Manejo correto da pastagem: produção de carne o ano todo

As primeiras madrugadas frias do ano já chegaram trazendo aconchego para quem está em casa e preocupação para a maioria dos pecuaristas.

É nesta época que a produção de carne da maior parte das pastagens no Cerrado Brasileiro é reduzida devido à diminuição na oferta de forragem, ocasionada pelas baixas temperaturas e seca do período. Cada produtor lança mão de seu conjunto de ferramentas para atravessar o período de escassez sem que o gado padeça do famoso “efeito sanfona”.
Obviamente que ter pasto de qualidade ao longo do ano é uma construção, um conjunto de ações que devem ser tomadas ao longo do período, e não somente uma operação emergencial. Muitos podem ser os processos que garantem a produtividade, mas vale lembrar que não podemos optar pela “carne a qualquer custo”. No inverno também precisamos de números positivos da porteira para dentro.
Dentre os procedimentos que podem ser executados, o mais simples e de melhor custo/benefício é o correto manejo da pastagem, especialmente no que tange ao uso da área pelos animais. A Embrapa possui recomendações para os capins que são por ela lançados no mercado, trabalhando com o conceito de altura de entrada e saída dos animais. Este sistema é recente, aperfeiçoa e substitui o antigo manejo que se baseava em dias de isolamento pré-determinados.
Recentemente aquela instituição lançou uma régua de manejo (http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/folderusodaregua.pdf) onde as alturas de entrada e saída dos animais já estão pré-determinadas, facilitando o trabalho. Há recomendação tanto para sistemas com pastejo contínuo quanto rotacionado.
Seja qual for a metodologia de controle do uso da área pelos animais, os efeitos deste procedimento executado durante todo o ano, refletem-se no inverno por meio do aumento expressivo no acúmulo de forragem na área. Isto é ocasionado pelo favorecimento da rebrota das plantas, que por sua vez está relacionado à manutenção de uma grande quantidade de folhas do capim.
Além disso, há forrageiras, como os capins BRS Piatã e, especialmente, o recém lançado BRS Paiaguás, que apresentam melhor tolerância às condições de inverno, melhorando a produção de alimento para os animais nesta época. Outras técnicas podem ser aliadas ao controle da altura do capim, tais como a vedação de áreas e a suplementação.
Outras técnicas que utilizam a integração lavoura, pecuária e floresta vêm sendo utilizadas. Elas demandam planejamento mais detalhado e aporte inicial de recursos. No entanto, o resultado em um curto espaço de tempo é também mais expressivo.
O uso da agricultura para a reforma de pastagens já foi apresentado nesta coluna (http://ruralcentro.uol.com.br/analises/agricultura-na-reforma-de-pastagens-em-ms-4485). Resultados de áreas de solos arenosos (10 % – 15 % de argila) em regiões onde a agricultura não é tradicional mostram produtividade de 18 toneladas de silagem. O custo de toda a mecanização inicial da área, implantação do milho com capim e ensilagem não ultrapassou os R$ 4.000 por hectare, ou R$ 0,22 por kg de silagem de milho disponível na propriedade.
Há técnicas para todos os gostos e bolsos. O que não podemos é deixar que nosso sistema pecuário tenha seus índices de ganho de peso animal prejudicados no período. A manutenção da produção ao longo do ano refletirá em uma propriedade mais equilibrada financeiramente e com menor tempo de abate dos animais.

* Alex Melotto é biólogo (UCDB, 2006), especialista em gestão e manejo ambiental em sistemas florestais (UFLA, 2008), mestre em biologia vegetal (UFMS, 2010) e doutor em agronomia (UFGD). Pela Fundação MS, atua como pesquisador do setor Sistemas Integrados.

Fonte: Fundação MS / Rural Centro

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