CNA discute sanidade do rebanho bovino com representantes do governo japonês
A situação atual do rebanho bovino brasileiro, as medidas de controle sanitário adotadas pelo país e questões relacionadas com a difusão de tecnologia, assistência técnica e linhas de financiamento ao produtor foram alguns dos pontos debatidos pelo diretor-executivo adjunto da Agriculture and Livestock Industries Corporation (Alic), agência vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária do Japão, Hiroto Takahashi, com técnicos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Durante o encontro realizado nesta quarta-feira (10), o representante japonês reconheceu que "o agricultor brasileiro se conscientizou e sabe da importância de proteger o meio ambiente, de praticar uma agricultura sustentável e de se obter melhores índices de produtividade".
O diretor da agência agropecuária japonesa, acompanhado de outros técnicos, está desde o início da semana passada no Brasil. Já visitaram os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os japoneses estão coletando informações sobre o rebanho bovino, com atenção especial na questão da sanidade animal, além do processo de engorda do gado pelo sistema de confinamento. Um relatório sobre as condições atuais do rebanho bovino do Brasil será elaborado e entregue ao governo do Japão, ao final da pesquisa.
Mercado mundial
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina. No ano passado, a receita com as vendas ao mercado externo do setor chegou a US$ 6,6 bilhões. Em 2014 as exportações deverão crescer 20%, em comparação com o ano passado, segundo números da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carne Bovina (Abiec).
O Japão, contudo, não importa carne bovina brasileira, devido ao rigor em relação às questões sanitárias. Os japoneses não importam carne bovina de países sem a incidência da febre aftosa, mas com vacinação, que é a situação do Brasil. Só compram o produto de países que não registram a doença, mas sem a necessidade de vacinação.
O assessor técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA, Paulo Mustefaga, após destacar que 99% do rebanho bovino do país já estão livres da febre aftosa, com vacinação, indagou se as medidas de controle sanitário adotadas aqui não permitiria a reabertura do mercado japonês ao produto brasileiro. "Não existem dúvidas sobre a segurança e o controle sanitário da carne bovina brasileira", ponderou Mustefaga.
Controle sanitário
Takahashi destacou que o controle sanitário é um fator de extrema importância nas decisões tomadas pelo Governo em situações dessa natureza. O diretor da Alic sugeriu que representantes dos dois países discutam a questão em profundidade para esclarecer dúvidas e permitir, no futuro, a abertura do mercado japonês à carne bovina brasileira. Ele lembrou, no entanto, que a questão comercial não é sua especialidade, devendo o assunto ser tratado em outras instâncias de seu governo.
O consumo per capita de carne bovina no Japão, 6 quilos por habitante, justificou Takahashi, é baixo em comparação com a média mundial. Lembrou ainda um dado específico de seu país: o japonês consume carne bovina com elevado teor de gordura - 50% -, fora dos padrões internacionais. Para Mustefaga essa particularidade não seria problema para o produtor brasileiro: "é só vocês abrirem o mercado que teremos condições de oferecer o produto exigido", respondeu bem humorado e provocando largo sorriso do diretor da Alic.
Em duas horas de conversas, os japoneses pediram uma série de informações sobre como está sendo feita a gestão do rebanho bovino brasileiro. O coordenador de Sanidade da CNA, Décio Coutinho, fez um amplo relato sobre o sistema em vigor no Brasil. Ele destacou a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), desenvolvida pela entidade em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que contém todas as informações, em uma única base de dados, sobre a movimentação do rebanho bovino no país.
Também participaram da reunião Kenta Yonemoto, especialista do Departamento de Pesquisa da Alic, e a superintendente adjunta de Relações Internacionais da CNA, Alinne Betania Oliveira.
Fonte: CNA