Consumo fraco e estiagem devem apoiar pressão de baixa

Os preços seguem firmes no mercado físico. A estabilidade é ditada pela resiliência dos pecuaristas ante a pressão da indústria, que tem escalas alongadas e luta pela desvalorização do boi. Produtores não ofertam lotes a preços menores à espera de queda na cotação do bezerro e aproveitam as chuvas em regiões produtoras para aumentar o período de engorda.
Com isso, a oferta tende a ser ainda mais limitada no curto prazo. "O mercado tem preços firmes, com pressões devido à sazonalidade da oferta", afirma Hyberville Neto, da Scot Consultoria. No entanto, a perspectiva é de que nas próximas semanas a demanda por carne em baixa e a chegada da estiagem pesem sobre a arroba.
Na BM&FBovespa, os contratos futuros do boi encerraram o pregão em direções opostas. Os papéis referentes a maio e a outubro, que têm maior liquidez, caíram R$ 0,21, para R$ 147,50 e R$ 153,07, respectivamente. Por outro lado, o junho subiu R$ 0,10 e fechou em linha com o maio, a R$ 147,50. O indicador Cepea/Esalq subiu 0,03%, para R$ 147,20/arroba à vista. A prazo, a cotação avançou 0,22%, para R$ 148,37/arroba.
Na terça-feira, a Scot Consultoria registrou queda de R$1/arroba em Campo Grande (para R$ 142), sudeste de Mato Grosso (R$ 133), oeste do Maranhão (R$ 131) e Rio de Janeiro (R$ 133). As baixas são determinadas por melhora na condição da oferta. A Informa Economics FNP, por sua vez, registrou recuo de preços em igual proporção em Maringá, no Paraná, para R$ 147 pela arroba à vista. Em Araguaina (TO), a cotação a prazo caiu para R$ 133, de R$ 134.
O Cepea continua a registrar oscilações inferiores a R$ 1/arroba nos preços do boi pelo País, com exceções pontuais. Na terça-feira, a arroba negociada em Três Lagoas (MS) caiu R$ 1,02, para R$ 139,25. Em Rio Verde (GO), o preço subiu R$ 2,69, para R$ 136,04, e em Rondônia, a referência avançou R$ 1,68, para R$ 135,40. Os valores consideram a arroba à vista sem o Funrural.
No curto prazo, a perspectiva é de que as oscilações negativas, que ainda são pontuais, ganhem força. Segundo Lygia Pimentel, diretora da AgriFatto, o consumo fraco e a melhora na oferta de animais terminados no curto prazo devem ditar o tom do mercado. A analista espera que os produtores enviem mais matrizes para o abate antes do fim da campanha de vacinação contra a febre aftosa. Isso ocorre porque a seca prejudicou a fertilidade das fêmeas, de modo que mais animais tendem a ser descartados. Ao mesmo tempo, pecuaristas querem reduzir gastos com a vacinação - enviando esses animais para o abate.
Além disso, a estiagem deve comprometer a condição dos pastos, o que força os produtores a vender mais animais. "Se não forem ofertados, os animais perdem peso na entressafra e só devem ser abatidos no ano que vem. Assim, eles ficam mais um ano na propriedade, às vezes sem necessidade", afirma Lygia.
Por enquanto, a demanda interna continua a demonstrar fraqueza, como é esperado para a segunda quinzena do mês - época em que os brasileiros têm menor renda disponível para o consumo. No cenário externo, as exportações seguem em volumes abaixo dos níveis registrados em 2014. A reabertura do mercado chinês, anunciada ontem, só deve afetar o mercado no médio prazo.
Ainda assim, Neto, da Scot, pondera que o Brasil já tem acesso ao mercado chinês via triangulação comercial em Hong Kong. Desse modo, o incremento das vendas pode não ser tão expressivo quanto o otimismo de participantes do mercado.
Cabe ressaltar ainda que as exportações para Hong Kong estão em baixa. A carne bovina desossada e congelada é o principal produto exportado pelo Brasil à província semiautônoma e teve queda de 3,8% em volume de janeiro a abril de 2015, ante igual período de 2014. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Fonte: Agência Estado

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