Brangus: combinação que produziu um animal capaz de se destacar nas diversas regiões do Brasil
A raça Brangus é resultado do cruzamento entre o Angus e o Zebu. As primeiras experiências que resultaram no Brangus foram realizadas em 1912, quase cem anos atrás, no Estado norte-americano de Louisiana. O objetivo era a criação de um animal que apresentasse altos índices de produtividade mesmo criado em condições de clima e meio-ambiente adversas, típicas das regiões tropicais e sub-tropicais.
A raça no Brasil
No Brasil, os cruzamentos começaram a ser realizados por técnicos do Ministério da Agricultura, em Bagé (RS), na década de 40. O resultado do cruzamento resultou na raça Ibagé, batizada assim pelos técnicos na época. Alguns anos depois, em função do cruzamento ser o mesmo alcançado nos Estados Unidos, o nome da raça passou a ser Brangus Ibagé, até que tornou-se apenas Brangus, anos mais tarde.
Associação Brasileira de Brangus – ABB
A Associação Brasileira de Ibagé, nome que foi dado originalmente a raça, foi fundada em Janeiro de 1979 por um grupo de criadores reunidos na sede da UEPAE de Cinco Cruzes de Bagé, (RS). Com o desenvolvimento do criatório e a introdução de animais de cruzamento de sangue Brahman, no ano de 1989, passou a se denominar Associação de Brangus Ibagé. Em 1998, acompanhando as políticas de globalização e em função do Mercosul, com a homologação do Ministério da Agricultura, mudou o nome para Associação Brasileira de Brangus, usado até os dias de hoje.
Os projetos mais importantes que a associação vem desenvolvendo, são: o Projeto de Certificação de Carne de Qualidade – Brangus e a difusão de informação da raça ao público em geral.
Segundo Raul Victor Torrent, presidente da ABB, sem dúvida o maior desafio é o de conquistar grande parte Brasil, frente as vantagens em se criar Brangus.
Para tal, diversas ações foram implementadas, tais como:
Implementação do programa Carne de Qualidade Brangus, trazendo benefícios importantes tanto para o criador quanto para a associação;
Mudança da sede de Presidente Prudente (SP) para Campo Grande (MS), onde a ABB acredita que seja o celeiro do futuro da pecuária nacional;
Inauguração da Casa Brangus em Londrina (PR);
Campanha de marketing junto a Fabio Fatori, comentada por sua originalidade em suas criações;
Criação da taxa zero para fêmeas 1/2 sangue que sejam apresentadas para técnicos da ABB a fim de realizar seu registro;
Revista Brangus que é publicada bimestralmente e chega a mais de 2000 pessoas em toda América Latina e
Inauguração da Boutique de Carne em Campo Grande (MS), com o selo da ABB.
Já para 2014, a ABB pretende abrir novos mercados para o Programa de Carne de Qualidade Brangus, nos estados de São Paulo e Mato Grosso.
E para o produtor, quais são as vantagens em se associar na ABB?
Segundo Raul Torrent, além do associado estar dentro de um time de profissionais que trabalham na raça, as principais vantagens são: receber toda a informação da raça e ter acompanhamento de um técnico para qualquer consulta.
Estágio atual da raça
A ABB é composta por 150 sócios ativos, sendo que até hoje foram registrados aproximadamente 110.000 no livro de Puro Sintético.
Animais registrados em:
2012 – 9.959 animais
2013 – até Setembro – 7.956 animais
Características zootécnicas da raça
O Brangus, por ser uma raça sintética criada a partir de raças zebuínas – Brahman e no Brasil principalmente com o Nelore e a raça Angus tem como seu principal ponto forte, a complementaridade entre as duas raças de maior sucesso da pecuária brasileira.
Esta combinação produziu um animal capaz de se destacar em sistemas produtivos mais extensivos ou intensivos nas diversas regiões do Brasil sendo que já é uma realidade do sul do Rio Grande do Sul até o Pará, onde produz carne de qualidade com muita eficiência.
Sendo uma raça sintética que registra animais a mais de 30 anos no Brasil a sua padronização e a sua consistência genética são características que a habilitam a participarem dos diferentes tipos de cruzamentos.
É com certeza uma das raças sintéticas que mais possui diversidade de selecionadores dentro de outros países além do Brasil como, Argentina, Paraguai, Estados Unidos e Austrália que oferecem reprodutores provados e aprovados por seleção objetiva como DEPs.
Entre as principais características zootécnicas da raça está a habilidade materna. A vaca Brangus além de criar muito bem o seu bezerro é uma mãe extremamente amorosa e protetora da sua cria, e mesmo que seja mansa e tranquila não hesita para defender a sua cria.
Possui alta precocidade sexual, sendo que muito cedo à fêmea Brangus inicia a sua vida reprodutiva. Em condições de alimentação aos 14 meses ela começa a ciclar e caso seja colocada ao desafio da concepção, em condições nutricionais adequadas irá desmamar um belo bezerro.
Outra característica da vaca Brangus é a sua longevidade, visto que vacas muito eradas desmamam bezerros sadios e sem problemas.
O novilho Brangus possui uma carcaça versátil, com ele pode-se fazer um bezerro gordo para atender determinados mercados (bolita Argentino) ou se necessário for, sem problemas, há como fazer um novilho que atenda mercados que exigem uma carcaça mais pesada como, por exemplo, a Cota Hilton e em qualquer das duas situações encontra-se carcaças com excelente acabamento e marmoreio.
A adaptação dos animais da raça, também é outra característica marcante. A adaptação do Brangus nos diferentes micro ou macro climas existentes no Brasil já é uma realidade, não é preciso provar nada, visto que “a receita do bolo já esta pronta”, no sul do Rio Grande do Sul com temperaturas negativas no inverno e temperaturas que passam dos 35Cº no sol durante o verão, ou no Brasil Central, ou no norte do país – o Brangus é uma realidade.
Quais os principais cruzamentos que podem ser realizados com base nesta raça?
O Brangus pode ser utilizado com todas as raças, por exemplo, a empresa Rubaiyat do Sr. Belarmino Yglesias utilizou o Wagyu em cima de suas vacas Brangus para fazer o seu “The original Wagyu Beef Rubaiyat” e o sucesso dos seus restaurantes dispensam qualquer comentário.
Segundo Gil Tozatti, o grande cruzamento em que o Brangus vai ser utilizado nos próximos anos no Brasil sem dúvida passa pela vaca meio sangue Nelore Angus que é o grande volume de animais cruzados e que o produtor querendo já pode agregar valor a este animal e registrá-lo na ABB como, Brangus 1/2 sangue, para seguir fazendo novilhos ou até dar continuidade nos acasalamentos para a formação do 3/8 e/ou 5/8 que é a raça propriamente dita e originalmente utilizada.
Por ser uma raça que se adapta as diferentes ambientes a maneira mais usada de reprodução é colocar o touro direto no rodeio das vacas que ele vai dar conta do recado. Querendo usar um pouco mais de tecnologia, na inseminação artificial, a raça possui uma bateria muito grande de excelentes reprodutores e com avaliação genética, DEPs, pretos ou vermelhos que estão disponíveis nos catálogos das centrais brasileiras, argentinas ou americanas.
Outras tecnologias a serem usadas podem ser a fertilização em vitro FIV, coleta e transferência de embriões.
Índice Asbia 2012 – Evolução raça Brangus – 3 anos
Veja abaixo os recados dos profissionais entrevistados
Raul Victor Torrent: “Criem, o futuro pertence a Brangus sem dúvida”.
Gil Tozatti Fernandes: “Desconheço dificuldades inerentes a raça em si, é como “Bombril”, é fértil, possui ótima habilidade materna, é amorosa e muito cuidadosa com sua cria, produz novilhos que atendem aos diferentes tipos de mercado, tanto o super jovem quanto ao novilho pesado sempre com acabamento e marmoreio”.
Fonte: Beef Point - Projeto Raças