Friboi compra Swift e se torna maior carne bovina

O frigorífico Friboi anunciou a compra, por US$ 1,4 bilhão, da americana Swift Foods & Company, uma companhia que fatura cinco vezes mais do que a brasileira. O negócio transforma o maior frigorífico de carne bovina do Brasil e da América Latina no maior do mundo, com capacidade de abate de 47,1 mil bois por dia, ultrapassando os atuais líderes Tyson Foods (32,6 mil bovinos/dia) e Cargill (26,1 mil bovinos/dia). O Friboi - cujo nome oficial é JBS S.A. - se torna também a maior indústria alimentícia do Brasil. Juntos, Friboi e Swift passam a ter um faturamento de cerca de US$ 11,5 bilhões. 

A aquisição anunciada ontem é o passo definitivo para a internacionalização do grupo, que começou em setembro de 2005, quando o Friboi comprou a Swift Armour da Argentina por cerca de US$ 200 milhões, após obter US$ 80 milhões em financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Depois disso, a empresa já comprou três outras empresas de menor porte na Argentina. 

Este ano, o Friboi deu um passo além em sua estratégia de crescimento, com a abertura de capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Na oferta inicial de ações (IPO), no final de março, a empresa levantou cerca de R$ 1,6 bilhão. O negócio anunciado ontem mexeu com os papéis da empresa que chegaram a subir 5% e fecharam em alta de 1% na Bovespa. 

O Friboi vai pagar US$ 400 milhões em dinheiro e assumir US$ 1 bilhão em dívidas da Swift. Segundo Sérgio Longo, diretor de finanças e de relações com investidores da JBS, a companhia estuda a forma de alongamento dessa dívida. O plano é fazer um lançamento de US$ 600 milhões em títulos emitidos pela própria Swift no mercado americano e completar o valor com um empréstimo ponte de US$ 400 milhões. 

A aquisição ocorrerá em etapas e deve ser concluída, segundo previsão dos acionistas, em meados de julho. Os ativos da Swift (no total, 12 unidades industriais, sendo oito nos EUA e quatro na Austrália, além de sete centros de distribuição) não serão integrados ao Friboi imediatamente, mas apenas depois de um processo de reestruturação da companhia americana. A previsão é que a integração ocorra em até dois anos. 

“Não temos intenção de unir as duas operações se isso não trouxer ganhos aos acionistas”, avisou o presidente do Friboi, Joesley Mendonça Batista. “O que nos atrai (na Swift) é a grande oportunidade de ‘turnaround’ (reversão positiva no desempenho) que temos.” 

A redução de custos fixos “será uma grande obsessão”, segundo Batista, que também pretende tomar medidas relacionadas, por exemplo, à melhora no rendimento dos cortes, na equação preço versus qualidade e novas formas de trabalho na área de vendas. 

“Na nossa análise, temos duas etapas nessa companhia”, disse Batista. “Temos de tirar essa empresa de 0% a 1% de (margem) Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) para 3% a 5%, que é o Ebitda histórico dessa indústria.” A meta do Friboi é obter isso em até dois anos, sem necessidade de investimento em ativos. Em seguida, viria uma possível expansão no processamento e industrialização. 

José Vicente Ferraz, diretor-técnico da FNP - empresa especializada em mercado pecuário -, diz que, embora os ganhos com a compra da Swift sejam importantes, a operação cria um grande desafio para o Friboi. “Há um imenso desafio para a companhia, que será operar em mercados muito diferentes do brasileiro, cuja realidade, legislação e mercado são diferentes”, diz. 

NOVO NEGÓCIO 
A compra da Swift traz também para o Friboi um novo negócio, não explorado no Brasil: o processamento de carne suína. Nos Estados Unidos, a empresa é a terceira maior produtora desse segmento. Segundo Sérgio Longo, a idéia não é se desfazer deste negócio imediatamente. “Significa a entrada da JBS em um novo segmento que será experimentado e analisado ao longo de pelo menos um ano para que possamos conhecer melhor esta área”, diz. 

Não é um negócio pequeno: correspondia a 21,8% da receita líquida da Swift no ano passado, ou US$ 2,1 bilhões. O processamento de carne suína também não será desprezível na formação da receita das duas companhias combinadas. Significará cerca de 18,2%. Em relação às exportações, a Swift fatura US$ 227 milhões com as vendas externas de suínos.

Fonte: Portal MNP

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