Brasil aguarda liberação da exportação de carne para conquistar mercado Chinês

O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, acompanhando de 150 empresários, visitará o Brasil na próxima semana. A expectativa do governo brasileiro é com a assinatura de um protocolo sanitário, o que deve agilizar a liberação das exportações de carne bovina do Brasil para o país asiático. O documento oficializará o anúncio de fim do embargo chinês à carne brasileira, anunciado em julho do ano passado pelo presidente Xi Jinping. Para retomar as vendas, o Brasil precisa ir além do aval formal e fazer um trabalho de reposicionamento no mercado chinês.
Com isso em vista, o governo e o setor privado brasileiro articulam, para menos de um mês após a visita de Li Keqiang, uma missão para promover as carnes bovina, suína e de frango na Chinas. A viagem é organizada pela Agência Brasileira de Promoção às Exportações e Investimentos (Apex), em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A gerente de Estratégia de Mercado da Apex, Ana Paula Repezza, explicou que o objetivo é criar demanda para a carne brasileira. “A finalidade é uma geração de demanda e reposicionamento de carne no mercado chinês. Em alguns casos, há uma percepção negativa da carne brasileira, pois saíram notícias informando que ela entrava sem fiscalização, de forma irregular”, explicou Ana Paula. Segundo ela, isso ocorreu porque os chineses tiveram acesso ao produto via Hong Kong, um território administrativo especial. Para Ana Paula, a estratégia brasileira na viagem, que ocorrerá entre 9 e 12 de junho, não são apenas os distribuidores, varejistas, produtores e beneficiadores de carne, mas principalmente os consumidores.
“Serão três momentos. A Abiec e a ABPA terão painéis em um grande congresso organizado pelo órgão de inspeção da China [Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena, ou AQSIC, na sigla em inglês]. Também estão previstos contatos com distribuidores, varejistas, produtores e beneficiadores de carne, além de uma reunião com integrantes da Associação dos Consumidores Chineses. Como na China eles estão em transição de uma economia fechada para economia de mercado, os consumidores têm cada vez mais voz ativa”, afirmou Ana Paula. De acordo com a gerente, com a abertura do mercado chinês, a expectativa é que o valor em vendas alcance pelo menos patamar próximo a US$ 1 bilhão. Ana Paula explicou que a base  é o que é exportado para Hong Kong.
Para frangos e suínos, o governo tem expectativa de elevação de cerca de 20% nas vendas. O presidente da Abiec, Antônio Camardelli, prefere não fazer previsão de valor das exportações de carne bovina com a liberação. “A gente ainda não sabe a quantidade de plantas [frigoríficos] que serão liberadas, se aquelas nove iniciais ou mais”. A referência de Camardelli são os frigoríficos habilitados durante o anúncio do fim do embargo, em julho de 2014. A China embargou a carne bovina do Brasil em 2012, em razão da descoberta, em território brasileiro, de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), a doença da vaca louca. Na ocasião, o Brasil havia conseguido entrar há pouco tempo no "restrito e burocrático" mercado chinês. “É um mercado que retorna, que foi embora quando estávamos começando a entendê-lo”, destacou Camardelli. Segundo ele, o Brasil precisa fazer novo esforço para compreender os chineses.
O presidente da Abiec acrescentou que o trabalho para reconquistar espaço será intensificado com a liberação formal das vendas de carne. “Semana retrasada, estivemos na Sial [feira de bebidas, alimentos e hotelaria de Xangai] trocando experiências. Tínhamos interesse nessa feira, porque, além de iniciar uma interlocução, começamos a trabalhar com conceitos de aceitabilidade. Vamos avaliar a necessidade de montar um escritório [da Abiec] na China”, disse Antônio Camardelli. De acordo com o presidente da Abieca, a China será um grande parceiro comercial e a reabertura do seu mercado à carne brasileira é “um presente de Natal antecipado”.

Fonte: Jornal do Commercio 

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