MS Investe No Boi Orgânico
Pecuaristas de Mato Grosso do Sul começaram a investir, nos últimos anos, na criação do boi orgânico. O gado é tratado sem o uso de medicamento e seguindo as práticas de bem-estar animal. Segundo a veterinária Maria do Carmo Arenales, o boi orgânico deve ser criado em pasto sem agrotóxico e adubação química e tratado com medicamentos homeopáticos. A adubação a pasto é feita com esterco dos próprios animais. O uso de sal mineral e inseminação artificial são permitidos, mas os antibióticos, proibidos. A vacinação contra aftosa é obrigatória por lei. O resultado de todo esse processo é um preço melhor na hora de vender a carne.
É importante não confundir o boi orgânico com o chamado "boi verde". Apesar de também valer-se da criação a pasto, como nos sistemas agroecológicos, as semelhanças terminam aí. Na criação do "boi verde", o uso de adubos sintéticos solúveis, de antibióticos e medicamentos alopáticos é permitido e a suplementação alimentar feita no confinamento se vale de plantas e nunca de produtos de origem animal. Esta denominação surgiu com o aparecimento da doença da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina), que se transmite por meio da ingestão desses subprodutos como farinha de sangue e ossos.
O boi orgânico deve ser criado com o mínimo de estresse possível pois uma das suas características é o bem estar do animal. Todo gado é tratado com homeopatia e fitoterapia. Nas doenças mais graves entram os medicamentos tradicionais, mas nesses casos o animal sai do sistema. Dos oito mil animais criados em uma fazenda especializada no ano passado apenas 120 ficaram doentes. Esse é o resultado da lida diferenciada, a começar pela peonada experiente.
“A gente tem a segurança de que esse produto não tem nenhum resíduo de produto químico”, explicou Marcelo Barros, veterinário responsável pela propriedade. Com muita sombra e tranqüilidade cresce o boi orgânico na fazenda. As 2,7 mil cabeças são engordadas com o pasto a vontade e sem estresse. O preço no frigorífico também é um pouco mais alto. É sempre 10% maior em relação ao valor do boi gordo em vigência. Mas, segundo o proprietário da estância, o sabor da carne não é diferente. “A pastagem orgânica não é diferente de outra pastagem. Então, eu não acho correto dizer que nossa carne tem um gosto diferente. O que a gente proporciona, com certeza, é um alimento saudável”, disse o criador Leonardo Leite de Barros.
As nascentes e matas nativas são cercadas. Cada piquete tem uma grande quantidade de árvores. É o boi que faz a rotina. A estância também foi auditada por fiscais do Ministério da Agricultura para exportar para a União Européia.
Hoje em Mato Grosso do Sul existe uma associação de pecuaristas orgânicos. São 16 produtores, vinte e duas fazendas, por volta de 55 mil cabeças inseridas no sistema. O protocolo da associação criado em abril de 2009 prevê um sistema interno de auditoria para fiscalizar periodicamente as fazendas, além das visitas anuais que já são realizadas pela empresa certificadora. O documento também traz avanços no que se refere à lei ambiental como, por exemplo, a proibição de se desenvolver atividade de carvoaria em suas propriedades e o apoio à criação de um corredor ecológico das fazendas orgânicas por meio da conectividade de Reservas Legais e Áreas de Preservação Permante (APPs).
A carne é exportada para os países árabes. Aprovada a fazenda para exportação, o boi orgânico brasileiro será vendido para quatro países europeus.
O sistema orgânico é certificado e controlado pelo Instituto Biodinâmico de Botucatu, em São Paulo, que audita a situação do meio ambiente, a qualidade da água e o bem-estar dos animais.
Fonte: Globo Rural