Embargo do Brasil gera reação irlandesa

Para proteger o rebanho brasileiro da febre aftosa, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, confirmou ontem que o comércio de "alguns produtos" vindos da Grã-Bretanha será suspenso temporariamente. Embora Kroetz não tenha especificado quais serão as restrições, o anúncio já provocou polêmica. 

O secretário acompanha o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, em viagem ao México, onde participam de um fórum de agronegócio. O ministro observou que o Brasil não importa animais vivos de criadores britânicos e que, atualmente, exporta carne para cerca de 140 países. 

"Temos de analisar isso com muita tranqüilidade, sem adotar as mesmas medidas precipitadas tomadas contra o Brasil, e de que não gostamos. Temos de ser muito científicos e muito técnicos", disse Stephanes. 

O ministro informou ainda que, no próximo mês, uma missão da União Européia (UE) visitará o Brasil para checar as condições sanitárias. 

Na edição de ontem do jornal The Irish Times, a Associação de Produtores Rurais da Irlanda acusou a ministra da Agricultura irlandesa, Mary Coughlan, de negligência por não pedir que as importações de carne do Brasil para a União Européia sejam banidas imediatamente. Ainda segundo o jornal, ao discutir o foco de aftosa na Grã-Bretanha, o presidente da entidade, Pádraig Walshe, disse que a doença é endêmica na América do Sul e que as importações de carne do Brasil representam "um acidente esperando para acontecer". 

A UE e outros sete países já anunciaram embargo e restrições às importações de carne e derivados da Grã-Bretanha - que é um dos principais integrantes do bloco europeu. Na última sexta-feira, foi confirmado um foco de febre aftosa em um rebanho bovino de uma fazenda a 50 quilômetros de Londres, em Normandy. Ontem, um segundo foco foi detectado dentro da área de proteção estabelecida em torno do primeiro. 

Japão, Estados Unidos, Canadá, Rússia, Coréia do Sul, Emirados Árabes Unidos e Nova Zelândia proibiram as importações de animais vivos, carne e subprodutos. A provável origem da doença seria uma brecha nas medidas de biossegurança de um laboratório que produz vacinas contra aftosa a apenas cinco quilômetros da fazenda, revelaram fontes do setor ao jornal The Guardian.

O governo britânico adotou medidas para evitar o avanço da doença altamente contagiosa pelos rebanhos do país. Está proibido o transporte de gado, carneiros e suínos. Nossa resposta foi muito mais rápida agora do que em 2001 - afirmou David Coplow, da Associação Britânica de Veterinária.

fonte: www.mnp.org.br

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