Pecuarista tem o desafio de transformar preço da arroba em mais renda

Mas o pecuarista ainda tem o desafio de transformar o preço em renda para que seja possível investir na fazenda a ponto de estabilizar sua sustentabilidade financeira. Foi o que lembrou o superintendente da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, durante o lançamento da primeira etapa do Circuito Expocorte 2014, que ocorre na capital Cuiabá entre quarta (19) e quinta-feira (20).
Vacari lembra que, ainda que o preço seja o maior da história, o que importa é o resultado da operação. “Quando a gente analisa essa renda nos últimos dez anos, tivemos em 2011 um período com margem, ainda que bem pequena”, lembra. A ideia é que o pecuarista possa aproveitar o bom momento de preços para incrementar seu pacote tecnológico, investindo em reforma de pasto, melhoria de cercas, novas sementes de pastagens e até mesmo em troca de implementos para tecnificar a propriedade como um todo. “Acho que não vai adiantar se esse bom momento de preço não se transformar em bom momento de renda e houver incremento do uso de tecnologia, já que o grande desafio é aumentar os índices de produtividade”, reforçou Vacari.
Em 2008, quando passava por outra ótima fase de bons preços, antes da crise econômica mundial, a avaliação é que poucos pecuaristas souberam aproveitar. “Foi até pior, porque muito gente vendeu tudo e quando veio a crise quebrou todo mundo, mesmo com aquele boi de R$ 114 (pico da arroba do boi gordo em São Paulo)”, lamentou o superintendente da Acrimat.
Para Júlio Rocha, diretor da Acrimat, o preço acaba não ajudando integralmente porque é refletido em uma pequena parte do negócio do pecuarista. “Os animais que estão prontos para serem abatidos e os bezerros à venda para recria se valorizam, mas fica restrito a esses produtos disponíveis. Se os preços repercutissem também no total do patrimônio do produtor, aí o momento poderia ser mais interessante”, explica Rocha. Além disso, mesmo que haja sobra de caixa para investimento, o pecuarista deve lidar também com fatores limitantes, como falta de assistência técnica, dificuldade para difusão do conhecimento, aumento real de renda e déficit de políticas públicas, como as destinadas ao financiamento da atividade.
O recém-empossado presidente da Sociedade Rural Brasileira, Gustavo Junqueira, também esteve no lançamento do Circuito Expocorte 2014. Ele acrescentou que é necessário trabalhar com previsibilidade da cadeia, e não contar com um ano bom e outros dois abaixo da média. “Assim, a gente gera um ciclo virtuoso em que se investe na fazenda, no gado, em novas tecnologias e tipos de gestão”, recomendou Junqueira. Mas há um grande entrave que impede o setor de entrar neste ciclo. “Temos que parar de gastar dinheiro em coisas que não geram dinheiro, como a insegurança jurídica. Como pedir que alguém cuja propriedade pode estar indisponível da noite para o dia fazer investimento? Depois que tivermos uma base de segurança, pensamos em investir em tecnologias e, tão ou mais importante, no acesso a mercados consumidores”, projetou Junqueira.

Fonte: José Luiz Alves Neto / Rural Centro

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