Congresso discute inovação com sustentabilidade
“Os grandes desafios da agricultura brasileira são a globalização, devido ao aumento da competitividade; a logística, com o transporte e o armazenamento; a relação consumidor – fornecedor; a comunicação com agilidade e eficiência e a agenda da pesquisa, desenvolvimento e inovação”, ressaltou Silvio Crestana, diretor-presidente da Embrapa, durante a abertura do 36º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (Conbea), que acontece até quinta-feira (2/08), em Bonito/MS.
Em sua palestra inaugural, o diretor da Embrapa relembrou que a agricultura brasileira é responsável por 5 milhões de propriedades rurais, gerando 35% de empregos e 27% do PIB do país, sendo a principal fonte de divisas internacionais. “Entretanto, quando falamos em exportação, ainda há predominância de produtos primários, ou seja, há muito que se percorrer no campo da ciência, da tecnologia e da inovação”.
Por isso, segundo ele, é necessário que ocorra uma sinergia entre cada elo do setor agropecuário, com ações que interliguem as dimensões econômicas, sociais, ambientais, regionais e mundiais e que busquem o desenvolvimento do Brasil.
Um fator relevante é revitalizar a parceria público-privada e os investimentos em pesquisa. “Precisamos revitalizar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária como um todo e as organizações estaduais de pesquisa, com infra-estrutura, capacitação, gestão de recursos humanos e orçamento”, esclarece.
Quanto às pesquisas, apesar de nos últimos anos os investimentos terem crescido, os recursos ainda são limitados. “Nos países desenvolvidos, 2,3% do Produto Interno Bruto é investido em pesquisa agropecuária e inovação. No Brasil, este valor varia entre 0,5% a 0,8%”.
Inovação
As perspectivas são promissoras, como a formação da nova Rede Nacional de Ensino e Pesquisa de alta velocidade (Rede Comep); a Lei de Inovação (2004); os novos arranjos institucionais que podem unir saber com competividade, cooperação e transferência, entre poder público e privado; dentre outras.
Há destaques também para a agroenergia e as mudanças climáticas. “O Brasil encontra na bioenergia sua grande chance. Temos o Plano Nacional de Agroenergia (2006-2011), a Lei do Biodiesel (2005), a Embrapa Agroenergia (2006), o Plano Agrícola 2007-2008, o PAC 2007-2011, o álcool combustível, as florestas energéticas, os resíduos agrícolas e florestais e o biogás, são muitas possibilidades. Por exemplo, a Embrapa em parceria com a Fiesp está constituindo uma empresa de propósito específico em etanol”.
As mudanças climáticas estão atreladas à bioenergia. “As pesquisas podem desenvolver ações de vulnerabilidade, com estimativas e modelos para as atividades agrícolas; de mitigação, com a redução ou a eliminação da emissão de carbono e de adaptação, com alternativas de convivência sob condições alteradas. Os estudos são direcionados para os diferentes biomas brasileiros e, a partir disso, implantar experiências bem-sucedidas de manejo integrado de sistemas”, continua o diretor-presidente da Embrapa.
Crestana aponta outras oportunidades de inovação, como o aproveitamento de áreas degradadas, a fixação biológica de nitrogênio, o plantio direto, a rotação de culturas, os biodefensivos e a utilização de subprodutos da biomassa. “Vamos ter que radicalizar e colocar a dimensão sócio-ambiental ao lado da produtiva”, salienta.
Para o diretor da Embrapa, “o Conbea é uma oportunidade para que pesquisadores e especialistas possam discutir a “Inovação tecnológica: reorganização e sustentabilidade dos espaços produtivos”, compartilhar experiências, e assim, utilizar o conhecimento que possuem para encontrar soluções e aplicações eficientes para o país. As oportunidades existem para transformarmos retórica em ação”.
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste - www.cpao.embrapa.br