2006.
"Hoje, o boi em Pelotas/RS é negociado a R$82,50/@, sendo R$93,00/@ em Barretos/SP e R$84,00/@ em RO. A defasagem do RS em relação a SP voltou, portanto, ao patamar "normal". O que não é normal é o boi do extremo Sul do país valer menos que o de Rondônia", comparam os analistas.
Ao longo de 2008, o boi do RS esteve entre os que menos subiram (17%), sendo que o de RO foi o que mais subiu (37%). No RS, o abate de matrizes já caiu aos patamares de antes da crise, o que levou à acomodação dos preços do bezerro e à redução da "pressão de custos" sobre os invernistas. De fato, as relações de troca do Estado estão entre as mais altas do país, segundo dados da Scot Consultoria.
"É preciso considerar também que enquanto a capacidade de abate de RO aumentou, a do RS diminuiu, mediante o fechamento e paralisação de algumas indústrias. Rondônia inclusive assumiu a posição de quarto maior Estado exportador do Brasil, que até pouco tempo atrás era disputada por Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul", alertam.
"Há pouco mais de dois anos, quando o ciclo começou a virar, o Rio Grande do Sul era a "bola da vez". Agora, com a fase de alta do ciclo pecuário do meio para o fim, é Rondônia que chama a atenção", concluem os analistas.
Fonte: www.scotconsultoria.com.br